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Lançamento do BRT: o renascer de um velho sonho…

Foto: O País

Foi lançado, hoje, em Maputo, o projecto BRT, orçado em 250 milhões de dólares disponibilizados pelo Banco Mundial. A fase inicial consiste na construção e reabilitação das estradas. Começa em Julho deste ano e vai até agosto de 2024. Os passageiros só vão começar a usufruir deste sistema de transporte a partir de meados de 2026.

Não foi uma nem duas vezes que ministros do Transportes e Comunicações e até presidentes do Município de Maputo tomaram o projecto Bus Rapid Transit ou, simplesmente, BRT, como sua bandeira de governação.

Só para se ter uma ideia, entre 2014 e 2016, foi o período em que a promessa de melhorar o transporte público na zona metropolitana do Grande Maputo, através um sistema que é implementado em mais de 300 cidades do mundo, ganhou mais força.

Ganhou força, mas nunca teve pernas para andar. Até houve alguns estudos, houve desenho das rotas e do número de passageiros que seriam transportados, mas tudo ficou no papel.

Sete anos depois, em 2023, o projecto BRT será, diga-se, ressuscitado. A cerimónia de “ressurreição” da iniciativa teve lugar em Maputo.

Diante de olhar atento de membros do Governo, dos municípios, dos distritos, da sociedade civil e do sector privado, o PCA da Agência Metropolitana de Transportes explicou, ao detalhe, o projecto que relança a esperança de melhorar a mobilidade urbana no Grande Maputo, nomeadamente cidades de Maputo e Matola, vilas de Boane e Marracuene.

“O projecto contém três componentes. Para as componentes um, dois e três, estão já alocados os valores. São 250 milhões de dólares, em que a componente um é para o fortalecimento institucional e regulatório do transporte público e urbano; a componente dois diz respeito à melhoria abrangente nos transportes públicos e a três tem a ver com o acesso seguro aos bairros. A componente quatro tem a ver com a gestão, monitoria e avaliação. Nós terminamos em 2027, mas tudo que temos tem que terminar até 2026”, detalhou António Matos, PCA da Agência Metropolitana de Transportes.

O responsável da instituição que lidera a implementação do projecto referiu que, das fases supracitadas, há uma que é mais crucial e imediata que é a melhoria das estradas, que deverá arrancar em Julho próximo.

“Desde a Avenida 24 de Julho entre a Praça 16 de Junho e a Avenida da Zâmbia, incluindo a Avenida da Tanzânia. Esta é a fase um e depois haverá a fase dois. Isto também está contemplado. São 3,2 quilómetros. Todas estas obras que estou a mencionar deverão terminar em Agosto de 2024. Já está tudo feito. Os cadernos, estudos de impacto ambiental… tudo já foi feito”, sublinhou António Matos.

Onde também poderá estar tudo feito até 2024, segundo o PCA da Agência, é a melhoria no Município da Matola que, das “grandes obras”, há uma vontade de “ligar o bairro de Intaka, a partir da primeira rotunda, à Estrada Circular e o bairro Boquisso, estabelecendo a ligação pela EN1. No segundo caso, o bairro de Matlemele, a partir da terceira rotunda e da estrada circular e o bairro Nwamatibjana e, finalmente, EN1 com Khongolote, estabelecemos a ligação com a primeira rotunda e a Estrada Circular”.

Concluídas as obras, cerca de três milhões de habitantes da zona metropolitana do Grande Maputo poderão usufruir de um sistema de transporte melhorado, a partir de 2026.

“Toda a gente fala do BRT, do Bus Rapid Transit, que são linhas dedicadas para o transporte de passageiros. É como se fosse um comboio. Só que ao invés de se mover em trilhos, move-se numa estrada. Ao invés de ser um comboio, e autocarro com pneus”, esclareceu o PCA da Agência Metropolitana de Transportes.

Para dissipar quaisquer dúvidas, António Matos revelou as rotas iniciais do projecto: “Este BRT irá congregar um troço de 22 quilómetros, que se estende desde a Baixa da Cidade até à Praça dos Combatentes, vai até à Missão Roque, Zimpeto e Matola Gare. Portanto, nós temos previstos 10 terminais, 124 mil passageiros por dia e, com esta operação, que não vai começar já, estamos a pensar nos termos de como é que vai ser operado e estruturado este primeiro corredor do BRT aqui, em Moçambique”.

Coube ao ministro dos Transportes e Comunicações lançar o projecto. Mateus Magala disse que as vias de acesso e o transporte de passageiros no Grande Maputo vão melhorar.

“Os bairros abrangidos passarão a ter estradas de acesso mais seguras e resilientes, incluindo iluminação e passeios renovados, percursos pedonais, ciclovias, vias asfaltadas e sistemas de drenagem de água”, revelou Mateus Magala, ministro dos Transportes e Comunicações.

E há mais: “Para além da componente de infra-estruturas, este projecto prevê a possibilidade de aquisição de 120 autocarros, que representam uma oferta de 124 mil passageiros por dia. O facto vai permitir uma oferta adicional de cerca de 40 milhões de pessoas por ano aos actuais 105 milhões de passageiros anuais, ou seja, a quota subirá para cerca de 150 milhões de passageiros, anualmente”.

Os municípios de Maputo e Matola consideram o BRT uma solução para o crónico problema de transportes, que há anos não só afecta as duas cidades, como também toda região do Grande Maputo.

“O projecto de mobilidade urbana para a área metropolitana de Maputo é, sem dúvida, uma resposta integrada e valiosa às preocupações e limitações que temos vindo a sentir, enquanto entidades responsáveis por assegurar uma rede viária e um sistema de transporte público urbano de passageiros eficiente e de qualidade”, elogiou Eneas Comiche, presidente do Município de Maputo.

E Calisto Cossa, presidente do Município da Matola, apoia totalmente o projecto. “Tudo faremos para que a implementação deste projecto não falhe e gostaria de apelar à nossa população, munícipes a nível da cidade da Matola, para uma maior colaboração porque não há dúvidas de que, no final, todos nós sairemos a ganhar”, comprometeu-se.

O projecto está orçado em 250 milhões de dólares norte-americanos, disponibilizados pelo Banco Mundial.

O sistema de gestão de frotas será digital, o que implica o uso de uma aplicação de controlo de horários, de meios circulantes, rotas e segurança.

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