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Eleições na FMF: mediatização desajustada

No final da cerimónia que acabou elegendo Faizal Sidat Presidente da FMF, Tico-Tico “desceu à terra” e proferiu palavras que dão para registar, pensar e cobrar. Disse o ex-capitão dos Mambas, candidato derrotado ao pleito eleitoral: “Se o novo Presidente conseguir, em quatro anos, pôr em prática metade do que o seu manifesto promete, o futebol moçambicano dará um bom passo em frente”.

 

SHOW SEM OFF

Estão quase generalizadas no nosso país, as promessas em campanhas eleitorais, que nunca terão a necessária cobrança, na hora da verdade. É normal ouvirmos dirigentes, aos vários níveis, dizerem que a meta foi cumprida em… xis por cento! O que deveriam referir – e depois justificar – é, pura e simplesmente, que o prometido, por vezes solenemente, não foi cumprido.

As eleições na FMF terminaram. Espero que tenha ganho o futebol, uma vez que todos disseram na véspera que, independentemente dos resultados, iriam contribuir para os passos em frente que todos ambicionamos.

O que achei negativo desse evento? A excessiva mediatização! Ouvimos falar mais de Tico-Tico em poucos dias, do que em vários anos de goleador; Simango Júnior e Faizal Sidat, foram em poucos dias mais falados do que Eva Nga, Miquissone, Diogo ou Jeitoso; personalidades que habitualmente consideram o futebol assunto de “matrecos”, fizeram-se à cerimónia, ganharam protagonismo. Provavelmente só os voltaremos a ver daqui a quatro anos! E como se não bastasse, jornais e noticiários da nossa praça, fizeram as suas manchetes com os resultados das eleições, subalternizando o bi-campeonato das meninas do Ferroviário, na maior prova continental!

 

REDUZIR AS DEPENDÊNCIAS

Virar para África e acertar o passo em relação ao Mundo, é importante. Mas deverá residir aí o foco das nossas atenções? É tempo de reduzir as dependências do “Estado-papá” e dos parceiros. Sobretudo quando para estes, o retorno é quase nulo.

Nesta altura, fala-se da impossibilidade de participação no próximo Moçambola, do Incomáti e Textáfrica. Outros clubes estarão também na “corda bamba”. Como reverter este cenário para que o futebol, como rei dos desportos, passe a depender de si próprio?

Venda de craques, publicidade, receitas dos campos, quotização dos sócios, são a forma de sustento do futebol, como negócio atractivo que é, em todo o mundo!

 

DIFERENCIADORES SIMPLES

Os três manifestos continham assuntos com que me simpatizei.  Gostaria de me deter nas coisas simples, mas que podem marcar diferenças.

– Depois da edificação do “elefante-branco” que é o Estádio do Zimpeto, fazer o mesmo em Inhambane – ressalvadas as dimensões entre as cidades de Maputo e Maxixe – seria um erro. Dividir a verba e fazer pequenos campos nas províncias, traria mais ganhos e a área da formação agradeceria.

– Reatamento dos jogos entre Selecções provincias, como forma de reactivar orgulhos zonais, iria ajudar a aumentar alguma auto-estima adormecida.
– Incluir, sempre que possível, jogos das camadas jovens – para lhes dar visibilidade – antes das partidas do Moçambola motivaria, dando visibilidade aos talentos em embrião.

A finalizar: tal como concedemos fama às qualidades de Ronaldo, Messi e Neymar, mesmo não entrando em eleições federativas, se tivermos que “endeusar” alguém no futebol da nossa praça, então que isso seja feito aos craques e não aos que os dirigem!

 

 

 

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