Todos dizemos que talento para o desporto-rei é o que não falta em Moçambique. Porém, em contra-ponto com o que se passa noutras partes do mundo, onde o Estado recolhe impostos chorudos às estrelas – Ronaldo e Messi que o digam – o nosso futebol é praticamente dependente de uma “teta”, chamada Estado-Papá, que drena através das Empresas públicas – LAM, CFM, HCB, ENH, entre outras – dinheiro para manter o Moçambola, anualmente com novos soluços, porque sem meios próprios.
Quer isto dizer que o nosso futebol está longe de ser um negócio rentável, razão pela qual a funcionalidade das SAD's não vai acontecer nos próximos tempos.
Autoestrada com um sentido
Imagino um empresário que necessita de dar visibilidade à sua marca, apontando o desporto-rei como área para publicitar os seus produtos. Que retornos?
Fala-se na Lei do Mecenato, mas uma vez activada, está envolvida numa teia burocrática que longe de estimular, desencoraja.
Em seguida, há a opção pela inserção de publicidade em recintos, que raramente enchem e em camisolas com pouca visibilidade pois os adeptos raramente as adquirem.
Publicidade em revistas, descontos em livrarias ou supermercados, não constam no “cardápio” de contrapartidas dos clubes, associações ou mesmo Federação e Liga.
O “desfrutar” do convívio nas instalações dos clubes, não é encorajador, pelo menos para quem busca um lugar de convívio tranquilo com amigos e familiares, assistindo e encorajando os mais novos à prática desportiva.
Daí que…
Colocar os cada vez mais raros dinheiros que uma empresa disponha, em projectos com remotas possibilidades de retorno, acaba tornando-se um acto de caridade e não uma acção de “marketing”. A auto-estrada está aberta num sentido, paga-se a portagem, mas não se vislumbra qualquer retorno.
Assim sendo, a cada dia que passa, o nosso principal “activo”, que deveria ser o atleta, vai ficando mais longe dos radares dos grandes clubes. Por outro lado, na opinião interna tida como abalizada, “o que está a dar”, é mesmo o Camp Nou, Dortmund ou Alvalade. E assim nos vamos distraindo, com a “manta” que resulta dos impostos dos cidadãos e que por ser curta, quando tapa a cabeça destapa os pés.
Realismo, para dar passos firmes no curto prazo, mas perspectivando o médio e o longo, é o caminho. Resolver, por exemplo, o Moçambola 2018 e depois…logo se verá, vai-nos manter no sufoco, protelando questões de fundo.
Recentemente, uma Comissão Multisectorial foi criada num encontro presidido pela nova ministra dos Desportos, Nhyelete Mondlane, para “propostar” saídas para o complicado problema que aflige todo o país nos dias que correm: a falta de dinheiro!
O que se pode esperar? Uma aspirina para as dores de cabeça desta época, mas que estará longe de curar, ou mesmo encurtar as distâncias, das intenções à prática, relativamente ao tão propalado “slogan” da massificação.