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Muitos burladores são reclusos da cadeia da Machava

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O Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM) diz que muitos dos praticantes de crimes cibernéticos estão localizados na zona da cadeia da Machava.

O que era especulação agora é confirmado pela autoridade reguladora das comunicações em Moçambique. Sobre a proveniência das mensagens de burla que circulam nas redes de telefonia móvel, o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique já tem uma resposta.

“Através de algumas plataformas de inteligência artificial, conseguimos constatar que os praticantes destes tipos de fraude estão localizados, principalmente, na zona da cadeia da Machava, em Maputo”, confirma Osvaldo Cossa, técnico de informática no INCM.

Cossa aponta o Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança da Machava, província de Maputo, como fonte principal das mensagens que fazem muitas pessoas caírem nas malhas dos criminosos. O assunto não é novo e reveste-se de várias formas.

Euclides Flávio, munícipe de Nampula, diz que nunca lhe aconteceu, mas conhece uma pessoa próxima, que lida com serviços de moeda electrónica numa das operadoras de telefonia móvel nacionais, que sofreu uma espécie de clonagem de dados, tendo sofrido um prejuízo financeiro considerável.

“Pelo que ela deu a entender, é alguém que já conhece a operacionalização daquilo. Ele já tinha os códigos daquele processo. Foi algo que acabou por lhe criar um desfalque de 26 mil Meticais”.

Os casos mais comuns têm a ver com mensagens de pedido de transferência de dinheiro que, por vezes, chegam de destinatários conhecidos, remetendo, todavia, a transferências para números de terceiros. Nesses casos, para quem sofre esse tipo de burlas, o processo de recuperação do valor perdido ficou mais fácil através da plataforma on-line (fraude-denuncias.pgr.gov.mz), que foi lançada em Fevereiro deste ano para atender a essas reclamações com celeridade.

“Fazendo a denúncia a partir da plataforma, temos a vantagem de já termos incorporadas todas as entidades: a Procuradoria-Geral da República, o SERNIC, os próprios operadores e os bancos. Então, quando alguém denuncia a partir da plataforma, no mesmo instante, a denúncia é visível para todas essas entidades em tempo real, diminuindo o tempo de tratamento da mesma”, assegura Osvaldo Cossa.

De Fevereiro para cá, mais de 2500 denúncias de fraudes dessa natureza foram atendidas na referida plataforma. Contudo o desafio neste sector vai para além da internet, num contexto de terrorismo, onde as telecomunicações são usadas também para fins criminais.

“Há aqui um chamamento para que haja uma solução integrada, porque envolve, não só o regulador; não só os ligados aos serviços de comunicações, mas também outros que são militares e paramilitares”, sublinha Isaías Muanambane, chefe do departamento de Cooperação internacional no INCM.

O Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique garante que, em Outubro, poderá entrar em operação a nova empresa provedora de serviços de internet a satélite, licenciada para o efeito.

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