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Incomáti prejudica Desportivo de Nacala em cerca de 300 mil meticais

São as primeiras reacções à falta de comparência do Incoáti de Xinavane, na partida do último domingo, diante do Desportivo de Nacala, em partida da 6ª jornada do Moçambola 2019. E o maior prejuízo desta não ida dos “açucareiros” de Xinavane a Nacala é financeiro, a rondar os 300 mil meticais de bilheteria, que normalmente a colectividade angaria a cada jogo disputado no campo da Bela Vista.

De acordo com Gimo Mandede, vice-presidente dos “canarinhos” de Nacala, que falava telefonicamente com o “O País”, o facto é que os adeptos não aceitaram pagar o bilhete, com a justificação de que não haveria jogo e isso provocou danos financeiros ao clube. “Tivemos um prejuízo grande para o Desportivo de Nacala. Muita acabou indo ao campo na expectativa de ver o jogo.

Aquilo que seria a nossa receita, em termos de suprir algumas dificuldades que o clube vive, porque faz parte da nossa gestão a receita do jogo. A média das nossas receitas são cerca de 300 meticais por jogo”, disse Mandede.

O facto é que a direcção do Desportivo de Nacala contava usar parte dessa receita para fazer a inscrição dos jogadores que vão reforçar o plantel nesta segunda metade da temporada, em um número de oito jogadores. “Nós dispensamos cerca de 12 jogadores e contratamos cerca de oito. Parte desta receita estava prevista para poder cobrir as inscrições desses jogadores contratados”, num processo do mercado de transferência que vai até ao dia 13 do mês em curso. E esta situação fez com que “tivéssemos que desviar a componente salário dos nossos jogadores para cobrir isso”, o que fará comque os jogadores “canarinhos” possam vir a ter problemas salariais nos próximos dias.

Sorte mesmo, segundo Gimo Mandede, foi o facto da colectividade não ter optado pelo estágio num hotel, o que iria significar mais um deficit de pouco mais de 25 mil meticais (valor que sempre é usado para o estágio da equipas), mas não deu para evitar o gasto de alimentação dos jogadores e do policiamento.

“Também tivemos que pagar a polícia porque bastou se fazer presente, tem que ser paga. Certamente que os salários seriam fora das despesas do jogo, mas tivemos que pagar o almoço dos jogadores, em cerca de 10 mil meticais, que seria produto da receita”, explicou Mandede.

Assim, o Desportivo de Nacala viu-se a perder cerca de 300 mil meticais e ainda teve que fazer gastos para garantir condições básicas aos jogadores, por um jogo que nem teve lugar.

Não queremos que volte a se repetir”

Os “canarinhos” de Nacala, que já viveram um caso similar em 2017, não vaticinam que situação similar volte a ocorrer, pois seria um transtorno e muito prejuízo aos cofres da colectividade.

Gimo Mandede recorda o sucedido em 2017 e conta como foi ultrapassa a situação: “já tivemos situações idênticas no Desportivo e tentamos resolver. Lembro-me que há dois anos quando íamos a Vilankulo tivemos uma situação similar e acabamos levando parte dos jogadores seniores e outra parte das camadas de formação, os juniores, mas fomos cumprir a jornada”, mesmo para evitar sofrer falta de comparência, o que sempre aumenta o prejuízo financeiro, já que para estas situações o regulamento de disciplina aplica multas que vão até 200 mil meticais de penalização, para além de ser aplicada derrota de três bolas sem resposta.

Por estas e outras, a direcção do Desportivo de Nacala diz que não é seu desejo que situação similar volte a acontecer com nenhuma equipa, pois “não anima ganhar os três pontos por falta de comparência e não podemos nos dar por satisfeitos com a desgraça dos outros. Isso não faz parte da nossa cultura desportiva”.

Cinco regressos no plantel dos “canarinhos” de Nacala
Na conversa telefónica com Gimo Mandede, vice-presidente do Desportivo de Nacala, abordamos a situação actual do plantel, numa altura em que estamos a meio do mercado de transferência de inverno, que encerra a 13 de Junho corrente. Mandede reveliu que são oito os jogadores que vão reforçar os “canarinhos” nesta segunda metade da temporada futebolística. E falou de cinco regressados: “tínhamos alguns problemas com alguns jogadores, nomeadamente Salas e Taímo, que o Ferroviário de Nampula queria resgatar de volta e nós não aceitamos e tivemos um encontro entre as direcções e os miúdos já voltaram para a espinha dorsal do clube. Contamos ainda com alguns jogadores como Touré, que foi nosso jogador no ano passado, e esteve no ENH, Mundinho, que foi nosso trinco e estava no Desportivo de Nacala, que regressam ao clube”. Mas também há novas caras que vão entrar, nomeadamente Gildo, que representava o Sporting de Nampula e um extremo ido do Costa do Sol, por empréstimo, que não foi revelado o seu nome, para além de mais dois jogadores que ainda estão numa fase negociação, totalizando oito jogadores que vão reforçar a colectividade, após a dispensa de dez jogadores.

Ainda assim, o objectivo do Desportivo de Nacala mantém-se, nomeadamente a luta pela manutenção, mas com ambições claras de chegar o mais longe possível na tabela classificativa. “Quem sabe o regresso da posição de 2017 quando ocupamos o quinto lugar”, vacticinou o vice-presidente do Desportivo de Nacala, Gimo Mandede.

Caso Incomáti de Xinavane remetido ao Conselho de Disciplina da LMF

Em reacção ao caso da falta de comparência do Incomáti de Xinavane, o presidente da Liga Moçambicana de Futebol, Ananias Couana, confirmou que já foi remetido ao Conselho de Disciplina do órgão gestor do campeonato nacional de futebol, o Moçambola. Couana começou por dizer que “é um assunto consumado”, uma vez que a falta de comparência já foi averbada, faltando agora o órgão que trata dos assuntos disciplinares. “É um assunto que foi remetido ao Conselho de Disciplina e depois da saída do comunicado vamos dar a conhecer”, disse o presidente da LMF, em contacto com o “O País”.
Sabe-se que o Incomáti de Xinavane, para além de ter sido averbada uma falta de comparência e consequente derrota, incorre a uma multa de quase 200 mil meticais, por não ter se feito a Nacala para o jogo diante do Desportivo de Nacala.

É que a Liga Moçambicana de Futebol deslocou-se a Xinavane, na passada sexta-feira, para procurar solução ao caso, que passava por convencer a direcção a usar a equipa B da colectividade ou de formação, no caso concreto os juniores, para efectuar a deslocação, por forma a evitar a multa e a sansão, mas sem ter uma resposta positiva por parte dos “açucareiros”.

Ainda esta semana será conhecida a penalização que cabe ao Incomáti de Xinavane, depois da reunião do Conselho de Disciplina da Liga Moçambicana de Futebol, esta terça-feira.

 

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