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Há revendedores de combustíveis detidos por alegado financiamento ao terrorismo

Stella Zeca revelou, na província de Sofala, que já existem pessoas detidas no caso de gasolineiras que supostamente financiam o terrorismo. A governante acrescenta que há revendedores de combustíveis que abandonaram o sector sem dar explicações.

Quando passa mais de uma semana em que o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse ter provas de existência de postos de venda de combustíveis em Sofala que financiam o terrorismo, começam a surgir outros dados sobre o caso.

A secretária de Estado na província de Sofala, Stella Zeca, revelou, esta segunda-feira, haver pessoas detidas naquele ponto do país, por suspeitas de crimes organizados e financiamento aos actos terroristas, que perduram quase cinco anos na região Norte de Moçambique.

Sem avançar detalhes, Stella Zeca confirma que as pessoas, ora detidas, estão envolvidas no caso de gasolineiras que, supostamente, financiam o terrorismo e outros tipos do crime organizado. A governante diz que há provas e que decorre, neste momento, investigação dos indivíduos detidos.

“Existem fortes evidências e já existem indivíduos que estão detidos”, revelou a secretária de Estado naquela província.

Entretanto, as revelações depois de a Associação dos Revendedores e Retalhistas de Combustíveis de Moçambique (ARCOMOC) ter afirmado, durante uma entrevista exclusiva ao “O País”, que não conhece agentes do sector que financiam o terrorismo em Cabo Delgado.

“Nós distanciamo-nos de quaisquer actos mencionados e não conhecemos, dos nossos associados neste sector, membros que estejam a financiar o terrorismo”, referiu, a 01 de setembro, Luís Pereira, porta-voz da ARCOMOC.

Stella Zeca questiona por que algumas operadoras abandonaram a actividade depois da denúncia feita, a 23 de Agosto passado, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, aquando da sua visita à província de Sofala.

“Nunca falei de uma coisa sem base. Não gosto. Mas temos informações de pessoas que usam esses meios para subsidiar os terroristas. Então, é melhor pagarem, legalmente, e depois a Autoridade Tributária e o Ministério dos Recursos Minerais e Energia devem controlar isso. Proliferação, sim, para o desenvolvimento, mas, se for para branqueamento de capitais, não”, disse Filipe Nyusi, em Sofala, no dia 23 de Agosto de 2022.

Em relação à saída de operadores sem darem explicação alguma, Zeca diz que “Se alguém sai, não sabemos quais são as razões, há indicações obviamente de que alguns fugiram. Continuamos a investigar para compreendermos as motivações e estamos em alerta.”

Stella também levanta outras perguntas relacionadas ao grau de lucratividade que as mesmas operadoras apresentam, sendo que trabalham no sector num curto período.

Aquando da entrevista, o porta-voz da Associação Revendedores e Retalhistas Combustíveis disse estar disposta a cooperar com as autoridades para a detecção de tais agentes do sector de venda de combustíveis, para que possam ser responsabilizados, uma vez que minam o ambiente de negócio no sector.

“Estamos dispostos a colaborar naquilo que são os desafios das autoridades, para que estes agentes possam ser eliminados no nosso mercado. Estes infractores devem ser sancionados pelos órgãos competentes, porque, de alguma maneira, trazem um mau ambiente ao sector, perigando a saúde do negócio de revendedores e retalhistas de combustíveis”, salientou Pereira ao “O País”.

 

RESSURGEM TERRORISTAS EM OUTROS PONTOS DO PAÍS

Após as Forças de Defesa Nacional e a Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral  (SAMIM) fecharem o cerco para os terroristas em Cabo Delgado, a província de Nampula registou o primeiro ataque terrorista na última sexta-feira.

Sem deixar rastos de perdas humanas, os insurgentes incendiaram um centro de saúde, uma escola e destruíram casas no povoado de Kutua, localidade de Odinepa, posto administrativo de Namapa, no distrito de Eráti.

O distrito é o mais próximo da zona com histórico de ataques terroristas que se iniciaram a 5 de Outubro de 2017.

Para Stella Zeca, os novos ataques terroristas requerem maior vigilância das instituições competentes, bem como da sociedade civil.

“Nas nossas residências, nos nossos bairros, nas nossas instituições porque, às vezes, é um simples favor, mas que o cidadão não sabe que está a colaborar, sendo isenta à corrupção porque estes pagam, e pagam bem, para que as pessoas possam entrar neste crime”, detalhou Zeca.

Na ocasião, a secretária de Estado naquele ponto do país reafirmou o apelo às populações para que possam manter-se vigilantes e que denunciem actos que conduzam à insegurança.

“Vamos estar em alerta e contribuir para que o país não seja invadido, é a principal mensagem, para que não estejamos, ingenuamente, a fortalecer estas células”, apelou Zeca.

Neste momento, o Governo tem estado a implementar diferentes instrumentos para evitar branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.

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