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Isaura Nyusi diz que urge o melhoramento do apoio à amamentação

A Primeira-dama, Isaura Nyusi, procedeu, ontem, em Inhambane, ao lançamento da Semana do Aleitamento Materno.  Na ocasião, Isaura Nyusi ofereceu um enxoval a um bebé nascido no Centro de Saúde de Muelé, na Cidade de Inhambane.

Vânia Fernando é uma jovem de 32 anos de idade, que deu à luz ao seu segundo filho no Centro de Saúde de Muelé, província de Inhambane. Com a experiência do primeiro filho, Vânia Fernando diz conhecer as vantagens do aleitamento materno para o bebé, uma vez que foi graças a isso que o seu filho mais velho cresceu saudável.

Mãe de primeira viagem, a jovem Hortência diz que não sai por nenhum instante de perto da sua filha. Aliás, é com esse ar proteccionista que ela defende o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses.

Mais, Hortência diz que, durante esse período, não se pode misturar o leite do peito com nenhum outro alimento.

Quem não teve a mesma sorte foi Gertrudes, menina de 5 meses de vida que o “O País” encontrou no Bairro Muelé 1, que recebe da avó leite artificial, uma vez que a mãe tem de trabalhar.

Segundo Lúcia Muthisse, avó de Gertrudes, depois do parto, a mãe ficou três meses em licença de parto, mas quando voltou ao trabalho, a única saída que viu foi introduzir o leite artificial na dieta alimentar da criança.

A bebé toma leite artificial enquanto a mãe está no trabalho e, depois das 15h00, quando a progenitora volta do trabalho, é que a bebé toma leite do peito. Lúcia Muthisse diz que, mesmo com a introdução do leite artificial, a criança não deixou de tomar o leite materno.

A UNICEF defende um tempo de 18 semanas de licença remunerada para que as mulheres possam amamentar os seus filhos, mas o quadro jurídico moçambicano não vai além das 12 semanas.

Segundo o Ministro da Saúde, Armindo Tiago, o país já registou avanços nesse sentido, uma vez que antes o período de licença pós-parto era de apenas quatro semanas e agora é de doze.

Isaura Nyusi diz que ainda há, no país, muitas crianças recém-nascidas que não têm o aleitamento materno exclusivo e refere que Moçambique apresenta uma situação de alimentação infantil delicada, onde cerca de metade das crianças são amamentadas exclusivamente com o leite do peito e apenas 35% das crianças de 9 a 11 meses têm uma frequência alimentar mínima.

A Primeira-dama defende, por isso, que urge o melhoramento do apoio à amamentação e à comunicação para a mudança de alguns hábitos que impedem o crescimento adequado das crianças, por um país livre da desnutrição crónica – que, apesar de ter registado um ligeiro decréscimo nos últimos anos, de 43% para os actuais 38%, continua muito alta.

O conflito em Cabo Delgado, que está a fazer muitos deslocados internos, cuja maioria são mulheres e crianças, aumenta a insegurança alimentar e limita a capacidade dos profissionais de saúde no apoio à amamentação.

Como solução, Isaura Nyusi propõe um subsistema de saúde comunitário fortalecido com diversos actores informados sobre os benefícios e as recomendações emanadas pelo Ministério da Saúde.

Isaura Nyusi fala, ainda, de um apoio combinado à mulher para o bem da saúde das crianças. “O apoio à amamentação envolve muitos protagonistas a diversos níveis, pois as mulheres precisam do apoio nas unidades sanitárias, nos seus locais de trabalho, nas suas comunidades, assim como no seio familiar”.

Para que esta cadeia seja eficaz, é necessário melhorar a educação e aumentar a capacidade de todos os protagonistas que, directa ou indirectamente, contribuem ao longo da mesma, que em último recurso vão garantir o aumento das taxas de amamentação, nutrição e saúde a curto e a longo prazo.

“Mesmo em tempo de emergência e conflito armado, devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir o bem-estar das crianças”, finalizou Isaura Nyusi.

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