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Informe anual do PR: Deputados com as mesmas dúvidas de 2020

Os problemas de 2020 não mudaram, em 2021. Por isso, os deputados mantêm as dúvidas que apresentaram no ano passado, relativas ao terrorismo em Cabo Delgado, raptos e criminalidade, gestão da COVID-19 e crise financeira.

O Presidente da República vai, hoje, ao Parlamento prestar o Informe sobre o Estado Geral da Nação. Em 2020, Filipe Nyusi disse que o Estado Geral da Nação era de “resposta inovadora e de renovada esperança”.

Ainda no ano passado, o Chefe de Estado disse que o balanço poderia ter sido melhor, não fosse o terrorismo em Cabo Delgado e a pandemia da COVID-19 que deixou o mundo de joelhos.

Se o ano foi melhor, ainda não sabemos! A certeza que há é que, este ano, os problemas se mantiveram no país. Aliás, a situação do novo Coronavírus piorou, com os números a atingirem o tecto, e o terrorismo mostra sinais de alastramento para a província de Niassa.

A continuidade dos problemas teve como consequência a manutenção das dúvidas dos deputados que, de resto, querem saber das mesmas coisas que exigiram no ano passado.

“Queremos saber da gestão da pandemia da COVID-19. Sabemos que este ano o país fez uma melhor gestão, mas estamos a assistir a indícios de uma quarta vaga. Também quereremos saber dos avanços no combate ao terrorismo. Recuperamos algumas zonas, mas sabemos que esses sabotadores andam a fazer ataques em Niassa para distrair as Forças de Defesa e Segurança”, declarou Feliz Sílvia, porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, na Assembleia da República.

A Renamo também quer informações acerca do terrorismo, sobretudo no tocante à entrada de tropas estrangeiras. “É preciso que o Governo explique por que não envolveu o Parlamento e fale da contratação de mercenários”, disse o relator da bancada da Renamo, segundo maior partido do país.

Para além disso, Venâncio Mondlane espera ouvir uma estratégia clara para tirar a economia nacional do vermelho.

“Queremos uma abordagem sobre as perspectivas para a recuperação económica do país, sobretudo numa época em que viemos com a economia já em recessão; muito antes da COVID-19 já estávamos em recessão e agora a situação agravou-se. Então, importa saber da perspectiva para a recuperação da economia, sobretudo nas Pequenas e Médias Empresas”, acrescentou o deputado.

Por sua vez, o Movimento Democrático de Moçambique anseia a apresentação de um espelho real do país e soluções para os problemas da democracia.

“A nossa democracia é comparada a da Guiné-Bissau e da Guiné Equatorial, o que é extremamente gritante. Mas, isso acontece por causa do Governo que não permite o exercício das liberdades. Vimos recentemente 17 mulheres que protestavam contra a violência a serem violentadas pela Polícia. Isso é gravíssimo e deve merecer a atenção do Presidente da República, assim como o assunto dos raptos e criminalidade no geral”, diz Fernando Bismarque, porta-voz do MDM.

As questões foram apresentadas e o Presidente conhece. Resta saber as respostas e a frase que Filipe Nyusi escolheu para caracterizar o ano.

O facto é que, de acordo com as informações apresentadas pelo Governo no âmbito do debate sobre o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE), este ano a economia cresceu no vermelho (-1,3%), o sector empresarial continuou com as actividades condicionadas, para além de os empregos terem continuado instáveis. A corrupção continuou a corroer o país e muitos sectores tiveram dificuldades para atingir as metas, à excepção da agricultura, cujo titular garantiu que a produção aumentou e a fome reduziu.

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