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Estado pode poupar USD 75 milhões por ano

Dados do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, indicam que a factura de importação de combustíveis ronda os 600 milhões de dólares norte-americanos por ano, um encargo que segundo a Autogás poderia ser minimizado.

As contas desta distribuidora, apontam para uma poupança de USD 75 milhões anuais, caso pelo menos 60 mil viaturas utilizasse o Gás Natural Veicular (GNV), por parte do Estado, em detrimento dos carros a diesel e gasolina.

Porém, a Autogas diz que o Governo tem sido contraditório no discurso e nas acções porque defende a massificação do uso do GNV por um lado, mas no momento da importação de autocarros por exemplo, a realidade é outra.

"Estas são questões relacionadas com a gestão do interesse público, em que o Estado tem o seu papel a desenvolver, e no nosso caso, tem havido um discurso de que o gás faz parte da solução energética de Moçambique, mas na prática, pouco se tem visto", revelou o director-geral da Autogás, João das Neves.

Um dos sectores cruciais para intensificar o uso do GNV é o sector dos transportes públicos, geridos (curiosamente) pelo Estado, que detém a maior parte do investimento.

"Neste momento o que tem estado a acontecer, é que é lançado um concurso, e as condições (do concurso) indicam que o fornecedor pode mostrar cotações de autocarros a diesel ou a gás, e naturalmente, como (o gás) é um produto novo no mercado, os preços de um autocarro neste sistema é ligeiramente mais elevado, se comparado a um a diesel", disse.

Aliás, acrescenta Das Neves, "esta é uma avaliação imediatista", porque "não é feita a avaliação de quanto custa a solução do transporte durante a vida útil de um autocarro", ou seja, os custos de operação de um carro a diesel são cerca de 25 a 30 por cento mais elevados que um carro a gás.

Mas os transportes públicos não são o único ponto a desfavor das políticas estatais. Emerge também o facto de "menos de 200 carros do estado, funcionarem com base no gás natural veicular".
 
CUSTO DE CONVERSÃO DE AUTOMÓVEL
Neste ponto, para além dos automóveis do Estado, a Autogás revela que ainda são muito poucos os automobilistas que utilizam estes serviços, porque "ainda são 2300 utentes, que abastecem os automóveis em seis postos de gás", que se localizam na cidade e província de Maputo.

Mas o objectivo "é ter mais, muito mais, por isso estamos a expandir as nossas actividades para Marracuene, Ressano Garcia e Chókwè".

Entre as principais barreiras a este "ambicioso" projecto, está a fraca adesão que deriva da dúvida sobre o custo, por um lado da instalação, por outro, de uma possível conversão do sistema a diesel ou gasolina, para o sistema a gás, ou ainda um sistema híbrido (somente possível nos casos dos carros movidos a gasolina).

A instalação custa entre 40 mil meticais a 150 mil meticais dependendo das especificações do carro. "Para uma viatura ligeira o custo é de 40 mil meticais, e uma viatura de alta cilindragem (oito cilindros por exemplo), e também dependendo do kit que vai ser instalado, pode ir até cerca de 150 mil meticais".  

A conversão de uma viatura que funciona a diesel (não pode ser hibrido), "é uma conversão complexa, e por isso não se justifica (que seja feita) numa cabine dupla, que circula a poucos quilómetros aqui na cidade, e por vezes faz viagens longas", explicou.

Por sua vez, os carros que funcionam com base na gasolina, "são mais simples, pois basta apenas colocar-se um T (meio de alternância) no colector de admissão, onde dum lado ficará o sistema a gás, e do outro, o sistema a gasolina".

Realçando, que o sistema fica a funcionar de forma híbrida, e em função do desejo do condutor que pode escolher uma ou outra fonte de energia através de um botão.

Para além desta vantagem, há também a poupança considerável, já que cada litro custa 31,97 meticais, sendo que os recipientes mais utilizados têm capacidades que oscilam entre 25 a 30 litros.
 

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