Há mais de 212 mil crianças no país que são chefes de família. São crianças obrigadas a deixar a educação de lado, para sustentar os seus agregados.
Fernando Macuácua de 19 anos de idade é chefe de família desde os 14 anos, cuida dos seus irmão mais novos e da sua avó.
Vive na Cidade de Maputo, no bairro Hulene. Seus pais foram à África do Sul em 2014. Fernando ainda carrega na memória a tristeza de os ver partir. E hoje faz papel de irmão e pai para os seus mais novos.
“Quando eles partiram foi muito triste, eu não sabia por onde começar. Ma quando já estás a viver a realidade não tem como voltar atrás, quando amanhecia os meus irmão olhavam para mim e perguntavam o que vamos comer hoje”, lamentou Fernando dizendo que não sabia o que fazer.
Fernando abandonou a escola devido a limitações financeiras. Envolveu-se com álcool e até com outro tipo de drogas.
É caso para dizer que há crianças que vivem um cenário sombrio.
Igual ao pequeno Fernando, existem no país mais de 212 mil crianças. As idades variam de 12 a 19 anos.
E a maior parte destas crianças, pelo menos dos 12 aos 14 anos, é composta por meninas. São 5 372 raparigas e 4 783 rapazes.
Entretanto, há quem possa pensar que cenários assim acontecem só nas zonas rurais e que nas cidades é uma excepção. Mas não.
Repare que os dados do Censo da População recolhidos em 2017 mostram que nas zonas urbanas existem 46 mil crianças que são chefes de família. Enquanto nas zonas rurais o número ascende para mais de 165 mil crianças.
Fernando está integrado numa associação. Já concluiu a 10ª classe e hoje frequenta o ensino técnico profissional. É caso para dizer que os obstáculos fazem homens fortes, porque além de estudar, Nando trabalha e já conseguiu comprar um carro.