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Entre revelações, obstinados e dose de experiência

A campanha de qualificação dos Mambas para o CHAN teve vários momentos curiosos. A fase qualificativa serviu como uma oportunidade de revelação para alguns jogadores, outros provaram a sua persistência, mas também houve quem foi determinante com a sua experiência.

Por trás da campanha de qualificação para o CHAN, há uma plêiade que deixou cair uma gota do seu suor em cada relvado por onde passou. A história de uma epopeia marcada por um misto de sentimentos, numas vezes com os sorrisos largos, noutras nem tanto, foi escrita à custa de suor, sacrifício e paciência.

É, afinal, assim que se fazem os grandes heróis e, acima de tudo, se constrói a personalidade de quem não tem mãos a medir para defender uma causa nobre, como é o caso do amor às cores da selecção nacional.

Esses são, na verdade, uma parte da genuína moçambicanidade que reside em cada um dos mais de 30 milhões da população de uma nação marcadamente solidária e altruísta, cujas pessoas enfatizam aquilo que as une e jogam as diferenças para bem longe, sem direito à reciclagem.

Mais uma vez, o sentido patriótico falou mais alto, como em tantas outras ocasiões. Os jogadores despiram-se da capa que os caracteriza como pessoas singulares e vestiram a pele de uma nação, num ponto (Cabo Delgado) dilacerada há cinco anos pelas acções macabras do terrorismo. Conheça a seguir os obreiros da segunda qualificação de Moçambique para o CHAN.

Ernani: Nado no Ferroviário de Maputo e agora ao serviço da União Desportiva de Songo, o guarda-redes moçambicano, que tem merecido confiança de Chiquinho Conde na baliza dos Mambas, foi uma figura determinante durante a campanha do combinado nacional rumo ao CHAN. Ernani transmitiu segurança à baliza dos Mambas, mas também para os seus colegas. É seguramente um dos melhores guarda-redes que o país tem neste momento.

Edmilson Dove: Não tem mais nada a provar. Com o seu talento, conquistou o seu espaço na selecção nacional. Fruto do seu talento, o lateral moçambicano não terminou a campanha qualificativa, pois o Kaizer Chiefs se encantou com o seu talento, sobretudo com a excelente actuação no Torneio COSAFA. Foi um grande líder e um motivador exemplar. Essa conquista é, também, sua.

Chico: Internacional moçambicano ao serviço do Costa do Sol, Chico provou, mais uma vez, ser um jogador com quem se pode contar a qualquer momento. Com a sua experiência, resultante de muitos anos de estrada, o defensor moçambicano foi enorme no eixo defensivo dos Mambas, mormente nas duas partidas contra o Malawi. Chico é dos poucos na actual selecção que fez parte da equipa que garantiu a primeira qualificação dos Mambas para o CHAN, em 2014. Essa é a sua segunda qualificação para a prova.

Infren: O jovem jogador tem sido chamado regularmente à selecção principal, facto que acontece desde os tempos de Abel Xavier. Laborioso e voluntarioso, Infren foi, durante a campanha qualificativa, um jogador que sempre correspondeu às expectativas. Com o seu pulmão de criar inveja, o internacional moçambicano transportou o jogo moçambicano pelo lado direito.

Martinho: Irrequieto, porém fundamental, o defesa da Associação Black Bulls conquistou, fruto da sua entrega, o seu espaço na equipa de Chiquinho Conde. Durante a campanha rumo ao CHAN, deu vida ao jogo sempre que foi solicitado a dar a sua contribuição. É um jogador para o futuro.           

Danilo: Duro e persistente, Danilo encantou Chiquinho Conde. A sua oposta na equipa principal, ainda que meritória, foi, em parte, pelo facto de o então capitão Edmilson Dove ter rumado para o futebol sul-africano. Com essa saída, Chiquinho Conde recorreu a Danilo, jogador com qual alinhou muitas vezes na Taça COSAFA.

Nené: Muitas vezes adaptado a central, Nené não decepcionou. Na última convocatória tendo em vista os dois jogos contra o Malawi, o defesa da Associação Black Bulls tinha sido preterido por Chiquinho Conde. Porém, viria a ser chamado à última hora para fechar o lugar de Danito, que, devido à lesão, não se juntou aos Mambas. Das vezes em que foi chamado a dar o seu contributo, Nené soube corresponder.

 

SECTOR DAS REVELAÇÕES

O meio campo da equipa moçambicana foi o sector em que houve registo de muitas revelações.

Amadou: É um jogador já com alguma tarimba no que diz respeito à selecção nacional. Na recém-terminada campanha para o CHAN, foi um jogador determinante no meio campo dos Mambas. Com a missão específica de “matar” as jogadas dos adversários, Amadou cumpriu o seu papel.

Dário Melo: Ilustre desconhecido ao nível da selecção, o médio da União Desportiva de Songo foi uma das grandes revelações dos Mambas. No jogo da primeira mão contra a Zâmbia, Dário Melo passeou a sua classe, fruto da sua excelente visão de jogo e, sobretudo, da qualidade de passe. É, por isso, mais uma “dor de cabeça” para Chiquinho Conde.

João Bonde: À semelhança de Dário Melo, João Bonde foi, também, uma das grandes revelações. Soube justificar a aposta em si na equipa principal. É um jogador com uma boa capacidade de leitura e com os níveis de confiança elevados. Fazendo dupla com Amadou, Melo jogou e fez jogar. É, seguramente, um jogador a ter em conta nos próximos anos. 

Shaquille: Ó, Shaquille! Já é apelidado menino dos pés mágicos. O pequeno grande jogador justificou, como tem sido habitual, a sua presença na selecção nacional. Com uma enorme qualidade e com a serenidade que se aconselha a um jogador na sua posição, Shaquille Nangy deu brilho ao jogo moçambicano.                 

Nelson Divrassone: Foi pau para toda a obra. O lateral moçambicano foi uma autêntica dor de cabeça para os seus adversários. Intercalando o lado direito e esquerdo, Nelson contribuiu significativamente para a manobra ofensiva do combinado nacional. Fruto disso, marcou o único tento no jogo da primeira mão contra o Malawi. Vale a pena tê-lo.

EXPERIÊNCIA NUM SÓ SECTOR

No sector atacante saltam à vista dois jogadores que carregam uma enorme experiência, no caso, Isac e Telinho.

Isac: Habituado a essas andanças, Isac é dos mais experientes jogadores no conjunto que garantiu a qualificação dos Mambas para o CHAN. O atacante produto do Benfica de Nampula, do professor Abdul Hanane, carrega muitas internacionalizações, tendo já marcado presença em muitas campanhas, inclusive na do CHAN de 2014. Foi fundamental para o grupo de trabalho, transmitindo confiança, principalmente aos mais novos.

Telinho: É um jogador que já não tem nada a provar. O seu percurso, quer ao nível de clube quer no que diz respeito às selecções, fala por si. Na campanha que culminou com a qualificação de Moçambique para segunda maior prova organizada pela Confederação Africana de Futebol, Telinho foi uma peça fundamental. A sua experiência veio ao cimo em vários momentos da campanha.

Lau King: Idolatrado pelos adeptos moçambicanos, Lau King vem-se tornando um matador. Foi responsável pela qualificação dos Mambas para a segunda e última eliminatória, ao marcar o único golo diante da Zâmbia. Numas vezes a titular e noutras no banco, Lau, apesar de nalguns jogos não ter marcado, sempre cumpriu o seu papel, deixando mossa à defensiva adversária.

Melque: Pouco a pouco, vai criando o seu espaço na selecção nacional. Apesar de ainda não ter tido a sorte de marcar golos, Melque deixou mostras de que é um jogador que pode ser referência, futuramente, no sector atacante moçambicano.

Na lista dos obreiros da qualificação dos Mambas, há jogadores que, não obstante o facto de não terem tido espaço, mostraram a sua persistência, até porque tudo é uma questão de tempo.

São eles: Victor Guambe (jogou contra a Zâmbia); Ivan; Mexer; Foia; Edson; Skaba; Yude e Melven.

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