Muitos torciam o nariz pela sua escolha. A avaliar, claro, pela falta de expressão do futebol albanês no concerto das nações. A sua passagem pelo Nacional da Madeira e Santa Clara de Portugal, clubes para o qual se projectara pela porta da Liga Desportiva de Maputo, fazia crer que pudesse dar o salto para ligas mais expressivas.
Mas na Albânia, com a humildade e cultura de trabalho que lhe é característica, venceu.
Pela porta do Laçi, há três anos, deu os primeiros passos numa aventura de três anos que culminaria com a conquista da Taça da Albânia e a bota de ouro, referente à melhor marcador do campeonato com 14 golos na temporada.
Uma época de sonhos para o avançado que, a meio do percurso, viu os Mambas serem afastados do CAN-2019, após um empate com a Guiné-Bissau a duas bolas num jogo em que tinham tudo para vencer.
O golo por si marcado no dia 18 de Novembro de 2018, que mais do que ditar a vitória sobre a Zâmbia, por 1-0, fez renascer as esperanças de apuramento pela quinta vez a uma fase final de um campeonato africano. Mas debalde!
“Não foi fácil conquistar esta bota de ouro. Estava a lutar há muito tempo para poder conquistá-la. Na época antepassada, estava na disputa da bota de ouro. E, posso dizer, a conquista esta temporada foi o culminar de muito trabalho”, regozijou-se o goleador.
Reginaldo não se esqueceu de onde veio. Aliás, recorda que teve que se aplicar a fundo desde que em 2016 integrou o Laçi, clube com o qual foi finalista vencido da Taça da Albânia.
“É culminar deste trabalho árduo ao longo de três temporadas na Albânia. Foram temporada de muito sucesso e, acima de tudo, de muito sacrifício. Estou muito feliz por conquistar a bota de ouro”, notou.
Em Junho, Reginaldo esteve em grande plano ao marcar (77 minutos, quando o jogo estava empatado a uma bola) o golo que ditou a vitória do Kukesi (2-1) diante o Tirana FC e levar à sua equipa a conquista da Taça da Albânia.
Já nas meias-finais havia sido determinante ao marcar um dos golos que ditaram a vitória do Kukesi, por 3-1, diante do Skenderbeu.
“Sinceramente, foi um momento especial porque desde que sai de Quelimane a minha família vinha acompanhando os meus jogos. Desde que saí de Quelimane, nunca tive por perto a minha família. Minha filha nasceu na Albânia. Eu disse para a minha namorada que ela tinha que se deslocar ao estádio porque era um jogo muito especial”, recordou o matador.
O avançado diz ainda que, mesmo depois de perder na final com a sua antiga equipa na última temporada, não baixou os braços. Pelo contrário: continuou a trabalhar arduamente para conquistar o troféu.
“Nós havíamos perdido na final da Taça na época passada. Ano passado, quando chegamos a final, eu disse para mim mesmo que devia levar a minha família. Foi um momento inesquecível ainda para mais por ter marcado um golo. Foi uma noite especial que ficará marcada para sempre na minha carreira”, explicou.
Afinal, Reginaldo, qual foi o segredo para uma época de muito sucesso?
“Tudo na vida temos que fazer com muito amor e sacrifício, sobretudo. Só estar fora do país já é uma dificuldade. E, depois, é chegarmos fora e vencer e conquistar o que eu conquistei. Para mim, é algo que não se explica porque trabalhei muito para isso”.
E há que trabalhar, trabalhar e trabalhar: “Temos que nos sacrificar muito para atingir grandes patamares porque somos transferidos para fora do país para fora para termos rendimento. E, como sabemos, sem rendimento tudo sai mal. Pessoalmente, sou um jogador com objectivos traçados e com foco. Foi o que eu fiz: cheguei lá e trabalhei bastante e quem trabalha conquista o que eu conquistei”, assegurou.
Novos voos…
A aventura pela Albânia terminou. Reginaldo vai seguir outro caminho, ou seja, ruma a outro campeonato. Esse é um facto, ainda que não revele o nome do clube com o qual assinou um novo contrato.
“Já tive outras propostas, claro. Quando se faz uma prova como eu fiz, há sempre clubes interessados. Há clubes interessados em mim. Eu escolhi. Eu decidi partir da Albânia porque o que eu queria conquistar lá já conquistei. Assinei por um novo clube. Não posso avançar agora o nome do novo clube porque ainda vou viajar. Estou muito feliz porque assinei o contrato da minha carreira e da minha vida”.
Ficam, para já e para sempre, os agradecimentos a direcção e a massa associativa do Kukesi. Afinal, sem estes não seria possível chegar tão longe ao nível colectivo e individual.
“Agradecer ao meu clube na Albânia pela aposta. O Kukesi queria que eu continuasse mas o futebol é uma carreira. Eu preferi colocar o ponto final na minha carreira na Albânia. Agradeço a todos que me apoiaram”.
Momentos de amargura
Numa noite de 23 de Março de 2019 que era para ser de alegria, os Mambas transformaram-na num pesadelo.
Estiveram a vencer por 2-1 (com golos de Ratifo, aos 59 minutos, e Nelson Divrassone, no minuto 89) mas deixaram-se empatar já no período de compensação (Mendy, aos 90+4 minutos, fez o golo frustrou os moçambicanos).
Um momento que ficará, de forma negativa, gravado na memória dos jogadores, equipa técnica e…dos moçambicanos no geral.
“A nossa eliminação foi algo muito triste. Foi triste para todos os moçambicanos porque todos queríamos estar no CAN. Eu, principalmente, não estou a acompanhar o CAN porque tinha a certeza que estaria na prova agora”, frisou.
Para o avançado, este é um momento “que temos que tentar ultrapassar e seguir em frente todos juntos”.
Temos que ver aquilo que falhou e tentarmos na próxima eliminatória.