Abrem-se-me fendas na retina
Lâminas em jihad sangrando a dor
Cravada no ventre até ao cabo
– É o meu destino no vasto Moçambique?
Rasgo sulcos no mar da esperança
Ondas sem norte meus rebentos engolem
Se quero alguma ajuda em suplício?
– Apenas paz que se apaga no luzir dos rubis
Na mesma retina
Rasgado de valas e corpos às moscas
Santa a guerra que sangra essa dor?
Outro punhal cravado no ventre até ao cabo
Um legado de angústias em brasa
Rememora alegrias decepadas
No coração da noite
E satânicas sinfonias em jihad
Disparam divinas incertezas
Muidumbe, Quissanga e Macomia às costas
– O trilhar de outros caminhos para a liberdade?
Fecundo na palma a semente da esperança
Dormente em Mocimboa
Sob estandartes de endiabrados versículos
-Oh GOD, who is the DOG?”
Também sou Moçambique!
Na pobre-riqueza das minhas entranhas
Fermenta a embriaguez dos homens
Lascivos ante o Sol de Junho
Oh pátria minha, o teu dormir é letargo
– Ouça novamente a voz: “Surge et ambula!”