O Governo tem mais 171 milhões de meticais para combater a malária este ano. O valor foi doado por diversas instituições e foi anunciado na primeira Conferência Nacional de Doadores para Malária.
A Malária é a doença com o maior peso no Sistema Nacional de Saúde, que regista, anualmente, mais de dez milhões de casos, o que coloca Moçambique no terceiro lugar entre os países que mais casos da doença notificam no mundo.
Não é apenas no número de casos em que a Malária se mostra um calcanhar de Aquiles. O custo para as acções de prevenção e combate é igualmente alto.
Uma vez que, sozinho, o governo não consegue travar a evolução da enfermidade, decidiu-se por apelar ao sector privado. Desde meados de Agosto de 2020, quando foi criada a Associação para o Fundo de Combate à Malária, que visa erradicar a doença até 2030, equipas variadas foram pedir apoio a diferentes instituições porta-a-porta.
“Os nossos encontros tinham lugar no período da noite e de forma muito restrita para não atrapalhar a agenda de trabalho das empresas. Fomos porta-a-porta a procura destes parceiros para nos apoiarem nesta causa” – disse Felicidade Chirinda, líder da Associação para o Fundo de Combate à Malária.
O trabalho foi complicado, mas trouxe resultados positivos – 171 milhões de meticais anunciados na Primeira Conferência Nacional dos Doadores para Malária.
Armindo Tiago explica que o valor “será usado em três áreas fundamentais – uma é a área de controlo vectorial, onde nós devemos lutar contra o mosquito causador da Malária; a segunda área é a de tratamento e diagnóstico e a terceira é a de educação e promoção de saúde”.
O Ministro da Saúde garante que o uso dos recursos será racional e terá impacto em todo o país. “Sempre que mobilizamos recursos financeiros, devemos, primeiro, garantir que o usamos bem e, em segundo, implementamos o que está nos programas do Sistema Nacional de Saúde, no caso, o Plano Nacional de Combate à Malária”, esclareceu.
Por sua vez, o Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, afirma que todos os recursos disponíveis não serão suficientes para travar a Malária, se não forem salvaguardadas as conquista até aqui alcançadas.
“Em 2020 registámos, lamentavelmente, 563 óbitos por Malária contra 731 registados em 2019, o que representa uma redução de 29%. Para consolidar estes ganhos no combate à Malária, rumo a erradicação da doença no país, iremos continuar a promover várias acções a todos os níveis da nossa sociedade”, disse.
Neste trabalho, do Rosário conta com a ajuda de estudantes de medicina, autoridades locais e as unidades sanitárias hoje presentes em todos os distritos do país.
Os doadores dos 171 milhões de meticais, que agora são adicionados aos recursos disponíveis para operacionalizar o Plano Nacional de Combater à doença, receberam os certificados de reconhecimento por parte do governo.
Um gesto de reconhecimento por uma contribuição importante no combate a uma doença que tira dos cofres do Estado mais de 20 milhões de dólares todos os anos.
Nos dias de hoje, a situação é agravada pela pandemia da COVID-19, mas o Governo reitera que não está “apenas interessado em combater a COVID-19”, mas “também acabar com a Malária”.
Essa luta é feita usando várias ferramentas, sendo uma delas a campanha “Zero Malária Começa Comigo”, lançada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Junho de 2018, durante o Primeiro Fórum Nacional da Malária.
O país desdobra-se, mas os dados ainda não são favoráveis. O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) 2018 indica que se confirma, mais uma vez, que o mundo não está no caminho certo para alcançar dois objectivos fundamentais da estratégia técnica mundial para a malária relativa ao período 2016 e 2030.
Estes objetivos prevêem reduzir a morbidade e a mortalidade por malária em pelo menos 40% até 2020, em comparação com os níveis de 2015.
São metas recordadas todos os anos a 25 de Abril, dia Mundial de Combate à Malária, que, este ano, decorreu sob o lema: “Zero Malária – Estabeleça o limite contra a doença.