Os transportadores Interprovinciais da Junta apelam para o cancelamento da “greve nacional” convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que em apenas três dias causou prejuízos que consideram “incalculáveis”. Entre quinta e sexta-feira apenas um carro de 60 lugares seguiu viagem com menos de 40 passageiros.
Pela primeira vez o país “parou” por três dias devido a uma “greve nacional” que foi convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. A greve começou na segunda-feira, teve dois dias de interrupção, retomou na quinta-feira e foi até sexta-feira. Durante esses dias houve tumultos em vários pontos do país que obrigaram ao não funcionamento de diversas instituições públicas e privadas, sistemas de transportes urbano, interprovincial e internacional.
Na cidade de Maputo por exemplo, no início da noite de quinta-feira, Estrada nacional No 1 (EN1) teve alguns troços bloqueados por barricadas e pneus queimados como são os casos da Estrada Circular de Maputo, próximo ao Estádio Nacional do Zimpeto e na Primeira Rotunda, que dá acesso a bairros como Muhalaze. Na Estrada Nacional No 4 (EN4) no troço que dá acesso à Cidade da Matola que foi igualmente bloqueado, houve viaturas destruídas, os bairros T3, Machava-Sede e Zona-Verde que também ficaram com as estradas bloqueadas.
O cenário de caos repercutiu em várias zonas ao que, no entanto, os transportadores tiveram de paralisar as suas actividades. Durante os três dias, segundo o representante da Associação dos Transportadores Interprovinciais, Gil Zunguze disse que os transportadores estavam “prontos para operar mas não havia passageiros”.
“Com a greve nós sempre somamos prejuízos. Um transportador paralisar só um dia já é um prejuízo enorme e não estamos simplesmente a olhar para nós como transportadores mas também como moçambicanos, porque isso não conta apenas para o interprovincial, também para o urbano, é de lá que conseguimos passageiros”, disse.
E, em representação do grupo, Zunguze diz que as consequências não foram apenas para os transportadores nacionais. “Estamos a falar também do (transportador) internacional que não se moveu, e dos países vizinhos, que é através de nós que se alimentam e é através deles que também nos alimentamos. Todos nós sofremos prejuízos incalculáveis.”
No meio do caos, Zunguze, disse também que durante os dias de greve, alguns passageiros que programaram viagens para quinta-feira, para os diversos pontos do país, apelaram para serem transportados no autocarro que seguia para a província de Tete.
“Por uma força maior tinha de sair um carro para a província de Tete mas com mistura de muitos passageiros que são os próprios passageiros que disseram que tinham de ir. Os passageiros tiveram de ir mas não com o carro cheio, o carro era de 60 lugares mas nem 40 passageiros levou”, disse.
Carla Nhanala, conseguiu a sua viagem que estava marcada para sexta-feira. “A minha viagem estava programada para sexta-feira, mas por conta dos tumultos não consegui, tinha um casamento do meu tio e perdi-o, assim não consigo chegar a tempo de fazer o que ia lá fazer”, referiu. Ao mesmo tempo, Nhanala diz que a “greve é necessária”.
Para os passageiros que não puderam seguir viagem, os bilhetes foram devolvidos e até a manhã deste sábado, apenas dois carros conseguiram seguir, com exceção do autocarro que corresponde à frota Mambone, inhassoro e Vilankulo que está há três dias sem passageiros.