A ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, confirma que o Governo está a investigar um caso em que turistas denunciam maus-tratos e cobranças ilícitas, na Ilha de Moçambique, actos alegadamente praticados por agentes da Polícia Costeira naquele ponto do país.
O caso terá acontecido em Novembro do ano passado, mas só agora a denúncia veio à tona. Um grupo de cinco ocupantes de um navio iate, incluindo um cozinheiro nacional, teriam sido interpelados e ameaçados pela polícia, alegadamente por não terem sido credenciados para se fazerem ao local.
Numa carta tornada pública no dia 9 de Abril corrente, o cidadão sul-africano de nome Richards Bay, empresário na área turística, conta o cenário vivido na Ilha de Moçambique.
“Fomos então ameaçados com prisão se não pagássemos todas as multas e taxas exigidas a nós. Apresentámos recibos de nossas taxas de entrada pagas em Pemba, incluindo as taxas de imigração. O oficial responsável confiscou os recibos e todos os nossos documentos da embarcação e pessoais, e novamente exigiu pagamento pelas alegadas atrocidades que tínhamos cometido,” le-se na carta escrita na língua inglesa.
Na mesma carta, o turista relata que as ameaças se foram agravando ao ponto de se exaltarem os ânimos. É que, para os cidadãos estrangeiros, não fazia sentido terem de voltar a efectuar pagamentos de taxas de circulação e permanência no território nacional, após terem cumprido as obrigações na cidade de Pemba.
Os estrangeiros não escondem o seu descontentamento e relatam ter abandonado o país, um dia depois, contra a sua vontade, sendo que a ideia primária era de três dias, usufruindo das iguarias e paisagens moçambicanas.
“(…) nenhum de nós jamais voltará a Moçambique. O tratamento de turistas pagantes é desprezível, míope e repugnante. Os funcionários agiram com impunidade e total desrespeito pelo interesse de seu país, sua economia e com pouco respeito pelos muitos benefícios derivados da recepção de turistas em seu país empobrecido.” lamentam- se.
Neste momento, o grupo de turistas afirma estar a compilar material audiovisual que demonstra o cenário da confusão na ilha, ao mesmo tempo que exortam a comunidade internacional para a remoção do título de Património Mundial da UNESCO à Ilha de Moçambique.
O Governo, através da ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, reagiu com maior preocupação ao relato das ilegalidades que podem minar os avanços do sector no país. Neste momento, uma comissão de inquérito composta pela polícia e agentes marítimos está no terreno para a averiguação do caso.
Caso se confirme o sucedido, o Governo promete que vai responsabilizar os envolvidos de forma exemplar.
Casos como estes não eram relatados no país desde 2017, no município da Ponta de Ouro, na Província de Maputo.