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Deslocados de ataques armados passam fome em Gondola

Continuam a chegar na vila de Gondola, província de Manica, famílias deslocadas que fogem das zonas de conflitos armados por temerem as incursões de homens armados.

São famílias que viveram situações de terror que têm sido protagonizados, no seu entender, pelos homens da auto-proclamada Junta Militar da Renamo liderada por Mariano Nhongo nas regiões remotas do distrito de Gondola, com destaque para Chipindaumue, Pindanganga, Mussapadzi e Mucorodzi.

Algumas famílias que fugiram das referidas zonas relataram ao “O País” parte da actuação dos referidos homens que forçaram-nas a abandonar tais lugares para locais seguros.

Rosalina Domingos, encontra-se acomodada no bairro de Mazicuera desde último Sábado e contou que os homens armados chegaram na casa vizinha, tendo roubado 50 mil meticais de um comerciante local, para depois amarrarem-no.

“Grupo Nhongo chegou lá e amarrou o filho do senhor Chequete chamado Ching. Arrancaram o produto que estava na banca e apoderaram-se de 50 mil meticais”, contou a mulher que fugiu na companhia de seus seis filhos, não tendo conseguido levar sequer algum bem.

Manuel Joaquim é outro morador de Mucorodzi que “espreitou a morte”, depois que dois vizinhos seus foram amarrados e também brutalmente espancados por homens armados, que também diz ser liderados por Mariano Nhongo, do movimento rebelde que insurgiu-se com a actual liderança da Renamo, tendo por conseguinte começado a encetar uma série de ataques armados na região centro do país, aliás segundo sua própria revindicação em alguma imprensa nacional e estrangeira.

HÁ FOME NOS CENTROS DOS DESLOCADOS

Entretanto, a nossa equipa de reportagem constatou que nos centros que acolhem deslocados dos ataques armados em Gondola, falta quase tudo, desde alimentos, cobertores até a água, líquido indispensável para a vida humana.

Enquanto gravávamos a reportagem, numa temperatura abaixo de oito graus, um menor de sete anos, estava totalmente estremecido por conta do frio que se fazia sentir, sob olhar penoso dos pais que não podiam sequer ajudar, por falta de condições.

Para os pais que conseguem comida adquirida do dinheiro resultante de venda de lenha que apanham nas matas, a prioridade vai para as crianças que a consome no modo “salve-se quem puder”.

Além de escassez de comida, a água para consumo busca-se no rio Mussatua. E porque a mesma não é tratada, já se fala de doenças de origem hídrica.

“Aqui bebemos água suja, que buscamos naquele riacho ali, muitos de nós passamos mal de diarreias e outras doenças”, referiu Mateus Fungufaia, outro deslocado.

Afinal, as autoridades estão a par desses problemas, dai que entregaram esta quarta-feira uma parte das famílias, comida para os próximos 30 dias. O assunto de água também poderá passar para história com abertura de um furo de água, numa iniciativa do município local.

 

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