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A polícia tanzaniana impôs, ontem, recolher obrigatório após protestos eleitorais em Dar es Salaam. A população, que contesta a realização de eleições sem os principais candidatos da oposição, saiu à rua e destruiu cartazes da Presidente Samia Suluhu Hassan.

As assembleias de voto na Tanzania abriram na hora prevista e a votação começou calmo. Entretanto, ao contrário das eleições anteriores, o processo gerou uma contestação sem precedentes

Centenas de pessoas fizeram-se às ruas da maior cidade do país, em protesto, e deitaram abaixo tudo o que encontraram pela frente, incluindo cartazes da Presidente Samia Suluhu Hassan. Incendiaram esquadra e autocarro, numa clara contestação pela ausência dos principais candidatos a oposição, presos ou impedidos de concorrer.

A forte presença militar em Dar es Salaam, com tanques posicionados em pontos estratégicos, não foi suficiente para demover centenas de jovens que saíram às ruas a cantar “queremos o nosso país de volta”, segundo a imprensa internacional.

A polícia lançou gás lacrimogéneo, mas acabou por recuar perante os manifestantes que atiravam pedras. 

Samia Suluhu, de 65 anos de idade, é acusada de procurar consolidar o poder com uma vitória esmagadora, uma vez que as autoridades eleitorais tanzanianas impediram o principal adversário, Tundu Lissu, do partido Chadema, de concorrer.

Tundu Lissu, cuja formação política exige reformas eleitorais, está a ser julgado por traição e pode enfrentar pena de morte. Outro candidato relevante, Luhaga Mpina, do ACT-Wazalendo, foi desqualificado por questões técnicas, escreve a imprensa internacional, citando analistas.

É a primeira vez, desde que a democracia multipartidária instituída em 1992, que uma corrida presidencial na Tanzânia decorre sem os principais partidos da oposição.

O presidente basileiro, Lula da Silva, disse nesta quarta-feira, que não se pode aceitar que crime organizado domine e destrua famílias, no Brasil, após uma  megaoperação policial que provocou mais de 130 mortes. A ONU quer investigação sobre acção da polícia. 

A megaoperação que envolveu  2.500 agentes das polícias civil e militar, nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, na última terça-feira, é considerada a mais letal da história, com mais de 130 mortes e 81 detidos. 

Em reacção ao sucedido, na rede social X, o presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou que não pode aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores, espalhando drogas e violência pelas cidades. 

Segundo Lula, o país precisa de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar inocentes em risco.  O governo estadual defendeu a acção, fez um balanço positivo da megaoperação e lamentou a morte de 4 polícias.

As organizações de direitos humanos e a ONU expressaram preocupação com o número de vítimas e pediram investigação imediata sobre o uso da força policial.

A contagem dos votos nas eleições gerais da Tanzânia começou na quarta-feira, após um dia tenso marcado por protestos violentos. Na sequência das manifestações, a polícia decretou toque de recolher na capital comercial, Dar es Salaam.

Os serviços de internet foram interrompidos em todo o país devido à circulação nas redes sociais de vídeos de jovens manifestantes atirando pedras contra as forças de segurança e de um posto de gasolina em chamas.

A expectativa geral é de que a actual presidente, Samia Suluhu Hassan, fortaleça seu poder nas eleições. Ela assumiu o cargo após a morte de seu antecessor, John Magufuli, em 2021, e não deixou nada ao acaso em seu primeiro teste presidencial.

Sua administração foi acusada de reprimir a dissidência antes da votação, enquanto candidatos dos dois principais partidos de oposição foram impedidos de concorrer. O partido no poder Chama Cha Mapinduzi, de Hassan, governa o país desde que este conquistou a independência em 1961.

Os manifestantes estão revoltados com a exclusão dos candidatos do CHADEMA e do ACT-Wazalendo e com uma onda de supostos sequestros de críticos do governo. Uma verificação aleatória em dezenas de secções eleitorais revelou uma baixa participação, especialmente entre os eleitores mais jovens.

O governo afirmou que a eleição foi conduzida de forma justa e negou as alegações de violações generalizadas dos direitos humanos durante o período que a antecedeu.

Além de escolher um presidente, os eleitores também elegem os membros do parlamento de 400 assentos, bem como um presidente e políticos para o arquipélago semiautónomo de Zanzibar.

Os resultados preliminares são esperados dentro de 24 horas, mas a comissão eleitoral tem até sete dias para anunciar o resultado final.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou, nesta quarta-feira, ter recebido uma ordem da Líbia para abandonar o país até 09 de Novembro, afirmando que as autoridades não apresentaram qualquer justificação.

A organização já tinha visto as suas operações suspensas na Líbia em Março passado, quando a Agência de Segurança Interna (ISA) do país encerrou as suas instalações.

Na altura, vários funcionários da MSF foram interrogados e a organização foi obrigada a retirar os seus funcionários internacionais da Líbia e a rescindir os contratos da sua equipa local.

Desta vez, a decisão foi tomada e é irreversível.

“Lamentamos profundamente a decisão que nos foi comunicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e estamos preocupados com as consequências para a saúde das pessoas que ajudamos”, disse o responsável do programa da MSF na Líbia, Steve Purbrick, em comunicado divulgado esta quarta-feira.

A “onda de repressão”, como classificou a MSF num comunicado publicado em Março, quando viu as suas actividades comprometidas, afectou outras nove organizações não-governamentais de ajuda a migrantes e refugiados na Líbia.

“Num contexto de crescente obstrução das operações das ONG na Líbia, de uma diminuição drástica do financiamento da ajuda internacional e do reforço das políticas europeias de gestão de fronteiras em colaboração com as autoridades líbias, não existem actualmente ONG internacionais a prestar assistência médica a refugiados e migrantes no oeste da Líbia”, alertou.

Antes da suspensão das actividades, a MSF estava a tratar um grupo de mais de 300 doentes líbios, migrantes e refugiados, que necessitavam sobretudo de tratamento para a tuberculose, cuidados pré-natais e apoio psicológico, especialmente para sobreviventes de violência, sendo que alguns doentes morreram por ficarem sem ajuda.

Desde então, a MSF tem tentado chegar a um acordo com as autoridades para poder retomar a prestação de cuidados médicos na Líbia.

No entanto, a ONG explicou que recebeu recentemente uma carta do Ministério dos Negócios Estrangeiros líbio a ordenar a sua saída do país até 09 de Novembro.

“Não foi apresentada qualquer razão para justificar a nossa expulsão, e o procedimento geral permanece muito obscuro. O registo da MSF junto das autoridades competentes do país continua válido e, por isso, esperamos encontrar uma solução positiva para esta situação”, adiantou Steve Purbrick.

A MSF refere que, em 2024, em colaboração com as autoridades de saúde líbias, realizou milhares de consultas médicas no país e que, em 2023, também prestou assistência médica de emergência após as inundações em Derna.

A organização esteve também envolvida na identificação e ajuda a refugiados e migrantes particularmente vulneráveis durante a sua retirada da Líbia.

 

O ex-Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, perdeu a sua nacionalidade depois de ter fugido do país no início deste mês, no meio de protestos generalizados liderados por jovens.

A notícia foi divulgada após a detenção do seu ex-assessor, o empresário Maminiaina Ravatomanga, nas Maurícias, por suspeita de branqueamento de mais de 160 milhões de dólares com activos no país.

Ravatomanga, que fugiu para as Maurícias depois de Rajoelina ter deixado Madagáscar, estava sob custódia da polícia e de funcionários da Comissão de Crimes Financeiros (FCC) numa clínica privada onde se tinha dirigido para procurar tratamento em Port Louis, disse um porta-voz da comissão. O porta-voz, que não quis ser identificado, afirmou que a detenção de Ravatomanga estava relacionada com a lavagem de 163 milhões de dólares com bens nas Maurícias.

A cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) arranca nesta semana na Coreia do Sul, com as atenções focadas no encontro entre Donald Trump e Xi Jinping e nos esforços para travar uma nova escalada comercial entre Washington e Pequim. O encontro entre os Presidentes dos Estados Unidos e da China está previsto para quinta-feira, à margem da cimeira que vai decorrer em Gyeongju, Coreia do Sul.

Donald Trump chegou a deixar em dúvida a realização deste encontro, num contexto de tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, mas afinal irá acontecer, e será o primeiro a nível bilateral desde 2019.

Washington e Pequim voltaram a trocar tarifas punitivas e medidas de controlo às exportações nos últimos meses, alimentando receios de uma nova vaga de tensão entre as duas maiores economias do mundo.

A Casa Branca (presidência norte-americana) impôs taxas sobre bens chineses e limitou as exportações de semicondutores, enquanto Pequim retaliou com taxas e anunciou amplas restrições à exportação de metais raros.

Nas vésperas do encontro, os dois países chegaram a um entendimento preliminar em áreas como comércio agrícola, terras raras, fentanil, a aplicação de tarifas e o futuro da aplicação TikTok, de origem chinesa.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, descreveu as conversações como “construtivas, profundas e com alcance alargado”.

Disse também que os dois lados estabeleceram uma “base muito positiva” para o encontro entre os chefes de Estado.

A delegação chinesa, liderada pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng e pelo negociador comercial Li Chenggang, descreveu o diálogo com Bessent e o representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, como “franco, profundo e construtivo”, segundo um comunicado do Ministério do Comércio da China.

A guerra comercial entre China e Estados Unidos remonta a Janeiro de 2018, quando durante o seu primeiro mandato presidencial, Donald Trump começou a impor tarifas e outras barreiras comerciais à China com o objectivo de forçar Pequim a alterar práticas comerciais consideradas desleais por Washington e reequilibrar a balança comercial.

O regresso de Trump à Casa Branca no início deste ano resultou numa rápida escalada das disputas, com a imposição de tarifas significativas por ambas as partes.

Em Março passado, os Estados Unidos estabeleceram uma tarifa de 145% sobre produtos chineses, enquanto a China respondeu com uma tarifa de 125% sobre produtos norte-americanos.

Os dois países adoptaram então uma trégua e reduziram parcialmente as taxas, visando encetar negociações que duram há meses.

Durante as últimas negociações, a China terá concordado em adiar por um ano a entrada em vigor de algumas das suas novas licenças de exportação de terras raras e em reavaliar o regime.

A administração Trump, por sua vez, sinalizou o prolongamento da actual trégua tarifária, que expira a 10 de Novembro.

Os Estados Unidos indicaram que nas negociações que antecederam o encontro entre Trump e Xi a China concordou em retomar compras “substanciais” de soja norte-americana, após ter praticamente suspendido as importações este ano.

O sector agrícola, especialmente os produtores de soja, representa uma das bases eleitorais de Trump.

Em paralelo, Washington e Pequim anunciaram que chegaram a um acordo final sobre a estrutura accionista do TikTok. Trata-se do único resultado concreto das negociações realizadas no mês passado, em Madrid.

Entretanto, Trump tem aproveitado a sua primeira visita à Ásia desde o regresso à Casa Branca para reforçar alianças e lançar novas parcerias comerciais.

Na Malásia, presidiu à assinatura de acordos com Phnom Penh e Banguecoque e reivindicou ter intermediado um cessar-fogo entre Camboja e Tailândia, após confrontos fronteiriços ocorridos no verão.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, afirmou hoje que o mundo está a caminhar para uma “ordem multipolar” e apelou ao fim das guerras comerciais, dias antes do encontro entre Xi Jinping e Donald Trump.

Durante um fórum realizado em Pequim, Wang criticou “a politização das questões económicas e comerciais, a fragmentação artificial dos mercados globais e o recurso a guerras comerciais e batalhas tarifárias”, numa referência velada ao protecionismo dos Estados Unidos.

“O sentido da História não pode ser revertido e um mundo multipolar está a emergir”, afirmou o diplomata, que alertou ainda contra a “retirada frequente de acordos, a inversão de compromissos e a formação entusiástica de blocos e alianças”, ações que, segundo disse, colocam o multilateralismo sob “desafios sem precedentes”.

As declarações surgem na véspera da chegada do líder norte-americano, Donald Trump, à Coreia do Sul, onde está agendada para quinta-feira uma reunião com o homólogo chinês, Xi Jinping, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na cidade de Gyeongju.

O antigo Presidente dos EUA, que regressou ao poder em Janeiro de 2024, manifestou optimismo quanto à possibilidade de alcançar um “bom acordo” com a China, após meses de tensão comercial renovada entre as duas maiores economias do mundo.

No domingo, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que os dois líderes deverão validar um compromisso em torno das exportações chinesas de terras raras e da compra de soja norte-americana por Pequim.

O representante chinês para o Comércio Internacional, Li Chenggang, garantiu que os dois países alcançaram um “consenso preliminar”. Está actualmente em vigor uma trégua tarifária entre os dois lados, que expira a 10 de Novembro.

Pelo menos 14 pessoas morreram na sequência de um naufrágio ao largo da Turquia, quando tentavam atravessar o mar Egeu, a bordo de um barco. Segundo a imprensa turca, duas pessoas sobreviveram. 

O naufrágio ocorreu esta sexta-feira perto de Bodrum, no sudoeste da Turquia, causando a morte de 14 pessoas. 

Inicialmente, foram anunciadas sete mortes, mas nas últimas horas o número duplicou. Segundo a imprensa turca, estão em curso operações de busca e resgate dos corpos, e há registo de dois sobreviventes. 

A popular estância balnear de Bodrum está localizada a menos de cinco quilómetros de várias ilhas gregas, incluindo um dos pontos de entrada da União Europeia através do mar Egeu, que faz parte do mar Mediterrâneo, situado entre a Grécia e a Turquia.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1 400 migrantes desapareceram ou morreram no Mediterrâneo em 2025 corrente.

A Grécia é uma das principais portas de entrada para a União Europeia, especialmente para migrantes e refugiados que chegam por mar.

O Tribunal Superior de Gauteng emitiu uma ordem ao ex-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, para que devolva aproximadamente 29 milhões de rands que foram pagos pelo Estado ao longo dos anos em processos judiciais privados.

O antigo presidente sul-africano tem um prazo de sessenta dias para realizar a devolução do montante estipulado. Caso não cumpra com a determinação do Tribunal, este emitirá um mandado de execução que permitirá o arresto e a venda dos bens móveis e imóveis do ex-presidente, como forma de saldar a dívida judicial.

Além disso, o Tribunal esclareceu que, se necessário, a execução poderá abranger parte ou a totalidade da pensão presidencial que Jacob Zuma actualmente recebe. 

O Tribunal Superior de Gauteng decidiu também que o Ministério Público sul-africano deverá apresentar trimestralmente um relatório sobre os esforços envidados para a recuperação dos 29 milhões de rands, garantindo assim a transparência e o acompanhamento da situação.

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