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Informais no Zimpeto vendem até 22h e apontam fome como causa

O país está em Estado de Emergência. Mas para os vendedores informais o seu cumprimento está a ser difícil. Na noite desta quinta-feira, “O País” foi ao mercado do Zimpeto, na cidade de Maputo, onde encontrou diversos vendedores informais em exercício normal da actividade comercial. Eram por volta das 21h00.

Em meio a intensa azáfama, nossa reportagem conheceu Elisa Luís. Mãe de dois filhos. A mulher de 36 anos de idade vende banana e laranja. Mascarada face ao novo coronavírus, Elisa contou-nos que “ao longo da tarde não conseguiu vender quase nada”.

Pela hora, confessou saber que devia estar em casa, mas disse não ter alternativa, por falta de condições para sobrevivência. “O que fazer? De dia não consegui vender nada. Quero aproveitar esta noite para que tenha algo com vista a sustentar os meus filhos”, disse a vendedeira, com ar de desalento”. 

Uma justificativa, igualmente, apontada pelos outros vendedores. “Não temos escolha. É a pobreza”, alinhou Bernícia, outra vendedeira informal.

Como Elisa e Bernícia, conhecemos também Anísio. Ele vende maçãs. Quando encontramo-lo gritava cuidadosamente em apelos para que quem por perto passasse pudesse comprar pelo menos uma maçã. O jovem de 24 anos disse que “queria no mínimo conseguir 100 meticais porque ao longo da tarde nem uma caixa tinha vendido”.

“O maior problema é a fome. Se ficarmos em casa poderemos morrer de fome. Se viermos aqui e nos retirarmos cedo, também é possível que não consigamos nada e também morramos de fome. O que adianta?”, indagou o jovem vendedor.

E assim vão as noites no mercado do Zimpeto, mesmo com Estado de Emergência…

 

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