O País – A verdade como notícia

Jornalistas queixam-se de más condições de trabalho no país

Entre as reclamações estão a falta de contratos de trabalho, o pagamento de salários abaixo do mínimo exigido por lei, as demissões arbitrárias, entre outras. Os profissionais falavam por ocasião do Dia do Jornalista Moçambicano, que se assinala a 11 de Abril.

Passam-se, esta terça-feira, 45 anos desde que foi criado o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), passando a data a ser reservada para celebrar o jornalista moçambicano. Apesar do tempo, o sindicato diz que alguns problemas que a classe enfrenta persistem.

“A falta de contratos de trabalho, o pagamento de salários abaixo do estipulado pelo Governo, que é o salário mínimo nacional do sector 7, em que nós estamos inseridos, entre outras questões que têm a ver com despedimento, uma vez que não têm contrato de trabalho e, por isso, são facilmente despedidos”, disse o secretário-geral do SNJ, Eduardo Constantino.

Para o jornalista Tomás Vieira Mário, algumas leis também têm sido uma barreira para a profissão, como é o caso da Lei da Radiodifusão em discussão na Assembleia da República.

“A Lei da Radiodifusão tem um problema sério, um problema técnico. Ela baseia-se no contexto analógico e nós estamos na era digital. Será inútil se não for mudada”, defendeu Tomás Vieira Mário.

Em Manica, os jornalistas depositaram uma coroa de flores na Praça dos Heróis e inauguraram um edifício do SNJ. Na ocasião, o secretário provincial prometeu melhorias das condições dos jornalistas na província.

“Estamos a fazer um trabalho para garantir que todas as fontes se abram para todos os jornalistas, que tenham melhores condições de trabalho e melhores salários”, disse o secretário provincial do SNJ em Manica, Víctor Machirica.

A data serviu, igualmente, para reflectir sobre o papel do Sindicato Nacional de Jornalistas, que vem sendo criticado há anos por, supostamente, estar a fazer pouco para a melhoria das condições de trabalho dos profissionais da classe.

Tomás Vieira Mário diz que “Ele (o SNJ) está parado há 20 anos e, portanto, não está à altura de discutir a questão da classe, acolher os seus anseios e negociar, com qualidade, com os empregadores”.

Já para o jornalista Fernando Lima, “os desafios do SNJ deviam ser os desafios dos jornalistas e parece que os jornalistas é que têm que carregar a mochila nas costas, porque temos um sindicato que se esqueceu da sua missão e não devia tê-lo feito”.

Sobre a discussão, o Presidente do Conselho de Comunicação Social, Rogério Sitoe, defendeu mais união entre os jornalistas e maior proactividade para a resolução de seus problemas. “Eles sentem-se abandonados e quem vai tirá-los dessa situação? São eles próprios porque não tomam uma atitude nem agem.­”

O Dia do Jornalista Moçambicano é celebrado ainda num contexto em que o secretário-geral do SNJ é criticado por estar a exercer a profissão fora do seu mandato.

Eduardo Constantino reagiu ao assunto, tendo prometido deixar o cargo até ao fim deste ano: “Já estamos a concluir as conferências distritais, onde são eleitos os delegados a nível provincial. Faltam apenas três províncias e podem ter a certeza absoluta de que, dentro deste ano, vamos ter a conferência nacional que vai eleger os novos órgãos directivos do SNJ. Ainda não há datas nem fundos. O que estamos a fazer é reduzir o número de delegados que vão participar da conferência. Estamos a juntar dinheiro e não vai chegar Novembro sem que tenhamos realizado o evento”, explicou Eduardo Constantino.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos