O País – A verdade como notícia

Uma chuva excepcional formou lagoas entre as palmeiras e as dunas do deserto do Saara, levando à umidade numa das regiões mais áridas do planeta. Meteorologistas alertam que estas chuvas podem afectar o tempo nos próximos meses.

São chuvas raras e que não se viam há décadas. A precipitação deixou parte do deserto de Saara inundado, concretamente no sudeste do Marrocos. Algumas regiões secas estão agora com mais água do que se viu alguma vez.

Nesta semana, o governo marroquino informou que dois dias de precipitação, no final de Setembro, superaram as médias anuais em diversas áreas que recebem menos de 250 milímetros de chuva por ano, incluindo Tata, uma das regiões mais afectadas, no sul do país.

Estas chuvas, que os meteorologistas designam por tempestade extratropical, podem alterar o curso do tempo na região nos próximos meses e anos, uma vez que o ar retém mais umidade, provocando uma maior evaporação e mais tempestades.

Seis anos consecutivos de seca colocaram desafios a grande parte de Marrocos, obrigando os agricultores a deixar os campos e as cidades e aldeias a racionalizar a água.

De acordo com a Associated Press, a abundância de precipitação vai provavelmente ajudar a encher os grandes aquíferos subterrâneos sob o deserto, que são rochas capazes de armazenar água, utilizadas para fornecer o líquido às comunidades do deserto.

O deserto de Saara, a sudeste do Marrocos, está entre os locais mais secos do mundo e raramente recebe chuvas nestas épocas.

“Vozes da inclusão” é uma exposição de pintura que contempla 20 obras dos dois artistas plásticos. Com a mostra, Vovo’s e Fred Bulande propõem uma reflexão sobre temas como desigualdade social em Moçambique.

José Manhiça, de nome artístico Vovo’s, junta-se, desta vez, a Fred Bulande para propor reflexões sociais profundas através da exposição “Vozes da inclusão”.

A exposição inclui 20 obras dos dois artistas e foi inaugurada esta terça-feira, na Fundação Fernando Leite Couto, na Cidade de Maputo, numa noite em que um copo de vinho e uma troca de impressões entre amigos fez contraste com o mosaico de cores que cobria as paredes do local.

De acordo com o resumo do jornalista Eduardo Quive, em Fred Bulande encontramos o estilo abstrato, com acrílico sobre tela, a expor a complexidade da mente humana, os caminhos que se entrecruzam nesse círculo abstrato que é a vida, com simbologias que variam a cada corpo, cada pensamento e nas comunidades em que se está inserido.

Fred guia-se mais por objectos e paisagem, como a Ponte Maputo-Katembe retratada num dos seus 10 quadros em exposição, para “‘reflectir esses desníveis sociais, falta de humanismo, valores que o mundo está a perder. Como artistas estamos aqui para falar disso’’, declarou.

Mas, conforme escreve Quive, diferente de Fred, Vovo’s Manhiça tem o sentido de comunidade, concebe o ser humano nos seus diferentes estados e sentimentos, os seus estilos de vida; faz o diálogo entre o ser físico, o corpo, e o ser transcendental, o espiritual. Por isso associa as figuras humanas com animais, objectos e toda uma paisagem que coloca o sujeito num espaço.

Em suas obras de Vovo’s Manhiça, que começou a carreira na década 90, tendo, por isso, conhecido vários estágios do desenvolvimento social, baseia-se na observação de factos sociais para apelar que os moçambicanos se incluam nessa metamorfose.

“O país está em vias de desenvolvimento e a sociedade é chamada a se incluir e participar neste processo”, afirmou o artista.

Em ambos os casos, Quive entende que, somos desafiados a encarar a obra, olhar para o interior sem nos descuidarmos do outro e dos dramas da vida.

José Manhiça começou a pintar em 1992, no bairro do Aeroporto, tendo começado a participar em exposições colectivas em 1994. A sua primeira mostra individual teve lugar em 2007, no Centro Cultural da UEM, e a última teve lugar em Macau, em 2021.

No estrangeiro, ainda, Manhiça exibiu as suas colecções em Portugal, na Alemanha, na Suécia, na Espanha, nos Estados Unidos da América e na África do Sul.

Fred Cândido Bulande nasceu em Maputo, em 8 de Agosto de 1984. Iniciou a sua actividade artística em 1992, com artistas plásticos como Tomo e Miro.

Participou em diversas exposições colectivas, nomeadamente: (008-Mozarte, TDM, 35 anos do BIM, e 1ª , 2ª e a 3ª edição do Kulungwana, no Núcleo de Arte, Banco de Moçambique, Associação Moçambicana de Fotografia, uma exposição na Finlândia, Super Marés 1ª e 2ª edição e uma exposição colectiva no Standard Bank e no Núcleo de Arte e workshops dentro do País).

As suas obras estão patentes dentro e fora do país em colecções particulares. É membro da Associação Núcleo de Arte. Actualmente, continua a trabalhar, a tempo inteiro, de modo a desenvolver cada vez mais o seu trabalho, enriquecendo as suas ideias e projectos artísticos.

FOTO – Quadros de Vovo’s e Fred Bulande na exposição “Vozes da inclusão”.

O candidato presidencial pela Frelimo encerrou, hoje, em Maputo, a sua  “caça ao voto” rumo às presidenciais de Outubro corrente. Daniel Chapo prometeu de tudo fazer para devolver a paz em Cabo Delgado, contando, para o efeito, com todos os moçambicanos.

Matola, na Província de Maputo, foi o local escolhido pelo candidato da Frelimo  para encerrar a campanha eleitoral, que durou 45 dias. 

Perante o presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, e outros membros e simpatizantes desta força política, Chapo reiterou seu compromisso de trabalhar para o desenvolvimento do país.

Pese embora confiante no seu projecto de governação, o candidato presidencial pelos camaradas confessou que para vencer os desafios que lhe esperam, caso vença o escrutínio, conta com a ajuda de todos os moçambicanos.

Daniel Chepo disse que o principal pilar do seu pojecto de governação é a paz, sem a qual, segundo disse, não se pode alcançar os outros objectivos.

Por ser a paz o seu principal pilar, Chapo prometeu tudo fazer para restabelecer a paz na província de Cabo Delgado.

“Atacar Cabo Delgado é como se alguém tivesse atacado a todos (…) como moçambicanos a dor sofrida em cabo delgado e sofrida por todos”, disse Chapo.

Trabalhar para acabar com a corrupção e aprofundar as relações internacionais são outros pilares que poderão orientar a governação de Chapo, caso vença as eleições.

No capítulo da corrupção, Chapo disse que, por exemplo, acabar com a cobrança de dinheiro no tratamento de documentos e na candidatura a vagas de emprego na função pública.

A corrupção, segundo o candidato, faz com que “enquanto um grupo de pessoas se enriquece, nos outros fiquemos ainda mais pobres”.

Mia Couto lançou o seu novo romance, A cegueira do rio, esta quinta-feira, no Centro Cultural Moçambique-China. A obra literária traz um diálogo com a História de Moçambique, tendo Niassa como um espaço central.

Às 18 horas desta quinta-feira, A cegueira do rio, de Mia Couto, atraiu diversos leitores ao Centro Cultural Moçambique-China, na Cidade de Maputo. Numa audiência concorrida, o escritor apresentou uma obra literária que, sendo ficção, dialoga com um certo tempo, um certo espaço e uma certa circunstância de um território que hoje é Moçambique.

A cegueira do rio, na verdade, é um romance que atravessa o tempo para, num movimento anacrónico, recuperar do passado episódios dignos de ficção. “Este livro, mais uma vez, foi-me suscitado por um diálogo com a História. Há um episódio verídico, que aconteceu em 1914, em Niassa, na fronteira com a actual Tanzania, que me suscitou uma grande curiosidade porque aquilo é um incidente militar, a guerra ainda estava a começar na Europa, em África não havia ainda. E é um incidente num lugar que não queria existir e que todos quiseram apagar”, disse o escritor.

A fim de dar expressão a um enredo e a um território, Mia Couto fez duas viagens a Niassa. Na província menos povoada do país, o escritor encontrou o que precisou para o seu romance ganhar densidade e essa espécie de ligação à realidade. “Eu acho que a literatura pode fazer esse exercício de nos convidar a ir a esse passado, porque a literatura não está à procura de culpados ou de apontar dedos às pessoas”, sublinhou.
No Centro Cultural Moçambique-China, o novo romance de Mia Couto foi apresentado ao público numa cerimónia realizada em jeito de sarau, com leituras dramatizadas/performances garantidas por Negro, Letícia Deozina e Rita Couto e momento de conversa conduzida por Daniel da Costa.

Para o escritor e jornalista Daniel da Costa, “Sente-se aqui que ele [Mia Couto] está à procura de um certo rumo, de mais chão na sua escrita. Em todas as escolhas que ele faz, parece-me que estava a pegar a periferia e a colocá-la no centro”.

Na cerimónia de apresentação do romance, a Ministra da Cultura e Turismo considerou que A cegueira do rio é um importante contributo para a literatura moçambicana. Por isso, recomendou a leitura do livro do escritor que tem levado a boa imagem de Moçambique além-fronteira.

A cegueira do rio é um livro editado pela Fundação Fernando Leite Couto.

O concerto de celebração dos 50 anos de carreira da cantora Elvira Viegas vai acontecer no dia 22 de Novembro de 2024, a partir das 18 horas, no Centro Cultural Moçambique-China, e, para a organização, será uma homenagem emocionante à trajectória artística da artista que tem sido uma verdadeira referência na música moçambicana.

A cantora Elvira Viegas, cuja carreira teve início num grupo coral no bairro de Mafalala, conquistou o coração de gerações, encantando e inspirando milhares de fãs ao longo de cinco décadas. A sua música transcende fronteiras e é uma parte fundamental do património cultural de Moçambique.

No concerto, Elvira Viegas vai compartilhar o palco com diversos artistas nacionais que foram parte da sua jornada, incluindo Sizaquel Mathombe, Ivone Viegas, Orquestra Xiquitsi, Nelton Miranda, Bernardo Domingos, Djivas, Fadir, Machote, Livio, Ivete, Sacres, Valy, Raimundo, Alvin Cossa e Mangovia, ACCD Ungasoly.

Para a organização, o evento será uma viagem musical que vai narrar a rica história da carreira de Elvira Viegas, destacando as suas influências e contribuições significativas para a cultura artística do país. O concerto tem como objectivo não apenas celebrar o talento inegável de Elvira Viegas, mas também reconhecer a sua dedicação e o impacto duradouro que a cantora teve no panorama musical de Moçambique.
A celebração perspectiva-se que seja única, onde a artista promete proporcionar os expectadores uma noite repleta de emoção e recordações, dos grandes êxitos que perfazem os seis álbuns lançados, intitulados “Ndzi Xikala Vitu”, “Tlanga U Pimela”, “Kusuhi na Mine”, “The Best of Elvira Viegas”, “Tsendeleka” e o ultimo “Ora Chegou”.

De salvaguardar que o portfólio artístico da Elvira é composto por mais de 100 músicas registradas. 99% dessas músicas provêm dos poemas escritos em português, que foram posteriormente traduzidos e moldados para composição musical num exercício exclusivamente realizado pela artista.

A realização do concerto de Elvira Viegas foi anunciado em comunicado de imprensa esta terça-feira, pela produtora Khuzula, que organiza o Festival AZGO.

A 10ª edição da Feira do Livro de Maputo, que decorre de 24 a 26 deste mês de Outubro, no Jardim Tunduro e em vários espaços culturais da Cidade de Maputo, vai contar com escritores, ilustradores, educadores, artistas visuais e pesquisadores. Entre os convidados, contam-se 20 autores brasileiros.

A iniciativa do Conselho Municipal de Maputo inclui sessões de debate, oficinas e conferências sobre literatura, cinema e artes plásticas, juntando escritores em vários espaços da Cidade de Maputo e homenageando os escritores João Albasini e Nelson Saúte.

A grande novidade deste ano é a chegada da Comitiva Brasil, com escritores baianos de diversos géneros e linguagens das áreas de literatura, e bibliodiversidade, das quais se destacam: Adijane Ribeiro, Ananda Santana, Cissa Dias,  Eliane Oliveira, Fátima Santana, Helena Nascimento, Ivanildes Moura, Jessika Oliveira, Katarine Maria, Katiane Gomes, Ladjane Alves, Laiana Alves, Laurita de Sousa, Lorena Ribeiro, Luma Flores, Luzitânia Silva, Manoela Barbosa, Marcos Cajé, Mileide Souza, Nathalia Ribeiro, Rafael Rocha e o Colectivo Liberinas.

A participação dos autores brasileiros na Feira do Livro de Maputo acontece graças à Plataforma Curatorial Flotar, em colaboração com instituições de cultura brasileira. A Plataforma Curatorial Flotar, que foi criada com o objectivo de promover o diálogo internacional entre as diferentes disciplinas da arte contemporânea, vem há mais de 15 anos, actuando na construcão de acervos e arquivos na área editiorial e literartura afro-brasileira.

Segundo a curadora Juci Reis, cofundadora da Flotar, 2010 (Brasil/México): “A participação da comitiva Bahia na Feira do Livro é uma resposta às acções continuadas da bibliodiversidade no Brasil, a cadeia produtiva do livro, que possibilita a democratização da informação e garante a representatividade, neste caso, da voz e escrita afrodescendente.

“A circulação de autoras afro-brasileiras significa resistência, para promover produções independentes e o reconhecimento de novas produções da literatura feita na Bahia, em suas mais variadas formas e expressões e o seu valor para a construção de relações com a literatura africana”, lê-se na nota de imprensa.

Com a participação dos escritores brasileiros na Feira do Livro de Maputo, espera-se que as autoras baianas possam dialogar com a cena contemporânea de literatura em Moçambique e fazer trocas significativa com o público leitor, especialmente promover o discurso sobre bibliodiversidade potencializando temáticas até pouco tempo atrás raras na ficção brasileira.

O académico e escritor, Lourenço do Rosário, diz que é injusto que se diga que, em Moçambique, os intelectuais não falam sobre os assuntos da nação. Para ele, o problema é que não há quem ouça os académicos quando fazem análises da realidade do país.

Hoje, Lourenço do Rosário lançou o quarto volume da colectânea “Singularidades: estudos africanos”. Trata-se de um livro que foi lançado, pela primeira vez, em 1996 e que é um conjunto de textos que o autor escreve com diferentes fins, entre artigos de opinião, crónicas e até prefácios e posfácios.

O livro, lançado hoje, em Maputo, foi apresentado pelo poeta Ricardo Santos, que disse ser bastante importante que se “escute” este autor “irrequieto e irreverente”.

Enquanto escutava Ricardo Santos falar de si e das suas obras, Do Rosário ia esboçando um sorriso de agradecimento e, até, de lisonjeio. Ricardo Santos foi breve, então o mestre de cerimónias tinha de chamar o autor para breves palavras sobre o livro.

Sucede que Do Rosário não quis usar esse momento para falar da obra. Quis, porém, destacar outras coisas que lhe vão à alma. Usou do espaço para falar de uma classe de que faz parte, a dos intelectuais.

Segundo ele, há uma injustiça que se comete à volta desta classe, e essa injustiça consiste na corrente de ideias segundo a qual os intelectuais não falam. Ele nega isso. “Os intelectuais e os académicos moçambicanos falam, mas não têm quem os ouça. Este é que é o problema. Há muita gente a escrever nas redes sociais, nos jornais, nas palestras sobre a nossa realidade, mas não é ouvida”, começou por explicar.

Quando fala dos intelectuais, não se limita àqueles que escrevem. Do Rosário menciona, também, os cantores e todos aqueles que intervêm de diferentes formas. Sucede que, como ele disse, “o destinatário” não está lá presente.

O jornal O País perguntou de quem é, afinal, o ouvido que não está disponível para ouvir pessoas como Lourenço do Rosário. Ele respondeu dizendo que é todo o “poder”, mas não ficou por aí, destrinçou o “poder”.

“Todos os poderes; o económico – os nossos empresários não participam no desenvolvimento do nosso país, participam no crescimento deles próprios, não só os políticos”, clarificou.

Quem fala e não tem quem o escute pode esmorecer. Entretanto, não é isso que acontece aos intelectuais, na opinião de Do Rosário. “Pelo contrário. Agora, as pessoas não esperem que, ao falar, os intelectuais incentivem subversões ou revoltas. Isso não é o nosso papel”.

Antes de interagir com jornalistas, como que a usar a atenção de todos, Do Rosário já tinha dito que esta injustiça não pode ficar assim. “Essa injustiça que se faz em relação aos opinadores devia ser refeita começando por virar os canos das armas para aqueles que não nos ouvem, porque, de facto, é importante que se verifique que a palavra tem voz, mas não tem eco”.

Agora, a outra grande questão é: por qual motivo os intelectuais não são ouvidos? Para esta pergunta, Do Rosário formulou uma hipótese. “Provavelmente porque as pessoas que devem ouvir e modificar a sua forma de desenvolver o cuidado para com os necessitados não estão com os ouvidos muito abertos”.

 

SOBRE A SOBREPOSIÇÃO DE PODERES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

O jurista Abdul Carimo diz que os estatutos do partido Frelimo contêm uma ilegalidade, devido à subordinação do Presidente da República ao partido Frelimo, e entende que a Procuradoria-Geral da República já devia ter intervindo para resolver isso. Carimo diz que o Comité Central deve corrigir este erro o mais breve possível; um pensamento com que Lourenço do Rosário concorda e diz que, mais do que a PGR, a sociedade civil deve fazer esta reflexão.

Antes do artigo de Óscar Monteiro, Teodato Hunguana tinha feito uma intervenção, no ano passado, criticando o facto de o Presidente da República ser, também, do partido com maioria parlamentar. Tanto um quanto outro entendem que devia haver a intervenção do Conselho Constitucional nesse sentido.

Hoje, o jurista Abdul Carimo disse que sente falta de uma outra entidade: a Procuradoria-Geral da República. Assumindo que a Procuradoria tem acesso aos estatutos, Carimo diz que ela devia ter intervindo na qualidade de “guardião da legalidade”.

Lourenço do Rosário concorda, mas diz que, mais do que a PGR, é importante que a sociedade civil discuta a legislação, e congratula o facto de ter sido uma pessoa como Óscar Monteiro a, hoje, trazer este assunto, até porque “eles foram os responsáveis pelos estatutos que tinham consagrado esta situação”.

Nesta quinta-feira, a partir das 18 horas, o Centro Cultural Moçambique-China, na Cidade de Maputo, vai receber a sessão de lançamento do novo romance de Mia Couto, intitulado “A cegueira do rio”.

No seu novo livro, Mia Couto escolhe uma aldeia no Norte de Moçambique como palco de um acontecimento que marca o início da Primeira Guerra Mundial no continente africano. O inesperado incidente militar abre espaço para uma série de misteriosos eventos que culminam com o desaparecimento da escrita no mundo. Livros, relatórios, documentos, fotografias, mapas surgem deslavados e ninguém mais parece ser capaz de dominar a arte da escrita. Os habitantes dessa aldeia são chamados a restabelecer a ordem no mundo, ensinando aos europeus o ofício da escrita e as artes da navegação.

De acordo com a nota de imprensa da Fundação Fernando Leite Couto, que edita o livro, “A cegueira do rio” será apresentado pelo escritor Daniel da Costa, num evento que terá momentos de leitura e performance com Negro, Rita Couto e Letícia Deozina.

A sinopse

Factos e personagens deste livro foram inspirados em eventos reais ocorridos numa e na outra margem do Rio Rovuma, que separa Moçambique da Tanzânia. O primeiro evento foi a insurreição popular que ficou conhecida como a «Revolta dos Maji-Maji» em protesto contra a cultura forçada do algodão. Encabeçada por um líder espiritual chamado Bokero, esta sublevação ocorreu entre 1905 e 1907 e a resposta das autoridades coloniais alemãs resultou num dos mais graves massacres da história de África. Pensa-se que entre 200 e 300 mil camponeses foram assassinados.

O segundo evento consistiu no assalto alemão ao posto militar português de Madziwa em agosto de 1914. Um sargento português e 11 sipaios africanos foram mortos nesse ataque.

No resto, tudo o que se relata neste livro tornou-se verdadeiro a partir do momento em que foi escrito.

 

No passado sábado, o artista plástico Aldino Languana foi eleito novo Presidente da Associação Núcleo de Arte. Nas eleições que duraram seis horas, das 10h às 16h, a Lista B, presidida por Languana, venceu com um total de 42 votos contra 8 da Lista A, presidente pelo artista Micas. O outro voto foi considerado nulo.

Para Aldino Languana, ser eleito Presidente do Núcleo de Arte constitui a realização de um sonho, porque se trata de uma instituição artística especial e centenária, que neste 2024 completa 103 anos de existência. Por isso mesmo, o recém-eleito presidente tem a pretensão de dar um novo vigor a uma das principais instituições artísticas do país, isto é, criar condições favoráveis para que os artistas e os seus projectos sejam valorizados. “Pretendemos reerguer o Núcleo de Arte, porque achamos que, neste momento, se encontra moribundo. Nós fornecemos artistas às principais galerias do país, mas a nossa instituição, aparentemente, está esquecida. Temos de reverter o cenário e valorizar a nossa casa”, disse Aldino Languana, comprometendo-se em dar visibilidade às actividades e a própria instituição.

A Lista B, vencedora das eleições no Núcleo de Arte, inclui Aldino Languana (Presidente), Saranga (Vice-Presidente), Carlos Jamal (Tesoureiro), Matxakhosa (Secretário), Zamba (Presidente da Mesa da Assembleia), João Tovela (Primeiro-Secretário), Raul Ganda (Segundo-Secretário). Já André Mathe assume a função de Presidente do Conselho Fiscal.

Para o mandato de dois anos, Aldino Languana vai trabalhar com dois membros que presidiram o Núcleo de Arte noutras ocasiões, nomeadamente, André Manthe e Carlos Jamal: “Resgatamos os que já presidiram o Núcleo para formar uma equipa forte”, assegurou Languana, prometendo que a primeira iniciativa a implementar é uma página web que vai favorecer a promoção do artista e das artes moçambicanas ao nível nacional e internacional.

Reagindo ainda em relação à eleição, Aldino Languana assumiu que pretende contribuir para tornar o mercado artístico dinâmico em Moçambique e, simultaneamente, criar condições para que os artistas nacionais apresentem os seus trabalhos em grandes galerias internacionais.

Mesmo sem ter tomado a posse, Aldino Languana e a sua equipa já preparam a primeira exposição no Núcleo de Arte, que será de Gonçalo Mabunda. A ideia consiste em levar à sala de exposições do Núcleo de Arte os grandes mestres que se forjaram naquela instituição.

Na função de Presidente do Núcleo de Arte, Aldino Languana substitui Celestino Mudaulane.

Aldino Dinis Languana, de nome artístico Languana, nasceu a 20 de Fevereiro de 1972, em Maputo. Começa a desenhar para se distrair, o que considera primeiros passos da descoberta da sua carreira artística. De 1990 a 1991, frequenta o Atelier Arco-íris onde começa a sua formação artística com o mestre Noel Langa. A partir daí, passa por vários diferentes ateliers, designadamente, o de Vítor Sousa (5 anos), Neto, Carlos Martins (10 anos), Massunga, João Tinga e Samate, onde, trabalhando com cada um desses artistas, enriquece o seu conhecimento técnico nas diferentes modalidades da pintura.

Formado em Ciências Sociais pela Universidade Aberta de Lisboa, em 2007, continua, contudo, a dedicar-se à arte, em aguarela sobre papel. Ainda em 2007, frequenta o curso de pintura em aguarela, em acrílico e em óleo, ministrado pelo professor Ulisses, na Escola Eugénio de Lemos.

Realizou diversas exposições colectivas e individuais, recebeu prémios, foi produtor e realizador cinematográfico e orientou oficinas de pintura e palestras em Moçambique e no estrangeiro. No seu portefólio, constam várias exposições individuais e colectivas.

 

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