Quatro indivíduos, dos quais um membro das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FDAM) e um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM), encontram-se detidos, na Província de Maputo, acusados de burla e assalto à mão armada.
Depois do trabalho, na noite da última sexta-feira, no Zimpeto, Wilson Maibasse e o seu amigo enfrentaram dificuldades para regressar à casa no bairro Boquisso. Devido à falta de transporte, os dois pediram boleia num “minibus”, no qual se faziam transportar um membro das FADM, um agente da PRM, afecto à Unidade de Protecção de Altas Individualidades e dois civis.
Durante o percurso, um dos quatro indivíduos que deram boleia aos jovens anunciou um assalto com recurso a uma arma de fogo do tipo pistola, supostamente da PRM. Wilson Maibasse conta que perdeu cerca de 130 mil Meticais e vários pertences, entre os quais telemóveis que usava para efectuar as transacções electrónicas de dinheiro.
“Um tirou arma e aquele que estava ao meu lado levou porrada e saiu do carro. Eu fiquei ali e um que tinha usado chapéu me pegou pelo pescoço e os outros levaram tudo o que estava nos meus bolsos, e foi quando me tiraram do carro”, contou Wilson Maibasse, uma das vítimas do referido assalto.
Os indiciados negam o seu envolvimento no crime, mas o agente da PRM alega que estava no “minibus” a convite do primo para um passeio que culminaria com uma visita a um familiar no bairro Boquisso. O cidadão admitiu que a pistola é sua, mas não soube explicar por que razão levou uma arma de serviço para o local do assalto.
“Resumindo, eu não vejo a necessidade de eles dizerem que tiramos arma, se nós éramos cinco e eles eram dois. Será que não podíamos conseguir assaltá-los sem arma?”, questionou o agente da PRM para depois negar a prática do crime: “Nós não os assaltamos, não assaltamos ninguém.”
O outro jovem é membro das FADM e está ainda em processo de formação numa das unidades militares do país. Ele é primo do agente da PRM implicado no mesmo caso e não consegue explicar o motivo pelo qual caiu no mundo do crime.
“Vocês, que dizem que roubamos dinheiro, viram-nos com o tal valor? Não roubei nenhum dinheiro. Estou sem palavras, porque não roubei nenhum dinheiro”, também refutou o membro das FADM.
Henrique Mendes, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), na Província de Maputo, esclarece as circunstâncias em que os suspeitos foram detidos. “Uma das vítimas fez uma fotografia da viatura através de um dos telemóveis que estava ainda na posse de uma delas. A foto ilustrava as características laterais da viatura usada para o crime e foi possível identificá-la, no dia seguinte, estacionada algures nas bombas de abastecimento de combustível. O SERNIC posicionou-se no local à espera de um dos proprietários aproximar-se e foi a partir daí que se deu seguimento do caso até à identificação dos indivíduos (referindo-se aos supostos assaltantes).”
Ainda no SERNIC, na Província de Maputo, foram apresentadas duas viaturas, sendo uma camioneta roubada na Matola e outro veículo ligeiro roubado na África do Sul, encontrado numa residência abandonada em Boane, segundo as autoridades.