Os clubes que vão disputar o Moçambola 2020 e a Liga Moçambicana de Futebol consideram que os fundos disponibilizados pela FIFA deviam ser usados para apoiar os clubes e viabilizar o campeonato nacional de futebol, o Moçambola, paralisado devido a pandemia da COVID-19.
As competições desportivas no país foram interrompidas em Março passado, devido a eclosão da pandemia do novo coronavírus em Moçambique e de lá para cá os clubes tem tido despesas de pagamentos de salários e seus funcionários, sem retorno, quer seja com a bilheteira ou mesmo a partir dos seus parceiros que foram diminuindo o seu apoio.
Agora os clubes afirmam estarem, falidos e a necessitar de apoios para reiniciar com suas actividades. Inácio Bernardo, presidente do Desportivo Maputo diz mesmo que sem apoios, os clubes não terão condições para disputar o Moçambola 2020.
“É certo que os clubes estão preparados para retomar com o futebol, numa primeira fase com os treinos e depois com as competições. Mas antes disso tudo é preciso que a condição financeira dos clubes seja sustentável, porque mesmo que haja relaxamento, se a condição financeira de sustentabilidade dos clubes não estiver criada, os clubes não estarão preparados para poderem avançar”, disse o presidente do clube “alvi-negro”, que ameaça ainda não disputar a prova, caso não sejam resolvidas as suas preocupações.
Por seu turno, Juneid Lalgy, presidente da Associação Black Bulls, diz que os fundos disponibilizados pela FIFA seriam a salvação para aliviar as despesas dos clubes. “Estávamos esperançados com os fundos da FIFA e isso era uma posição unânime dos clubes, que as verbas fossem alocadas sobretudo para os clubes do Moçambola e que fdossem acima daquelas que foram anunciadas”, disse Lalgy.
Até porque os clubes precisam de cinco milhões de meticais para arcar com despesas do Moçambola, e a Federação Moçambicana de Futebol dá apenas 1 milhão e 200 mil a cada clube do Moçambola. Os clubes não concordam com esta distribuição e querem mais. Lalgy diz que é uma posição geral dos clubes que não estão de acordo com a forma como foram feitas as distribuições dos fundos. “Entendemos que aqueles fundos tinham um único destino para poderem fazer o ‘Ball-out’ da situação da COVID que os clubes vem vivendo”, disse, acrescentando que o valor foi usado para outras coisas que não o motivo da sua aplicação. “Infelizmente foram usados os fundos para pagar dívidas de direcções anteriores da Federação Moçambicana de Futebol, o que não achamos correcto”, frisou Lalgy.
LMF também concorda com fundos para Moçambola
A Liga Moçambicana de Futebol diz que apesar de ter sido excluído do processo de distribuição dos fundos da FIFA, o valor devia ser usado para suprir as perdas das receitas da bilheteira dos clubes, uma das premissas da utilização do fundo.
“Estivemos envolvidos desde a primeira hora com a FMF na definição dos critérios de atribuição dos fundos da FIFA, procuramos esclarecimentos porquê ficamos excluídos já na finalização do processo porque pensamos nós que seria uma forma de termos o finaciamento para o nosso campeonato nacional”, comentou o presidente do organismo que gere o Moçambola.
Mas há outras formas de ter valores para viabilização do Moçambola. De acordo com Ananias Couana, “o segundo caminho é um financiamento através do Governo que recebe apoios para atenuar o impacto da Covid-19 e esses valores são distribuídos por vários sectores e o desporto, o futebol em particular, também deveria merecer um tratamento porque a nossa actividade tem um impacto na economia nacional”.
Para já, o ponto que divide os clubes e a Liga Moçambicana de Futebol é o modelo de disputa do Moçambola, tendo em conta que os clubes querem o modelo regional e a LMF insiste no modelo tradicional.