Gregório Leão continua a ser ouvido, esta sexta-feira, pelo quarto dia consecutivo. Hoje, o réu responde às perguntas dos advogados de defesa.
Ao início da sessão, Damião Cumbana, advogado de defesa da co-ré Ângela Leão, usou da palavra e perguntou se, para além dos colegas do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), o réu conhecia os outros co-réus envolvidos no processo.
O antigo director-geral do SISE respondeu dizendo que, no âmbito deste processo, “a única pessoa que esteve comigo a trabalhar é António Carlos do Rosário, antigo director de Inteligência Económica no SISE. A maioria dos co-réus conheci na cadeia”.
No decurso do interrogatório, o Juiz interrompeu a defesa, alegando que as perguntas colocadas ao réu não eram claras e objectivas.
E mais, apelou à defesa para que tomasse em consideração o objecto do processo. “Vamos discutir o objecto do processo”, exortou o Juiz.
Na sequência das perguntas, o réu Gregório Leão nega ter-se juntado aos outros co-réus para praticar crimes. O réu reiterou que nunca conversou com a sua esposa, a co-ré Ângela Leão, sobre o projecto de protecção da Zona Económica Exclusiva.
“Como já disse, em casa, tínhamos um entendimento. Eu não devia interferir nos assuntos do trabalho dela e ela nos meus assuntos. Nunca lhe falei desse projecto”, disse o réu.
Sobre a aplicação do dinheiro emprestado para proteger a costa, Gregório Leão disse que foi usado para o propósito para o qual foi solicitado. “Havia um projecto e nas várias fases da execução do mesmo, o dinheiro foi utilizado para esse projecto”, afirmou Gregório Leão.
Mas, a resposta do réu não foi satisfatória para a defesa. “Se o dinheiro tivesse sido usado para este propósito, não estaria aqui”, concluiu Damião Cumbana.
Novamente, Efigénio Baptista interrompeu o advogado, dizendo que está a tirar as suas próprias conclusões.
“A defesa não deve tirar conclusões. Seja objectivo nas perguntas”, ordenou o Juiz.
Perguntado sobre o que teria falhado no projecto, o réu afirmou que nada falhou e não sabe por que está preso. Segundo Gregório Leão, todos os equipamentos deste projecto foram entregues a quem devia usar. Para mais detalhes sobre este assunto, o réu remeteu a questão ao PCA.
Sobre o Sistema Integrado de Monitoria e Protecção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique no Oceano Índico (SIMPZEEMOI), o réu nega ter aprovado o projecto a pedido da co-ré Maria Inês Moiane, ex-secretária de Armando Guebuza, então Presidente da República.
Porque algumas perguntas eram mesmo de insistência e repetidas, o Juiz deu, mais uma vez, um ponto de ordem para exigir objectividade na colocação das questões. “Há perguntas que já foram respondidas. O Tribunal pede sempre questões que têm a ver com o processo. Aqui, por favor, vamos ao objecto do processo”.