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De uma aparente calmaria a focos de confusão na Cidade de Maputo

Foto: O País

A Cidade de Maputo esteve calma nas primeiras horas do segundo dia de manifestação convocada por Venâncio Mondlane. Entretanto, lá para o fim da tarde, os manifestantes começaram a colocar obstáculos na via e a queimar pneus. A Polícia disparou gás lacrimogêneo para repor a ordem.

A Cidade de Maputo acordou com um movimento tímido de pessoas. E grande das que se fizeram à rua são vendedores informais, que vivem um dia de cada vez.

“Saímos de casa para ganhar o pão de cada dia. É a única forma que temos para conseguir comida”, disse Mira, vendedeira informal.

Ainda assim, o medo das manifestações repelia os clientes. “Estas greves estão a afugentar os clientes e nós estamos a passar mal. As pessoas estão com medo de sair de casa”, lamentou Chade Moisés, vendedor informal.

Mesmo escasso, o transporte público estava na rua para garantir a mobilidade de pessoas e bens. “O negócio não está a andar da melhor forma como o habitual. Nas primeiras horas tivemos poucos passageiros, mas no fim do dia, o movimento começa a reduzir. Para não ficarmos em casa, estamos aqui (na rua) a tentar”, contou Isac Tembe, transportador.

E nestas condições, é difícil fechar a receita do dia. “Podemos dizer que estamos a trabalhar. Com falta de passageiros, mas estamos a trabalhar. Não conseguimos fechar a receita. O que conseguirmos, daremos ao patrão”, mostrou receoso Fenias José, também transportador.

Quando tudo parecia estar calmo, lá para o fim da tarde, em alguns bairros surgem focos de confusão.

Ao longo da Estrada Nacional Número, a população atira tudo quanto era obstáculo para a via e a queimar pneus.

Ao comportamento dos manifestantes, a Polícia respondia com gás lacrimogêneo. Os manifestantes dizem que a Polícia é que lhes forçou a agir dessa forma.

“Estamos a fechar a estrada porque a Polícia é que cria fúria em nós. Nós vínhamos marchando sem vandalizar nada, mas a Polícia começou a lançar-nos gás lacrimogêneo. Nós estamos cansados”, esclareceu Elisa Samuel, uma das manifestantes, num tom revoltado.

E no meio disto, houve um ferido. “Eu só estava a atravessar a estrada. De repente, começaram a disparar e a bala do gás lacrimogêneo contra mim. Eu nem estava na manifestação. Sou trabalhador de uma das lojas aqui nas bermas da EN1”, contou Filipe Arnaldo, vítima ferida por bala de gás lacrimogêneo.

Segundo os manifestantes, isto era desnecessário porque eles saíram à rua por uma causa justa.

“Como é que a Polícia ganha a coragem de disparar para o povo? A quem pertence esta Polícia? A Polícia não pertence a nenhum partido. A Polícia não pertence ao povo. E recebe através do povo. Estamos a pedir, por favor! Queremos a paz nesse país”, questionou de forma retórica, Ernesto António, um dos manifestantes.

Enquanto a Polícia repelia os manifestantes de um lado, do outro, eram colocadas barricadas na via.

Depois de a situação estar controlada, a Polícia e os Militares removiam as barricadas.

Só depois disso, era restabelecida a normal circulação de pessoas e bens.

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