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Da OUA à UA: desafios e perspectivas do continente

Os temas sobre a nossa África estiveram sempre no centro das elucubrações, umas estreitamente numa perspectiva filosófica, outras de carácter mais socioantropológico. Maio é o mês de África e sempre vale a pena pensar na nossa querida casa, no nosso berço. É difícil estabelecer fronteiras disciplinares quando o pensamento está engajado por uma reflexão histórica da nossa liberdade.

Como diz o Professor Severino Ngoenha, na sua obra Pensamento Engajado, nós africanos entramos na dita história universal como escravos, colonizados e em fim como objectos e não sujeitos e fazedores da nossa história.

Celebramos este ano o sexagésimo segundo aniversário da Organização da Unidade Africana (OUA) e o vigésimo terceiro aniversário da União africana (UA); esta organização foi criada com o objectivo de lutar contra o colonialismo e neocolonialismo, promover a unidade, solidariedade e cooperação entre os Estados africanos, bem como defender a soberania e a integridade territorial do continente.

É importante mantermos a memória e a celebração em torno de nomes mais importantes que se destacaram nas duras lutas revolucionárias em diversos países africanos como Samora Machel, Nelson Mandela, Amílcar Cabral, Kwame Nkrumah, Léopold Sédar Senghor, Agostinho Neto, Steve Biko, Cheikh Anta  Diop. 

Conquistadas as independências, o que justifica os anos de escuridão em que nos encontramos metidos como africanos, anos que não nos unem e nem facilitam o nosso entendimento mesmo usando o mesmo idioma e linguagem; o que justifica hoje pegarmos em armas e entrarmos nas “matas” largando o doce sabor das independências e fazendo alianças estranhas?

Hoje temos uma nova vaga a chegar às terras africanas em busca de recursos supostamente descobertos ou redescobertos no solo e subsolo dos países do continente africano: minerais, pedras preciosas, gás liquefeito, carvão, plantas medicinais (Castiano). Na verdade, trata-se de uma nova forma da colonização, de cariz financeiro e capitalista que rompe com as fronteiras físicas dos países que não conhecem a soberania das nações. Sabemos que a África vai tornar-se, em breve, um trecho, um continente trecho, um continente para todos os que querem cá vir alojar-se. 

Somos um continente que viverá uma grande mobilidade interna e externa; se assim quisermos, um continente de grandes migrações internas e externas. Mas para tal a África deve superar as vicissitudes da exclusão e pensar na inclusão, no combate à corrupção, pensar na estabilidade política e social, numa educação de qualidade, na saúde, na agricultura e na liberdade total das instituições políticas.

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