Os operadores privados dizem que estão a fazer os seus pagamentos, mas com dificuldades, porque o Governo não está a pagar os subsídios como deve ser, o que dificulta o trabalho.
O presidente da FEMATRO, Castigo Nhamane, reagia, assim, às palavras do ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, e do director-executivo do Fundo de Transportes e Comunicações, Paulo Ricardo, que explicavam que as empresas privadas não estão a pagar a letra para a operacionalização desses autocarros e, por isso, precisam de rever um outro modelo de gestão dos autocarros.
As palavras não agradaram aos operadores por darem a entender que eles não são “incumpridores”, o que fez com que Castigo Nhamane explicasse que, quando o projecto foi desenhado, o contrato previa que as empresas que forneceram os autocarros seriam responsáveis pelo pagamento de seguros e manutenções, e isso foi-se cumprindo até à eclosão da pandemia da COVID-19, quando foram impostas medidas como a questão da lotação dos autocarros, que, de alguma forma, lesava o operador.
“Foi-nos dito que devíamos cumprir com a lotação cumprida nos decretos e que o Governo havia de suportar os prejuízos que iríamos acumular. Isso aconteceu, mas, findos os nove meses do decreto a vigorar, o Governo não assumiu nada dos prejuízos que acumulamos e bem apresentamos. Entretanto, ainda assim, os operadores continuaram a pagar, não na totalidade, mas aquilo que conseguiam”, explicou o presidente da FEMATRO.
Mesmo assim, conforme explicou, dos 350 autocarros que lhes foram entregues há mais de seis anos, 90 por cento estão a funcionar, e desafiou a ver se o mesmo acontece nas empresas públicas.
Nhamane reconheceu, porém, que os subsídios estão a ser pagos apesar de o valor não corresponder à realidade, uma vez que, para cada autocarro, o subsídio mensal é de 16 mil Meticais, “o que não chega nem para comprar um pneu”.
“Como é que esses operadores estão a viver? Eu tenho coragem de dizer que os operadores privados são heróis deste país, porque, mesmo com todas as dificuldades, estão a operar”, sublinhou.
Assumiu, também, já ter terminado o seguro para um lote dos autocarros há um mês, mas que os restantes estão a ser pagos há três anos.
“Acham que é possível pôr um carro a trabalhar durante três anos sem mudar o óleo e filtro? É impossível. Quem está a pagar são os operadores e deviam ser as empresas que foram indicadas a fazer isso. A própria Matchedje, que parou há pouco tempo de fazer manutenção, nem fazia manutenção geral, era ordinária, mudava os filtros e as balatas apenas e, mesmo assim, sempre reclamamos do mau serviço que a Matchedje prestava para nós e, se esses carros estão a funcionar, é pelo esforço do operador e não pelas manutenções oferecidas pela Matchedje.”
Os operadores vão mais longe e dizem que o Governo pode muito bem estudar outro modelo de gestão, mas que o mesmo sairá mais caro em relação ao modelo actual.