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Itália mobiliza fundos da União Europeia para travar terrorismo em Cabo Delgado

Foto: Presidência da República

No âmbito da visita de três dias que efectua a Moçambique, o Chefe do Estado da Itália foi recebido, ontem, na Presidência da República. Foi após o “frente-a-frente” com Filipe Nyusi que Sérgio Mattarella anunciou que a União Europeia está a estudar um pacote financeiro para combater o terrorismo em Cabo Delgado.

À sua chegada à Presidência da República moçambicana, o estadista italiano foi recebido com uma marcha da guarda de honra, fez, também, a marcha acompanhado pelo Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e, à porta-fechada, os dois Estadistas mantiveram conversações.

Houve também diálogo envolvendo as delegações dos dois países, que incluíram ministros. No fim, veio o resultado: foi assinada uma declaração pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, e pela vice-ministra da Cooperação da Itália, Mariana Serena, que visa aprofundar a cooperação.

“É um acordo que não se pode dizer que é para uma certa zona. É para o desenvolvimento de Moçambique. Portanto, não podemos amarrar-nos, por exemplo, só para a área de hidrocarbonetos. Costumo dizer que o povo não fuma, não come gás”, diz Filipe Nyusi, para depois justificar que “por isso é que falamos da agricultura, pode-se falar, por exemplo, da pesca, falamos de energia e outras áreas”. Filipe Nyusi diz que se trata de um acordo “muito aberto. É um instrumento de trabalho que vai permitir que nós possamos cooperar entre os dois países”.

E porque a Itália sempre apoiou os esforços para a paz em Moçambique, o Estadista italiano foi questionado pela imprensa qual é a ajuda daquele país europeu no combate ao terrorismo, ao que explica: “Neste momento, são duas directrizes de acções concretas: a primeira, a Itália participa no treinamento das forças moçambicanas por via da União Europeia. O segundo aspecto importante é que há um apoio financeiro às forças multinacionais, sendo esta uma das exigências de Moçambique para combater o terrorismo”, explica Sergio Mattarella, para de seguida vincar que “há um apoio financeiro que a União Europeia está a analisar e a Itália apoia e incentiva para que a União Europeia dê uma resposta positiva em breve. São dois compromissos, de acordo com os pedidos de Moçambique, que são o apoio financeiro e o treinamento”.

Nas conversações à porta-fechada, os dois Chefes de Estado falaram do impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia que se estendeu para uma greve de transportadores de passageiros em Moçambique, devido ao custo dos combustíveis.

“Este diálogo tem que ser estabelecido, porque o impacto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia está a ser visível para nós todos. Primeiro, mortes, o que não deve acontecer e ninguém deve admitir. Está a criar fome no mundo, não só, mesmo a nível das mudanças climáticas, porque as armas que usam terão impacto a qualquer momento.”

Nyusi diz mais, que a guerra está a provocar crises nos nossos países. “O assunto do dia: ainda ontem (a referir-se à segunda-feira) tínhamos problemas de circulação de autocarros aqui, na Cidade de Maputo, e não só. O custo dos combustíveis eleva-se e isso está a trazer consequências para inocentes.”

Filipe Nyusi diz, também, que, durante a conversa com Sergio Mattarella, assumiu que o Governo vai continuar a gerir o apoio de parceiros com transparência.

A Itália faz parte dos parceiros de Moçambique que tradicionalmente apoiam o Orçamento do Estado. Teve também papel de destaque na pacificação do país na sequência da Guerra Civil, que terminou em 1992, com o acordo geral de paz, assinado em Roma, capital italiana.

A visita de Sergio Mattarella a Moçambique termina esta quarta-feira.

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