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Custo do crédito poderá ficar mais barato em Moçambique

O Departamento de Estudos Económicos do Standard Bank prevê mais uma descida da taxa de juro de referência (taxa MIMO) no sistema financeiro. A decisão poderá ser tomada em finais deste mês, pelo Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (BM).

A reboque dos recentes anúncios de investimentos nos grandes projectos de exploração do Gás Natural Liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, o custo do crédito bancário poderá ficar mais barato a partir de finais deste mês.

Actualmente, a taxa MIMO em vigor na banca recuou para 12,75%.
Esta tendência, segundo o economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, poderá ocorrer, igualmente, ao longo do próximo ano, com “algum impacto positivo para a economia nacional”.

“Com o encaixe financeiro resultante das decisões iniciais e finais de investimento no gás do Rovuma, existem vários tipos de impactos que podemos esperar no país. O primeiro seria de alguma estabilidade cambial. Moçambique depende muito de importações. Tem um défice na balança de transacções correntes, pelo que é de se esperar que à medida que iniciar a exportação do GNL, o país vai gerar excedentes de moeda externa, que vão ajudar a manter a moeda relativamente estável”, argumentou o economista.

Neste contexto, e com conforme sustentou, é também de se esperar que o Banco Central esteja mais confiante para continuar a cortar as taxas de juro. “A partir daí, nós pensamos que haverá uma série de efeitos positivos para a economia nacional”, frisou.

“Mas se torna imperioso perceber que o GNL, por si só, não vai resolver os problemas do país. Para que haja estabilidade económica é preciso perceber o papel que a agricultura pode desempenhar em Moçambique e como capacitá-la, para que o país deixe de depender de uma agricultura de subsistência e experimente uma melhoria da produtividade agrícola, assim como o desenvolvimento da cadeia de valor do sector”, apontou Fáusio Mussá.

De acordo ainda com o economista-chefe do Standard Bank, se Moçambique adoptar políticas económicas que ajudem a canalizar os recursos do sector do gás para o da agricultura, visando a sua capacitação e transformação, ter-se-á, a prazo, uma melhoria do rendimento da população.

“Se todo este investimento não for capaz de gerar excedentes a serem investidos para outros sectores da economia, então teremos duas economias isoladas. Uma economia tradicional que não conversa com a nova economia que vai ser gerada pelo gás em Moçambique, colocando-se grandes dúvidas sobre a sustentabilidade e ainda sobre um crescimento económico não inclusivo”, disse.

Entretanto, o economista mostrou-se optimista que “Moçambique saberá tirar o máximo benefício dos recursos do gás, para que possa crescer, sempre olhando para as questões de sustentabilidade, uma vez que esses recursos são esgotáveis”.

Num outro desenvolvimento, Fáusio Mussá indicou que Moçambique enfrenta vários desafios na consolidação da democracia e da paz. Contudo, os recentes investimentos nos projectos de gás da bacia do Rovuma, do ponto de vista económico trazem grandes oportunidades para o país.

Os projectos de Gás Natural Liquefeito são de uma escala de investimento muito superior ao Produto Interno Bruto (PIB). “Se considerarmos os três projectos, em conjunto, estamos a falar de três vezes o valor do PIB de Moçambique”, concluiu.

O economista fez estes pronunciamentos à margem do Standard Bank Master Class, uma iniciativa da Incubadora de Negócios desta instituição financeira, visando a capacitação e desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas (PME), por forma a beneficiarem das oportunidades que os projectos de GNL.

 

 

 

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