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Licenciamento de clubes: entre a realidade e a ficção!

Há dias, a Secretaria do Estado do Desporto, Federação Moçambicana de Futebol, Liga Moçambicana de Futebol e os clubes que irão disputar o Moçambola renuniram-se e, desse encontro, saiu uma realidade assustadora: apenas três, dos 14 clubes que vão disputar o campeonato nacional é que estão licenciados.

Afinal, teria ou não começado o Moçambola 2020, se o Covid-19 não invadisse as nossas vidas? E se tivesse começado, conforme o programado e até com calendário, como ficaria a exigência rigorosa de todos os participantes estarem devidamente licenciados? Seria apenas jogado entre 3 clubes? É que a FMF garante que nenhum não licenciado poderá (ou poderia?) tomar parte na competição máxima.

Os clubes, através do seu porta-voz, Jeremias da Costa, dizem que a direcção máxima do nosso futebol tem a cabeça na realidade de outros países africanos.
A não ser – dizemos nós – que possa sair, em poucos dias, “um coelho da cartola” de tal sorte que os clubes, que se desdobram em busca de dinheiro para pagar salários, de repente passasem a poder responder à exigência da CAF…

UM ASSUNTO COM BARBAS

Uma das ilações que se pode e se deve retirar da pandemia é que teremos, todos, que cair na real. Tal como noutros sectores da sociedade, sem buscar culpados, nem pôr de parte que poderemos, eventualmente, ter que dar um passo atrás para depois, com vigor e certeza, dar dois em frente. Tal como muitos aconselham, nas áreas da Educação ou Turismo.

Nos clubes, a maioria dependentes de integrações e das sensibilidades dos respectivos gestores, sempre se foram acumulando saldos negativos, ao estilo… depois se verá. O mesmo se foi passando com a Liga, que chegou a necessitar da intervenção do Chefe de Estado para concluir um Moçambola.

E agora, com a pandemia, quantos passos atrás estão a acontecer na quase totalidade das empresas integradoras e na publicidade que ajudava a alavancar a prova?

Além disso, haverá que enfrentar novas implicações, face aos caríssimos testes e restrições, além dos jogos terem que ser realizados à porta fechada!

UM LADO OBSCURO?

Um lado que parece obscuro na situação, é que os eventuais recuos, ou não cumprimento nos licenciamentos, podem representar corte nos apoios financeiros internacionais.

Porém, analizada com os pés bem assentes no chão, a realidade mostra-nos que o segredo deverá estar no meio-termo e não no radicalismo. Se o figurino era já insustentável, e os balancetes fechavam sempre com “déficits” crescentes, agora já não parece possível continuar a piscar para a direita e virar para o lado contrário.

Salvo raras e honrosas excepções, as colectividades, cujo número não ultrapassa dos dedos de uma só mão, estão, “de tanga”.

Essa é a verdade. Pensar em obrigar o Matchedje de Mocuba, por exemplo, a criar, entre outras obrigaçõess, um gabinete de imprensa bem apetrechado para 20 jornalistas… se não é ficção, alguém terá a amabilidade de me dizer o que é?

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