O grupo Katchoro, que recentemente participou no Festival Teatral Yesu, no Brasil, está de volta à Pátria Amada. E, como se impõe, o encenador, Guilherme Roda, partilhou as experiências colhidas naquele país americano. Na percepção do artista, além de ter sido óptimo participar no festival, também foi agradável lá estar porque foram muito bem recebidos, quer pela organização quer pelo público. A recepção foi tão calorosa que os actores moçambicanos sentiram-se em casa. Para o efeito, contou muito a performance no palco o facto de os brasileiros terem-se identificado com a temática da peça “Qual é a sentença: a mulher que matou a diferença”.
No Yesu Luso, Katchoro teve duas actuações, ambas com a mesma peça, uma no dia 2 e outra no dia 4 deste mês. Nas duas circunstâncias, mesmo devido à natureza do espectáculo intimista que o grupo levou ao Festival, a apresentação aconteceu num auditório com capacidade para 30 lugares. No entanto, por causa da adesão do público a sala recebeu mais 20 pessoas. Ainda assim, nem todos puderam ver “Qual é a sentença: a mulher que matou a diferença”. Alguns espectadores ficaram de fora, porque os bilhetes esgotaram.
Nos dois dias de exibição que Katchoro contou com uma audiência de 100 pessoas teve que adaptar o espectáculo devido ao espaço da actuação. Nada de inquietante, afinal, em nada interferiu o essencial. E quanto à aprendizagem? “Houve muita, tanto do ponto de vista de organização do festival, tanto do ponto de vista do aprimoramento da qualidade”, garantiu Roda, salientando: “gostamos ainda de lá estar porque percebemos que há uma tendência de se reivindicar um teatro ‘puro’, livre da subordinação à televisão. Porque, infelizmente, os brasileiros reportam que há muitos grupos que usam o teatro como forma de chegar às câmaras, o que põe em causa a qualidade da arte”.
Ao mesmo tempo que Katchoro actuava no Yesu Luso, no Brasil, participa também num outro festival, FITI, ainda a decorrer em Maputo, o que Guilherme Roda considera uma prova de muito trabalho de ascensão no panorama do teatro nacional.
“Qual é a sentença: a mulher que matou a diferença” é uma obra com 50 minutos e narra a estória de uma personagem julgada no tribunal como se fosse culpada pelo surgimento da luta pela emancipação das mulheres em vários cantos do mundo, a qual desencadeou outros combates, contra a violência doméstica e sexual. Dois actores fazem parte da peça: Assucena Daniel e Castigo dos Santos.