Depois dos encontros de terça e quarta-feira em Londres, o governo e os credores da dívida pública voltam a reunir dentro de um mês, em Washington, durante os Encontros da Primavera do Fundo Monetário Internacional. No final do encontro de quarta-feira com a comitiva liderada por Adriano Maleiane, ministro da Economia e Finanças, Thomas Laryea, porta-voz do Grupo Global de Detentores de Títulos de Dívida de Moçambique, disse à Lusa que “apesar de continuar a manter que as chamadas linhas mestras da reestruturação não servem para iniciar qualquer conversa que leve a uma resolução fazível, a declaração emitida hoje (quarta-feira) reflecte o sentimento relativamente a uma reconsideração da abordagem de Moçambique”.
Por isso mesmo, garantiu Thomas Laryea, os encontros com os conselheiros de Moçambique vão continuar e há uma reunião planeada com o ministro da Economia e Finanças nos Encontros da Primavera do FMI.
“O grupo espera que, com os ajustamentos apropriados, este passo inicial leve a negociações em boa-fé para se alcançar uma solução equitativa e justa”, lê-se no comunicado divulgado por este grupo que diz representar cerca de 80% dos detentores de títulos de dívida pública de Moçambique, emitidos em Abril de 2016, no valor de 727,5 milhões de dólares.
Questionado pela Lusa sobre se é possível um acordo com Moçambique sem haver um programa de apoio financeiro do FMI, Thomas Laryea respondeu: “Sem comentários”.
No comunicado citado pela Lusa, o grupo a iniciativa de Moçambique de reunir com os credores, mas salienta que existem “falhas importantes na apresentação pública, que por isso não sustenta uma base de apoio às linhas mestras da reestruturação que foram incluídas na apresentação”.
Em concreto, os credores querem, “no mínimo, que as linhas mestras estejam alicerçadas numa análise rigorosa da capacidade de financiamento do país, levando em conta a necessidade de consolidação orçamental até 2023, mas também a situação a longo prazo, quando a capacidade de financiamento aumentar rapidamente depois de os megaprojetos estarem em funcionamento”.
O grupo “enfatiza que uma solução negociada com respeito aos títulos de dívida pública vai reabrir o acesso a capital estrangeiro, o que reduziria significativamente o custo de financiamento do sector público moçambicano e também o do sector privado nacional. Melhoraria também a posição orçamental e daria um impulso ao crescimento económico a curto prazo e daí em diante”.