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Hóquei fora do “Africano”: SED e FMP travam argumentos para explicar polémica

A Federação Moçambicana de Patinagem diz ter submetido, há três meses, o pedido de apoio ao Fundo de Promoção Desportiva, solicitação que viria a ter desfecho negativo. Secretaria de Estado de Desporto rebate, considerando que tal pedido devia ter sido feito ano passado.

O hóquei em patins bateu fundo. De uma modalidade prestigiada, que em 2011 maravilhou o mundo ao ocupar o quarto lugar no Mundial do Grupo A, em San Juan, na Argentina, colocando em sentido a temível e respeitável Espanha, a modalidade entrou este ano para a história pela…negativa. É que, faltando dois dias para o arranque da 2ª edição do Campeonato Africano, no Cairo, Egipto, a Federação Moçambicana de Patinagem anunciou a desistência da prova do vice-campeão, estatuto conquistado em 2019 em Luanda, Angola. A polémica não tem fim à vista e ganha novos contornos a cada dia que passa.

A desistência, e outra coisa não seria de esperar,  atira Moçambique para a Taça Challenger (uma espécie de terceira divisão do hóquei em patins), onde vai medir forças com selecções menos cotadas. A modalidade que, em 2006, conquistou o Mundial do  Grupo “B”, no Uruguai, e em 2019 açambarcou o troféu da Taça Intercontinental, em Barcelona, Espanha, foi simplesmente banalizada. O futuro dirá, na verdade, se virão outras penalizações. Internamente, cresce o coro de indignação e lamentações por esta desistência que belisca uma modalidade que, ao nível de clubes, também inscreveu o some nome nos anais da mesma com a conquista, em 1991, do Campeonato Africano pelo Estrela Vermelha reforçado por Pedro Pimentel, então jogador do Desportivo de Maputo. Muita história colocada no “caixote de lixo”.

A Federação Moçambicana de Patinagem diz que precisava de cinco milhões de Meticais para viabilizar a participação das selecções sub-19 e principal no Campeonato Africano, tendo, segundo esta agremiação, submetido um pedido de apoio ao Fundo de Promoção Desportiva à Secretaria de Estado de Desporto há três meses. “Apesar da federação egípcia ter garantido que ia ajudar-nos com dois milhões de Meticais para alojamento e alimentação, a família do hóquei em patins criou um grupo para angariação de fundos. Conseguimos aproximadamente 200 mil Meticais que não dava para comprar passagens”, começou por explicar Sidique Aly, vice-presidente da Federação Moçambicana de Patinagem para Relações Internacionais. Mas, afinal, qual foi o “timing” para formalização do pedido de apoio ao Fundo de Promoção Desportiva, financiador das actividades das selecções nacionais? E qual foi a resposta da instituição dirigida pela “polémica” Amélia Chavana? “Há três meses atrás metemos uma carta a pedir apoio na ordem de cinco milhões de Meticais. O próprio disse que, se puderem pagar alimentação e alojamento, podia nos aliviar”, acusou Aly.

Agora, o país aguarda serenamente pelas penalizações que virão por parte da Word Skate. Uma coisa é certa: o hóquei em patins moçambicano, em termos de intervenção internacional, perde forças e abrem-se feridas ao nível da família desta modalidade sobre rodas. “Fizemos uma carta ao presidente da Word Skate a explicar esta situação. Vamos esperar. Vamos ver o que eles irão decidir.”

TEM A PALAVRA A SED

Após as eleições realizadas em finais de Novembro de 2020, que culminaram com a vitória de Eneas Comiche Jr (candidato da lista A) com oito votos contra três de Nelson Costa (candidato da lista B), o candidato derrotado impugnou as mesmas por alegadas irregularidades. Esta situação atirou o hóquei em patins para uma guerra fora nos “rinks”, ou seja, nos tribunais com providências cautelares atrás de providências cautelares. Este caso não passa despercebido aos olhos da Secretaria de Estado de Desporto, quando abordada sobre a polémica desistência da selecção nacional do Campeonato Africano. “Como vocês sabem, houve um processo eleitoral muito recentemente que não teve um desfecho apaziguado entre as partes, esteve em tribunal durante muito tempo. Isso levou a que a própria direcção da federação estivesse inoperante durante muito tempo”, recordou Gilberto Mendes.O tempo de submissão do pedido de apoio foi igualmente convocado por Gilberto Mendes para justificar a não providência dos dinheiros requisitados.

“Toda a logística para ser feita tem que se preparar com antecedência, a requisição de apoios por aí adiante. Ficou estranho uma modalidade conceituada como hóquei em patins não ter conseguido nenhum apoio. Isto é sintomático de todo o problema que esteve por detrás de toda a administração. Três meses é este ano. Eles deviam ter submetido ano passado. Sabe que o orçamento do Estado é feito no ano anterior. Por vezes a gente consegue intervir e noutras vezes não porque os desafios são enormes. Veja quantas selecções nos temos a trabalharem fora”, argumentou.

A finalizar, Mendes deixou claro que o Governo reconhece o historial desta modalidade. “O hóquei em patins já nos habituou a grandes resultados. Sempre trouxe glórias para o país. É uma modalidade que o Governo acarinha muito. Infelizmente, estão a passar por um momento meio conturbado.”

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