Faltam menos de dez dias para a festa do Natal e o Terminal Interprovincial começou a ter maior movimento de passageiro no passado sábado. Mas, os transportadores dizem que a existência de muitas praças prejudica o seu negócio.
Termina o ano e os trabalhadores só pensam em estar com suas famílias, seja os que desenvolvem suas actividades na África do Sul assim como os que trabalham na cidade de Maputo. Com o facto o maior lucro vai mesmo para aqueles que fazem do transporte a sua fonte de rendimento.
Com um chapéu-de-sol, as famosas dreads e roupas de trabalho e as suas trouxas de lado. Este era o aspecto de Henrique José, encontrado dentro do terminal da Junta em Maputo, onde procurava um carro que o pudesse levar à Homoine, em Inhambane, sua terra natal.
Henrique José trabalha na África do Sul e não vê a sua família já há sete meses. Bem à porta do carro que lhe vai levar para perto dos seus familiares, Henrique não continha a ansiedade pela chegada. Ele contou que não é só das pessoas que sente saudades, mas também das iguarias que a terra da boa gente oferece.
“Aquilo de que mais tenho saudades é amendoim, mangas e mandioca, já que ainda não há castanhas de caju”, revelou com um sorriso no rosto, acrescentando que foi com estes alimentos que cresceu e por isso está a ser difícil abandonar.
Depois de meses de trabalho, Henrique fez algumas compras para a sua casa, mas agora está a ter dificuldade de levar para casa e isso tira-lhe parte do ânimo, porque teme chegar à casa sem dinheiro para as festas nem mesmo para o regresso ao trabalho.
“O que me apoquenta são os preços para esta carga. Fica a parecer que trabalho apenas para pagar o transporte”, disse.
Como Henrique, muitos outros passageiros já começam a formar filas no terminal interprovincial da Junta para ter transporte de volta à sua terra natal. Todos com foco nas suas famílias que já há meses não podem ver e a saudade já começa a transbordar.
Que o diga José Sitoe que tem em casa a sua mãe, seus irmãos, duas esposas e seus quatro filhos. Sitoe é residente de Tete e estava na “Terra do Rand” já havia oito meses. Agora respira de alívio.
“É uma pena que não possamos partir hoje, tendo em conta que já está tarde e os autocarros de Tete só podem partir amanhã logo cedo”, comentou, sublinhando que esta regra garante a segurança, já que não se anda muito tarde.
Entretanto este movimento começou a registar-se mesmo este sábado, quando faltam dez dias para a festa de Natal, tal como contam os transportadores.
Os transportadores sublinharam que, na verdade, o movimento só se começou a fazer sentir efectivamente no Sábado, sendo que até 16 horas já tinham partido oito machimbombos de mais de 35 lugares cada e inúmeros buses de 28 lugares para destinos como Inhambane, Gaza e Centro do país.
“Em condições normais, sem o movimento da quadra festiva saem, por dia, quatro machimbombos daqueles grandes”, explicou Américo Artur, em representação da associação dos transportadores daquele terminal.
Contudo os transportadores interprovinciais do terminal da Junta não estão muito entusiasmados. Eles dizem que o negócio está a ser prejudicado pela existência de outros terminais na cidade de Maputo.
Ainda assim, estratégia de marketing ou não, o facto é que estes asseguram que é mais seguro viajar a partir do terminal da Junta, já que eles fazem controlo das horas de condução dos transportadores e exigem a lista dos passageiros, assim como os contactos dos respectivos familiares.