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Governo de Marracuene manda demolir muro do político Carlos Jeque

Governo de Marracuene mandou demolir, mais uma vez, o muro do jurista e político Carlos Jeque, que bloqueia uma das vias de acesso no bairro 29 de Setembro naquela autarquia da Província de Maputo.

Uma máquina escavadora, escoltada pela Polícia, foi chamada ao bairro 29 de Setembro pela quarta vez, para fazer o mesmo trabalho: demolir um muro que, segundo os moradores de Marracuene, limita a sua circulação. É que o muro em causa está a ser erguido no meio da rua. Zedequias Magaia, natural de Marracuene, nascido nos anos 70, questiona a legitimidade de Carlos Jeque para promover desmandos no Bairro.

“Ele próprio, Carlos Jeque, nasceu e encontrou esta rua aqui. Nós estamos admirados por ver esta confusão toda. Estamos também admirados por saber que ele é membro da Assembleia Municipal. Ele não nos ajuda em nada. Vamos pedir explicações junto do partido Frelimo, para saber disto. Este senhor não nos ajuda em nada, não vale nada para nós.”

Ernesto Miti, também morador do Bairro 29, da autarquia de Marracuene, diz estar a favor da abertura da rua no bairro, porque, segundo explicou, aquela rua existe desde a era colonial. “Esta rua sempre existiu. Eu nasci aqui e andei sempre nesta rua, há quarenta e tal anos a andar nesta rua. Então, quando vejo isto, ele nem estava a viver aqui, mas agora vivi cá e é o que estamos a ver. Eu próprio estou a favor da manutenção desta rua.”
Quando se fez a demolição, Carlos Jeque não se encontrava em casa. Estava numa cerimónia fúnebre. Um dos seus trabalhadores repudiou a acção das autoridades. “O patrão não sabe disto. Ele está nos falecimentos de um familiar. O que estão a fazer estes camaradas é injustiça, é muita injustiça”.
Quando a máquina escavadora abandonava o local, Carlos Jeque chegava na companhia da sua esposa. É um braço-de-ferro que dura há cerca de dez anos. Jeque não poupou as palavras e disse estar a ser vítima de perseguição.

“Vou construir até me matarem, porque aqui é minha casa, onde eu nasci. Aqui não há parcelamento, porque nós viemos aqui em 1940 ou 1944. Não havia rua aqui. Quem é que parcelou aqui? São zonas não parceladas, por isso é que sempre vão buscar a Polícia para me amedrontar, e eu não tenho medo. Eu vou gastar até me matarem, porque aqui vou fechar mesmo. Não há população, é o secretário do bairro; não há população. Esta Polícia vem aqui para matar-me, não há outra coisa.”

Ainda assim, o jurista e político diz que estará na assembleia municipal para defender os interesses da população.

“Fizeram tudo para eu não ser cabeça-de-lista. Removeram isto tudo para eu não ser cabeça-de-lista. Agora, como a Comissão Política mandou o meu nome para membro da assembleia, querem-me sujar, para eu não ser membro da assembleia. Estão a fazer tudo para eu não ser presidente da Assembleia Municipal de Marracuene, mas eu vim para trabalhar para o meu povo, para Marracuene, e eu aqui vou morrer”.

O Governo de Marracuene diz que esta acção está coberta de uma decisão judicial e continuará a garantir a livre circulação de pessoas e bens.
Logo depois da saída das equipas do governo distrital, Carlos Jeque e seus trabalhadores voltaram a fechar a rua com recurso ao entulho.

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