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Fraude e falta de credibilidade dos orgãos de gestão eleitoral faz com que eleitores não votem, dizem analistas

A forma como são conduzidos os processos eleitorais é a principal razão para que as pessoas não participem do processo de votação, pois é caracterizado por fraudes e descredibilidade dos orgãos de gestão eleitoral. Este pensamento é partilhado pelos analistas Hélder Jauana e Borges Nhamire, em entrevista ao programa Noite Informativa.

Dados publicados mostram que mais de 16.4 milhões de moçambicanos estão inscritos nos cadernos eleitorais, entretanto, a experiência mostra que os eleitores têm pouco interesse em efectivamente participar.

Para Hélder Jauana este facto está ligado a falta de educação para a cidadania, uma vez que, para ele, é a chave para que haja maior aderência ao processo de votação.
“É preciso estruturar um sistema de ensino que leve os cidadãos da República a ter presente que participar da vida pública é seu dever e responsabilidade. Se assim for, saberemos que as pessoas não participam do processo de votação para mandar uma mensagem e não por apatia”.

Por último, a qualidade de governação e a forma como os decisores públicos lidam com aqueles que são os seus eleitores faz com que as pessoas nãosintam que são realmente importantes no processo de votação.

“Durante este periodo de eleições, todos os políticos estarão mais próximos de nós, mas assim que o processo acabar tudo isso vai mudar. Se no dia-a-dia, as pessoas não participam das eleições, como é que se espera que agora estejam interessado”.

Borges Nhamire vai ainda mais longe apontando para a fraude eleitoral como uma das principais causas da falta de participação no processo de votação. “As pessoas têm a ideia de que os candidatos são pré-eleitos e, por isso, acreditam que o seu voto não faz nenhuma diferença”.

Aliado a fraude está a falta de credibilidade dos orgãos de gestão eleitoral. “Há um entendimento generalizado de quem decide nas urnas não são os eleitores, quem decide são os orgãos de gestão eleitoral”

Existia a esperança, continua Nhamire, de que o Conselho Constitucional, que é o tribunal supremo elitoral, conseguisse devolver um pouco daquilo que os orgãos eleitorais tiravam as pessoas, mas, infelizmente, o conselho constituicional “bateu o fundo”.

“Se as pessoas não acreditam que o seu voto conta, obviamente, elas não vão votar, entretanto, se elas não votam como é que participam na governação. Muitas vezes as pessoas que não vão votar se alheiam a vida da sua cidade, o que faz com que o espírito patriótico se perca”.

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