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Há risco de eclosão da cólera na Cidade de Maputo

Foto: O País

O difícil saneamento do meio, a venda e o consumo de produtos de origem vegetal mal manuseados podem expor a Cidade de Maputo à eclosão da cólera, a chamada doença de mãos sujas. No país, há, até ao momento, 1016 casos da cólera e já foram registados oito mortos.

Desde os primeiros dias do ano, a Cidade de Maputo vê-se a braços com o lixo que não está a ser removido devidamente. Aliado a isso, está a imundície nos mercados, sobretudo informais, onde a venda de alimentos é feita sem o mínimo de higiene.

Há muita água suja à volta que é despejada pelos vendedores, moscas em todo o lado, factos que podem concorrer para a eclosão da cólera. A situação deixa os munícipes e consumidores preocupados. “É muito crítica a situação que se vive nos mercados, os alimentos não são bem conservados e moscas aqui que voam e pousam na comida”, disse Daniel Marindze.

Joana Chicuamba fala da necessidade de redobrar as medidas de higiene para evitar a eclosão da doença.

Olhando para esses cenários, o especialista em saúde pública, Joaquim Manhique, alerta que a capital do país pode estar exposta à eclosão da cólera.

“Esta questão de fluxo das pessoas de um local para o outro pode contribuir para que Maputo, como centro de convergência de pessoas no país, haja casos de cólera. O risco é muito alto, há muito consumo de alimentos que não passaram de cozedura, principalmente os alimentos de origem vegetal, e têm um risco muito alto de contaminação pelas fezes”, Joaquim Manhique, especialista em saúde pública.

Niassa, Tete e Sofala são os pontos do país com o registo de casos, são ao todo 1016 casos e oito mortos, e o ministro da Saúde, Armindo Tiago, fala de tomada de medidas para o controlo da doença.

“O Governo tem um plano nacional de eliminação de cólera e um plano multissectorial que envolve todos os sectores e segmentos da sociedade desde o indivíduo até ao Governo. Cada um deve fazer a sua parte e só dessa forma vamos garantir que os assuntos de cólera estejam resolvidos. Duas medidas fundamentais, uma é abastecimento de água às populações e o papel aqui é de toda a sociedade, incluindo o Governo, e a segunda é o saneamento do meio”, ministro da Saúde, Armindo Tiago.

A transmissão da cólera é  por via fecal ou oral, quando se ingere água ou alimentos contaminados. Os alimentos, de forma geral, podem ser contaminados durante a cadeia produtiva e durante o seu manuseio.

 

SOFALA REGISTA MAIS DE 300 CASOS DE DIARREIA EM CINCO MESES

Aumentam casos de diarreia em Sofala. Nos últimos cinco meses, a província registou um cumulativo de 306 casos, dos quais 12 estão internados no distrito de Caia. A insuficiência, o consumo de água imprópria e a falta de latrinas são apontados como principais causas do surto.

A província de Sofala, na zona centro do país, restou, nos últimos cinco meses, um cumulativo de 306 casos do surto de diarreia. “De Setembro até hoje, tivemos um cumulativo de 306 casos internados com diarreia, mas não tivemos nenhum óbito. Actualmente, estão internados 12 no distrito de Caia; estamos a fazer as actividades de sensibilização, seguimento dos casos a nível da comunidade para mitigarmos a situação. A maioria dos casos de diarreia vem dos bairros circunvizinhas a nível da própria vila”, avançou a directora provincial de Saúde em Sofala, Neusa Joela.

Joela acrescenta ainda que as principais causas do surto são o consumo de água imprópria e a falta de latrinas. Para tal estão a fazer campanhas de sensibilização. “O que estamos a dizer agora é que das pesquisas que fomos fazendo, as principais causas que podem levar a este surto de diária é insuficiência ou o consumo de água imprópria. Descobrimos que a maior parte da população consome água do poço não tratada e provavelmente esta pode estar contaminada, mas também escassez de latrinas. Nos bairros por onde andamos de onde provêm os casos de diarreia, identificámos que algumas famílias não possuem latrinas”, acrescentou a directora provincial da Saúde em Sofala.

A representante da Direcção Provincial da Saúde disse ainda que as questões de saneamento e os hábitos de higiene fazem parte das principais causas do surto da diarreia.

A maioria dos casos atendidos na província de Sofala vem do distrito de Murubala, Nhamatanda, Dondo, Marimbe e Chemba.

A Direcção Provincial de Saúde de Sofala afirma que há medicamentos suficientes para responder ao surto da diarreia e que estão criadas todas as condições para que não haja mais contaminações.

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