O líder espiritual da Comunhão Anglicana global e chefe da Igreja da Inglaterra, Justin Welby, renunciou, esta terça-feira, ao cargo. A renúncia deve-se ao facto do líder ter omitido abusos físicos, sexuais e espirituais, em série, cometidos por um líder voluntário, segundo revelou uma investigação.
A decisão foi tomada após mais de 3.600 pessoas assinarem uma petição electrónica, coordenada por membros da assembleia da comunhão maioritária no Reino Unido, pedindo a demissão imediata de Justin Welby, por alegada falta de accão, após descoberta de crimes cometidos ao longo de décadas pelo falecido advogado canadiano John Smyth.
“Acredito que me afastar é do melhor interesse da Igreja da Inglaterra, que eu amo profundamente e que tive a honra de servir”, disse o arcebispo de Canterbury em uma declaração nesta terça-feira.
O clamor mais forte veio das vítimas de John Smyth, um advogado famoso que usou uma bengala para espancar adolescentes e jovens em acampamentos de verão cristãos, na Grã-Bretanha, Zimbábue e África do Sul, ao longo de cinco décadas.
O relatório divulgado mostra que Smyth usou uma bengala para punir os campistas por pecados que incluíam orgulho, fazer comentários sexuais, masturbação ou, em um casos, olhar para uma menina por muito tempo.
As vítimas e Smyth estavam pelo menos parcialmente, se não completamente, nuas, durante as torturas.
As torturas consistiam em espancamentos de 100 pancadas por masturbação, 400 por orgulho e um de 800 pancadas por algum outro pecado não revelado, ilustra o relatório. O relatório de 251 páginas conclui que Welby não denunciou Smyth às autoridades, quando foi informado dos abusos, em Agosto de 2013, logo após ele se tornar arcebispo de Canterbury.
Refira-se que a Igreja Anglicana tem mais de 85 milhões de membros em 165 países.