O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, diz não compreender a abstenção de Cabo Verde na resolução da ONU que apelava a uma trégua humanitária imediata na Faixa de Gaza. Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros justifica que estava em causa o “interesse nacional”.
“Constato, com pena, que este Governo tem sido muito tímido, beirando às vezes a deslealdade constitucional, na informação e articulação, agindo sozinho, como se isso fosse conforme à Constituição e mais proveitoso para o país”, escreveu o Presidente cabo-verdiano na rede social Facebook.
O Chefe de Estado já tinha dito aos jornalistas, na terça-feira, que não compreendia a abstenção de Cabo Verde, por estarem em causa direitos humanos, lançando um primeiro apelo à concertação neste tipo de matérias.
De acordo com a DW, José Maria Neves foi acompanhado nas críticas pelo partido que o elegeu, o Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição, que classificou a abstenção como um acto de “auto isolamento diplomático”, sobretudo no contexto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou na sexta-feira passada, com 120 votos a favor, uma resolução que apela a uma trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada em Gaza e à rescisão da ordem de Israel para deslocação da população para o sul do enclave.
Votaram contra este texto países como Israel, Estados Unidos, Áustria ou Hungria e, entre os países que se abstiveram, estão Ucrânia, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Iraque e Albânia.