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Eleições Autárquicas 2023: Filipe Nyusi admite ter havido falhas

O Presidente da República admite ter havido falhas nas eleições autárquicas, no seu entender normais para uma democracia jovem. Filipe Nyusi fez este pronunciamento, hoje, em Maputo, diante do Corpo Diplomático.

O Presidente da República abriu, esta sexta-feira, as portas da sua residência oficial para receber o Corpo Diplomático acreditado em Moçambique que ia cumprimentá-lo por ocasião do ano novo.

Num discurso de quase uma hora, Filipe Nyusi fez a radiografia do país no de 2023 e assumiu que nem tudo correu bem nas eleições autárquicas do ano passado. 

“Foram registados casos pontuais de incitamento à violência que obrigaram as autoridades da lei e ordem procurar serenar os ânimos. Certas irregularidades e excessos, sobretudo, por partidos políticos mereceram o devido tratamento legal. Admitimos ter havido algumas falhas. Somos uma nação ainda em construção. Somos uma democracia ainda jovem”, assumiu o Presidente da República, Filipe Nyusi. 

Entretanto, nem tudo correu mal, segundo o Chefe do Estado. “Nestas eleições, vimos patente em Moçambique a força e a liberdade de poder expressar os seus pontos de vista antes, durante e depois do período eleitoral. Nunca tínhamos visto a sociedade animada, a falar à vontade, a cantar, a dizer aquilo que não está bem ao mesmo tempo. Isto aconteceu naquela dimensão pela primeira vez”, elogiou Filipe Nyusi.   

Aos diplomáticos e membros do Governo presentes na Ponta Vermelha, o Chefe do Estado falou, também, dos recorrentes ciclones que têm assolado o país, como consequência das mudanças climáticas.

“Entre as medidas, importa destacar, reformas e arranjos institucionais para fortalecer as instituições de previsão meteorológica, instalando mecanismos de controlo. Aqui, ressalta a nossa iniciativa Um Distrito, Uma Estação Meteorológica, mas por estamos longe de atingir esta meta, exortamos a sensibilidade de todos os amigos em apoiar este programa por ser a melhor forma de mitigar os maiores danos possíveis resultantes de desastres naturais”, considerou o Presidente da República. 

Para fundamentar a sua posição, afirma o Presidente, “se esperarmos para acontecer para nos darem arroz, mantas e tendas, penso que não. O melhor é a gente sabermos que há-de vir ciclone, então saberemos que medidas tomar”. 

Na componente económica, o Chefe do Estado destacou o crescimento do Produto Interno Bruto, no ano passado, na ordem de cinco por cento e chamou atenção para a diversificação da economia. 

“Nós não queremos o discurso de gás, oil and gas. Nós queremos, também, milho, batata, soja, queremos falar de camarão, caranguejo, de mármore e etc. para diversificarmos a economia. Se estamos a dizer na transição energética, o gás pode ser nocivo e depois se pararmos com o gás, o que as pessoas vão comer”, questionou retoricamente, o Chefe do Estado.

Já quase no fim do seu segundo mandato como Presidente da República, Filipe Nyusi revelou que trouxe a saúde para mais perto dos cidadãos através da iniciativa “Um Distrito, Um Hospital”. 

“Esta iniciativa tem estado a ajudar bastante porque está a aproximar o raio que estava acima de 50, 150 ou até mesmo 200 quilómetros, que as pessoas percorriam para procurar cuidados médicos. As mulheres, as crianças, às vezes sem meios próprios ou ambulâncias para serem levados ao hospital que, muitas vezes, não chegavam. Quando chegassem, era um hospital que os meios básicos de tratamento ou de avaliação não existiam. Isso (a iniciativa) está a ajudar bastante porque se olharmos, nos últimos anos, a qualidade de vida está, relativamente melhor, mas também a esperança de vida dos moçambicanos. Ninguém aos 55 anos está fora do prazo. Estamos a melhorar este rácio”, destacou o Presidente da República.   

Nyusi revelou, ainda, que Moçambique, juntamente com parceiros, vai realizar em Abril deste ano, em Washington DC uma conferência internacional para buscar mais parcerias para a gestão sustentável da Floresta Miombo. 

Na ocasião, os diplomatas enalteceram a liderança do Presidente da República face aos desafios impostos pelo terrorismo e catástrofes naturais. 

“Tudo isto criou grandes desafios ao vosso Governo, que soube enfrentar, no âmbito de uma estratégia bem sucedida e que alcançou resultados positivos, o mais proeminentes dos quais a conquista da credibilidade internacional que abriu um amplo caminho para alcançar a estabilidade económica e dar continuidade ao processo desenvolvimento sustentável”, elogiou Fayez Jawad, embaixador da Palestina em Moçambique, em representação dos diplomatas. 

De resto, Filipe Nyusi sublinhou que o Governo está engajado na consolidação da paz a nível do país e  demonstrou preocupação com os conflitos internacionais candentes, para quais pediu diálogo, sem pré-condições para a sua resolução. 

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