O País – A verdade como notícia

Estado de Emergência provoca fome em pemba

Muitas famílias da Baía de Pemba, capital de Cabo Delgado, já estão a passar situações de fome, por terem perdido as fontes de renda devido a limitação na circulação de pessoas imposta pelo Coronavírus.

A situação, segundo apurou “O País”, vai de mal a pior, quase toda população que sobrevive de pequenos negócios da rua, não tem comida em casa.

“Eu conseguia comida para família com a venda de bolinhos e chamuças, mas desde que aconselharam-nos a ficar em casa por causa do Coronavírus, só temos uma das três refeições que estávamos habituados”, revelou Zura Bacar, uma mulher de 48 anos de idade, casada com um desempregado com quem tem 5 filhos.

O problema é grave para os desempregados, mas e extremamente complicado para a população considera pobre e vulnerável,  que em muitos casos, dependem dessas  famílias que já não podem fazer seus pequenos negócios na rua, e de outras  pessoas de boa vontade, que também estão atravessar dificuldades devido a COVID-19.

“Não trabalho nem faco negócio porque sou velha, e recebo comida das minhas filhas e netas, que continuam a ajudar-me, mas agora com dificuldades, porque já não podem sair para a rua onde diariamente conseguiam alguma coisa com a venda de futas”, lamentou Rafica Abdala, uma idosa com mais de 70 anos de idade,
Para minimizar a fome, que agravou-se com as restrições para conter a propagação da COVID-19, uma parte da população está a alimentar-se basicamente de batata-doce, mandioca, abóboras e outros produtos da presente época  agrícola, que no entanto, não é suficiente devido a fraca produção derivada da insegurança.

“Eu sou camponês, e nos tempos livres sou alfaiate, e conseguia comprar carvão, arroz, mas este ano não abri machamba por causa da guerra, e a minha máquina de costura está praticamente parada por falta de clientes, que nos últimos dias vem poucas vezes e só pedem para fazer máscaras”, explicou Nepa Macassare
Entretanto, para minimizar a fome, a população já começou a receber ajuda humanitária de várias organizações não-governamentais, entre as quais, a comunidade Islâmica de Moçambique, que recentemente apoiou 700 pessoas consideradas vulneráveis, com uma cesta básica e máscaras para protecção contra o Coronavírus.

“Com a quarentena, muitas pessoas estão a perder as fontes de renda alternativas devido ao Coronavírus, e nós vimos a necessidade de intervir através de um apoio com uma cesta básica composta por farinha de milho, arroz, açúcar, e outros produtos de higiene, para minimizar o sofrimento dos nossos irmãos na cidade de Pemba”, explicou, Muhammad Hamza, representante do Conselho Islâmico de Moçambique na zona norte do país.

A maior parte da população pobre e vulnerável da cidade de Pemba não tem reservas alimentares em casa,  uma situação crítica que poderá complicar ainda mais o combate ao Coronavírus, uma vez que as pessoas correm o risco de reduzir a sua imunidade devido a fome.

 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos