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Governo quer reactivar indústria naval em Cabo Delgado

Para impulsionar a pesca em Cabo Delgado e capitalizar os recursos existentes, o Executivo pretende reactivar a indústria naval na província. A intenção foi manifestada na sexta-feira pelo Chefe do Estado, durante a entrega de 15 barcos de fibra e diverso material aos pescadores artesanais dos distritos de Ibo, Metuge e Pemba.

“A província tem um potencial de desenvolvimento da indústria de construção naval. É detentora de muita madeira e possui carpinteiros experientes, o que significa que o conhecimento existe e a experiência também”, explicou Filipe Nyusi.

Além de impulsionar a pesca, segundo o Presidente da República, a reactivação da indústria naval em Cabo Delgado vai permitir a redução de custos na aquisição de embarcações fora da província e do país. “Urge definir programas para o aproveitamento deste potencial adormecido de modo a evitar as importações de barcos. Fica mais barato, mas também é fácil manter porque o estaleiro que construiu pode também fazer a assistência”.

“No presente ciclo de governação, a pesca, a aquacultura e agricultura”, em particular familiar, “constituem prioridade do Governo, pois representam a forma mais segura de captação de renda para a maioria da nossa população.

Neste contexto, o nosso objectivo é a transformação progressiva do sector familiar e artesanal para o nível empresarial” que “resulte em mais emprego, mais renda para as famílias e crescimento inclusivo”, disse o Chefe do Estado.

Durante a cerimónia de entrega de meios para a pesca, o Presidente da República explicou as razões que levaram o Governo a prestar atenção especial à pesca artesanal no país: “o subsector da pesca artesanal envolve mais de 350 mil pescadores e responde por 95% da produção pesqueira nacional, sendo mais relevante em termos de criação de oportunidades de emprego para homens, mulheres e jovens. Representa uma fonte de renda para muitas famílias. Por estas e mais razões, o sector da pesca apresenta um potencial de desenvolvimento, apesar de o seu peso representar, neste momento”, ser “reduzido na balança geral” do Produto Interno Bruto. Ainda de acordo com o Presidente da República, o Governo adotou um “programa mais sustentável, que visa incrementar a produção pesqueira” vai concentrar “esforços na modernização tecnológica, através do financiamento à produção”.

Do último ano a esta parte, o Executivo desembolsou 200 milhões de meticais em financiamento ao sector da pesca, “beneficiando directamente 1.500 pescadores artesanais e 7.500 agregados familiares nas províncias de Sofala, Zambézia e Nampula”.

Para que mais pescadores tenham acesso a este tipo de financiamento, é preciso que trabalhem em colectividades. “É importante que os pescadores trabalhem em associações para ganhar dimensão”, e ter acesso aos “fundos que possam acelerar o seu crescimento. Reunidos em associações, é muito mais fácil conseguir apoios” que podem ser geridos de forma “consciente e racional”, apelou Filipe Nyusi.

“O governo aprovou no presente ano a Estratégia de Desenvolvimento da Aquacultura, com um potencial de quatro milhões de toneladas. A província apresenta excelentes condições” nesse sentido, por isso, “exortamos as comunidades e as estruturas que governam a província (…) para abraçarem esta actividade de geração de renda”, afirmou Nyusi.

Cabo Delgado conta com cerca de 40 mil pescadores artesanais que utilizam mais de 7 mil embarcações, dos quais apenas 255 funcionam a motor. A produção pesqueira anual da província é estimada em cerca de 35 mil toneladas.

Nyusi apelou ainda para que a pesca seja sustentável e contribua para a segurança alimentar, para o emprego e crescimento inclusivo. “Devemos eliminar o uso de artes e técnicas de pesca proibidas, que contribuem para a redução das capturas e para a degradação dos ecossistemas”.

“É frequente fazermos a distribuição de redes mosquiteiras para o nosso uso, mas há irmãos” que recorrem a esse material para pescar, o que é desaconselhável.

O Chefe do Estado disse mais: “não devemos destruir os mangais por qualquer motivo que seja, nem devemos invadir esses espaços irracionalmente” por causa da “ambição desmedida do sector imobiliário, sem um estudo ambiental comprovado. Queremos, às vezes, construir num sítio, mas que façamos um estudo (…). Passado algum tempo, são mudanças climáticas e erosão. Depois nem casa nem o hotel temos” e, também, “deixamos de ter a protecção da natureza”.

Devido à acção do homem, Moçambique perdeu centenas de hectares de mangais. Para evitar desastres naturais, o Governo lançou, este ano, um programa para a reposição de cerca de cinco mil hectares da área destruída, até 2024.

 

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