A delegação provincial da Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), em Cabo Delgado, suspendeu ajuda humanitária aos deslocados que vivem em casa dos seus familiares e amigos, para evitar “oportunismos” que se tem registado no alistamento de beneficiários.
A decisão foi anunciada pelo Secretário Provincial, que ameaçou retirar o apoio a todas pessoas que não fizerem parte da lista dos deslocados.
“Já não vamos dar apoio às pessoas que estão nas famílias. Agora a nossa ajuda humanitária vai para os Centros de Acolhimento para os deslocados, porque de casa em casa, não é fácil saber quem é ou não deslocado,” explicou André Nhantabe.
Segundo a fonte, a suspensão deve-se a constatação de existência de pessoas que não são, necessariamente, refugiadas que são inscritas nas listas, em esquemas para beneficiação ilícita de ajuda.
Mesmo nos Centros de Reassentamento, de acordo com a fonte, a CVM impõe algumas condições para garantir o donativo que a organização recebe, chegue aos verdadeiros deslocados, especialmente os mais necessitados.
“Não gostaríamos de chegar numa comunidade e encontrar uma lista elaborada, porque nós, Cruz Vermelha, temos capacidade para fazer isso. Nossos voluntários foram treinados para identificar uma situação, fazer levantamento e a devida priorização, para garantir que aquilo que recebemos das pessoas de boa vontade, chegue aos verdadeiros necessitados”, justificou.
A suspensão de ajuda `as vítimas do terrorismo acolhidas fora dos centros de reassentamento poderá agravar a crise humanitária na província de Cabo Delgado, que conta com mais de 400 mil deslocados, dos quais, cerca de metade, vive em casa de familiares, em condições consideradas desumanas.