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Um grito de revolta poético e empenhado para construir pontes entre culturas e acabar com os medos instrumentalizados que impedem o mundo de dar a volta. É esse o mote do espectáculo que, segundo uma nota de imprensa, resulta da colaboração entre Mia Couto e a companhia multicultural Théâtre Spirale, dirigida por Patrick Mohr. 

“Murar o medo” ou “Murer la peur”, na forma como está a rodar em França e na Suíça, neste mês, aborda a questão dos medos que inibem os seres humanos, mas que fazem o negócio daqueles que têm interesse em mantê-los vivos. 

O medo do desconhecido, o medo dos outros, o medo de perder o emprego ou de não o encontrar, adianta a nota de imprensa, todos estes medos são como muros construídos no nosso caminho. Mas, e se os fechássemos e avançássemos juntos?

“Há, na obra, citações de palavras poderosas de Mandela, Gandhi, Sankara e outros, bem como a música do estilo jazz, o slam e melodias africanas. Murer la peur é um verdadeiro manifesto optimista, cheio de vitalidade e humor, que denuncia os fracassos do nosso mundo e imagina alternativas poéticas e dissidentes”, adianta a nota de imprensa.

Combinando teatro, música e dança, o espectáculo reúne oito actrizes e cinco músicos de uma vasta gama de origens culturais, maioritariamente do Senegal. 

O elenco é enriquecido pela participação de artistas suíços, franceses, italianos, cubanos, burquinenses, sul-africanos e malineses. 

Desde a sua criação, o Théâtre Spirale estabeleceu vínculos valiosos e duradouros com artistas de todas as esferas da vida, especialmente da África. Esta nova criação é uma oportunidade de fortalecer esses laços unindo forças.

Entre actrizes, músicos e dançarinos estão Ami Badji, Mame Diarra, Cathy Sarr, Aissatou Syla, Maimouna Doumbia e Amanda Cepero. E ainda a participação de Khalifa Mbaye, Papis Diabaté, Adama Diop, Fallou Diop, na composição e música. A coreografia é montada por Diwele Lubi e Aïssatou Syla.

A 17ª exposição individual de cerâmica de João Donato tem como título “Alternativas estratégicas: breve manual para os iniciados no n’txuva”. A exposição será inaugurada na quinta-feira, às 18 horas, na galeria do Museu Mafalala, Cidade de Maputo

Com um percurso marcado por exposições no Brasil, Portugal, Reino Unido, Espanha, Suíça, Estados Unidos da América e Moçambique, João Donato, na sua nova individual, apresenta um conjunto de 24 peças inspiradas no n’txuva – um jogo tradicional moçambicano, também conhecido como “xadrez africano”, devido à sua complexa estratégia e cálculos matemáticos.

Na nota de imprensa sobre a cerimónia de inauguração da exposição, pode-se ler que o conceito que guia a exposição nasce das memórias e vivências do artista, entrelaçando o seu imaginário estético com os hábitos e costumes das comunidades moçambicanas.

“Amplamente jogado na costa oriental africana, o n’txuva simboliza a riqueza da diversidade cultural presente na Mafalala, reflectindo séculos de cruzamentos e influências no Oceano Índico. Entusiasta da moçambicanidade, Donato utiliza a sua verve criativa para nos conduzir a uma reflexão sobre memória, identidade e conhecimento tradicional africano. Nesta exposição, ele propõe uma simbiose entre cerâmica e poesia, convidando o poeta Mauro Brito a agregar uma dimensão ilustrativa e poética às peças expostas”, pode-se ler na nota de imprensa.

A curadoria da exposição de João Donato é de Ivan Laranjeira, e “Alternativas estratégicas: breve manual para os iniciados no N’txuva” estará patente no Museu Mafalala até 21 de Abril.

O professor universitário Elísio Macamo lançou, esta sexta-feira, na UP-Maputo, o livro Fazer as coisas com a cabeça. Ao longo da cerimónia, o autor defendeu que nenhuma causa pode ser nobre se para a sua materialização tiver que violar direitos dos outros, referindo-se às incidências da vida social e política em Moçambique 

Entre 1982 e 1984, Elísio Macamo estudou no Instituto de Línguas. Nessa altura, as aulas eram leccionadas na actual instalação da Universidade Pedagogica de Maputo (UP-Maputo), no Campus do Museu. Entre memórias e emoções, nesta sexta-feira, o sociólogo voltou a “casa” para lançar o seu mais recente livro, Fazer as coisas com a cabeça, editado pela Ethale Publishing. 

Durante a sessão, o sociólogo teve a oportunidade de se referir ao seu novo livro, às suas motivações e de conversar com o público, sobretudo estudantil, que esteve na Biblioteca Central da UP-Maputo.

Entre vários assuntos tratados, e respondendo a perguntas colocadas pelo moderador da sessão, Duarte Amaral, e pelo auditório, Macamo falou de tudo um pouco: de livros, do tempo, do espaço, da vida universitária e de Moçambique.

 Ao pensar o país, o académico não ignorou o actual contexto social e político, tendo dito que uma das formas mais seguras de validar o que se pensa saber é através da ciência. Para o autor, na ciência não é válida a percepção de que se deve reger pelo modelo democrático, ou seja, o que a maioria decide é o que está correcto. Não. A ciência, lembrou, faz-se valer de acordo com os seus próprios critérios.

Ainda sobre a democracia, Elísio Macamo afirmou que há muita gente que pensa que o bem-estar, numa sociedade democrática, decorre apenas da aprovação de uma constituição. No entanto, é sempre necessário lutar-se pelos direitos constitucionais, pois nada, em política, é dado de bandeja. “O problema é que isso traz outro problema, da resposta da violência contra a violência. Mas os países mais estáveis são os que mudaram o seu sistema político de forma pacífica. Por isso eu sou mais pela reforma e pela via pacífica, porque nenhuma causa pode ser nobre se para sua materialização tiver que violar direitos dos outros. Por isso nunca estaria a favor da violência para alterar o sistema político”, garantiu.

 No entendimento de Macamo, “uma sociedade morre, quando não se preocupa em debater os métodos das questões”. Até porque no país, disse, articula-se muito a opinião de uma pessoa com a pessoa. “Temos dificuldade de separar o que a pessoa está a dizer com quem é”. E a certa altura da conversa, reforçou: “é sensato que se procure compreender como se pode pensar o país de maneira que se limite os danos das pessoas que cometem erros”.

O livro Fazer as coisas com a cabeça, de Elisio Macamo, foi apresentado (de forma virtual) por Patrício Langa, para quem o exército de debater na esfera pública é similar ao exercício físico, como ir ao ginásio. Nesse sentido, defendeu Langa, Macamo é um intelectual que privilegia o país, porque se preocupa com o intelecto dos moçambicanos. 

Para Patrício Langa, Fazer as coisas com a cabeça é uma excelente indução à arte de argumentar, principalmente porque “Vivemos um momento particular, em que a esfera pública é dominada pela opinião”. E o apresentador do livro acrescentou: “A sociedade se constitui e se faz no debate de ideias”. 

O anfitrião da sessão de lançamento do livro foi o Reitor da UP-Maputo. Para Jorge Ferrão, o livro Fazer as coisas com a cabeça “é um convite para entender que, nos tempos em que vivemos, com abundância de informação, precisamos de nos cuidar”. 

Igualmente, o reitor da UP-Maputo prometeu que este será um ano de muita celebração e convívio académico, com várias sessões e debates para ajudar a serenar a sociedade. “A universidade tem ajudar a serenar as mentes”, sublinhou Jorge Ferrão, reforçando, de seguida, que Elisio Macamo “é um dos expoentes da vida acadêmica e pública em Moçambique. Uma cabeça brilhante. Um dos nossos melhores intelectuais”. 

Para a Ethale Publishing, representado Jennifer Banze, Fazer as coisas com a cabeça reúne textos que constituem força motriz para mudança de mentalidades. “Por isso apostamos nos seus [Elísio Macamo] trabalhos, pela capacidade crítica e reflexiva [que despertam], para não tomarmos opiniões precipitadas ou erradas”. 

 

“Oxigeniosia”, da autoria de Franklin Gravata, e “O Clamor do Tambor Negro”, da autoria de Vally Moronvick, serão lançados no dia 28 deste mês, no Centro de Interpretação Samora Machel, na cidade de Tete, a partir das 16 horas.

“Em ‘Oxigeniosia’, Franklin Gravata apresenta uma poesia de amparo para os dias cada vez mais sombrios que todos nós, em algum momento, encaramos nas nossas vivências”, adianta a nota de imprensa da Mapeta Editora, que acrescenta: “É uma proposta para rir, chorar, amar e odiar, sendo, enfim, um pilar para aqueles que, mesmo vergados pelas dificuldades, continuam a sua caminhada”.

Franklin Gravata, nascido a 27 de Abril de 1991, na cidade de Chimoio, província de Manica, é leitor e curioso na arte da escrita. É formado em Relações Internacionais e Diplomacia pelo então Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) de Maputo. Publicou o livro de poesia Sereia do Zambeze (2020).

Em “O Clamor do Tambor Negro”, Vally Moronvick desafia as correntes que a sociedade impõe ao modo de vida, convidando o leitor a reavaliar o mundo ao seu redor. Cada poema é uma batida firme do tambor, ressoando com uma urgência que nutre o espírito, enquanto questiona as normas e provoca uma revolução silenciosa na mente.

Vally Moronvick é o pseudónimo de Valissóvia Felizardo Alexandre Paiva. É formado em Ensino de Português pela extinta Universidade Pedagógica – Delegação de Tete, e em Português como Língua Segunda pela Universidade de Santiago, em Cabo Verde. É também formado em Teologia pela Universidade Teológica de São Paulo – UNITESP, Brasil. Actualmente, é docente na Escola Secundária de Fonte-Boa-Tsangano, em Tete.

Ambos são livros de poesia, editados pela Mapeta Editora.

“Conhecimento Religioso: Entre a fé e a razão” é o título da obra de estreia de Joel Macedo, a ser lançada no dia 27 deste mês, no Centro Cultural Português da Beira, a partir das 18 horas.

Segundo uma nota de imprensa, a obra aborda a intrincada relação entre o invisível e o visível, o confronto eterno entre a fé e a razão, num percurso que atravessa os primórdios da humanidade, muito antes do surgimento da Filosofia e da Literatura.

“O autor explora temas que desafiam a percepção comum da divindade, propondo até a possibilidade de que o universo seja fruto de um jogo divino, repleto de enigmas e questionamentos sobre o propósito da existência”, pode-se ler na nota de imprensa.

Joel Macedo é formado em Ciências da Educação com habilitação em Educação de
Adultos, pela Universidade Licungo. Desde cedo, demonstrou um profundo interesse por questões existenciais, que foi intensificado pelo seu encontro com a Bíblia e a Filosofia, que o inspiraram a buscar respostas e a compreender o sentido da vida.

Com a chancela da chancelada Mapeta Editora, a apresentação estará a cargo do académico Edu Manuel, Doutor em Ciências da Educação com especialização em Organização do Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores pela Universidade de Coimbra, em Portugal.

Texto de apresentação do livro “Zero sobre Zero: O espião que veio de Kigali”, de Aurélio Furdela, pela Dra. Aspácia Madeira, que modestamente considerou, no acto, o convite do autor um desafio demasiado ousado para as suas capacidades intelectuais:  Por que eu? – perguntei-lhe –  E ele (Furdela) respondeu-me de forma evasiva: Eu sei que tu és capaz!

Pois então veremos:

Começando pela informação bibliográfica geral do livro, a obra intitulada “Zero sobre Zero: O espião que veio de Kigali”,  escrita por Aurélio Furdela, teve  o primeiro lançamento em Maputo, pela Alcance Editores, seguido deste acto, na Cidade de Inhambane, hoje 21 Fevereiro de 2025.

Pressupõe-se que o interesse do autor pelo lançamento da obra também na Província de Inhambane, prende-se ao facto de este possuir as suas raízes ancestrais nesta parcela do País, facto que vem assinalado na obra através de momentos históricos dolorosamente marcados pelas guerras, com uma subtil referência à Localidade de Mucodoene (Morrumbene).

Zero sobre Zero: O espião que veio de Kigali” e uma obra policial com um enredo rico pela quantidade de informações expostas e pela profundeza objetiva dos factos narrados ao longo do romance, facto que torna o livro agradável de se ler, permitindo ao leitor explorar outros mundos inerentes ao ser humano, sejam estes sociológicos, psicológicos e espirituais (obscurantismo e superstição). Propriamente, o enredo rola em volta de uma investigação policial que, como refere Gabriel Muthisse no prefácio do livro, Moçambique não tem tradição neste género literário, mas não implica que não tenhamos vivências com este tipo de literatura, principalmente para os que pertencem a era do livro e não do telemóvel…!

Uma das grandes particularidades desta obra reside no facto do autor ter escolhido um local geográfico por muitos conhecido, a Cidade de Maputo, com as suas avenidas e esquinas na obra mencionadas, o que com alguma facilidade coloca o leitor no centro do cenário com autonomia de julgar e criar sentimentos de aversão ou simpatia pelas personagens que compõem o enredo.

Voltando à objetividade da obra, destaca-se nela a forma destemida como o autor, em que provavelmente terá aqui vingado a sua formação em História, escolheu dois assuntos actuais envolvendo por um lado, a espionagem entre nações africanas usando como motivação, acontecimentos reais ocorridos em Maputo e reportados pela imprensa local, citando:

Empresário ruandês da área de comércio, Revocat Karemangingo, a residir em Moçambique desde 1996 – onde se refugiou após o genocídio no Ruanda em 1994 -, foi morto a tiro perto de casa quando voltava de carro, sozinho, de um dos seus armazéns de venda de refrigerantes e cerveja.”

Por outro lado, o autor narra cenários comoventes do sofrimento humano ao descrever a experiência vivida por emigrantes africanos ao longo da travessia marítima para a terra prometida, que os transforma em eternos escravos de seus “benfeitores”:

  Os herdeiros do Reverendo Candanga poderão cobrar a dívida ao filho de Joseph! ─ explicou Vinheta ─ É um sistema em que se herda a dívida dos pais… a criança será raptada e escravizada, ou morta!

Com uma habilidosa e atrevida criatividade-imaginária,  o autor interliga ambos os assuntos (reais e fictícios)  e novas ideias se formam, novos desfechos nascem, levando o leitor, que por inerência dos factos se torna também num investigador, a surpresas típicas de um romance de investigação policial concebido com muito esmero, mostrando aqui a maturidade profissional do autor ao basear-se em acções reais e as transformando em algo fictício, cujo desfecho parcial se torna receptível ao leitor-investigador.

Tratando-se de uma história com enredo em África, Furdela não descura a abordagem do submundo espiritual retratando-o em diferentes contextos em forma de obscurantismo, superstição e religião.

Porém, alguns enigmas ficam por ser desvendados, sugerindo à continuidade, mais criações com ou sem desfechos, mas com a mesma degustação com que Furdela nos brinda neste romance. Um segundo volume se espera e, decerto, continuará a estimular a nossa imaginação.

Bem-haja Aurélio Furdela! O leitor-investigador aguarda por pistas!

Recomenda-se!

Inhambane, 21 de Fevereiro de 2025

 

A partir das 20 horas de hoje, a banda 340ml, na Sala Grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), na Cidade de Maputo, sobe ao palco para o primeiro de dois concertos naquele local. 

O concerto extra é descrito como uma oportunidade imperdível para quem não conseguiu garantir entrada para a primeira data anunciada. No caso, 14 de Março. 

A banda, que regressa aos palcos após uma longa pausa, promete um espectáculo memorável, trazendo de volta os temas que marcaram uma geração, como o icónico “Midnight”, e muitos outros clássicos que consolidaram a sua influência na cena musical africana.

Após os concertos em Maputo, 340ml segue em mini-tour pela África do Sul, com actuações em Joanesburgo e Cidade do Cabo, dando continuidade ao seu regresso muito aguardado.

340ml é uma banda moçambicana formada em 2000, conhecida pela sua mistura de Reggae, Dub, Jazz, Afrobeat e outras influências globais.  Criada em Joanesburgo,na África do Sul, por quatro amigos moçambicanos – Pedro da Silva Pinto (voz), Tiago Correia-Paulo (guitarra), Paulo Chibanga (bateria) e Rui Soeiro (baixo) –, a banda construiu um som próprio, inspirado tanto pelas suas raízes moçambicanas como pelo ambiente multicultural em que viveram. 

O álbum Moving (2003) trouxe-lhes reconhecimento, com Midnight a tornar-se um hino para muitos fãs. Em 2008, Sorry for the Delay venceu dois South African Music Awards, incluindo Melhor Álbum Alternativo e Melhor Engenharia de Som.

A 340ml já passou por grandes palcos em África e Europa, levando o seu som a novos públicos. Mesmo depois de se separarem em 2012, continuam a inspirar músicos e a marcar a história da música africana.

A artista plástica moçambicana Fauziya Fliege inaugura, decidiu levar a exposição intitulada ‘Woman Rising: A Celebration of Power and Progress’ (Mulher em Ascensão: Uma Celebração de Poder e Progresso, em inglês).

Com inauguração esta quinta-feira, na Galeria de Arte África em Osu, a mostra apresenta explorações artísticas do empoderamento feminino, do progresso e da resiliência.

A exposição que cruza 15 obras de arte que foram criadas entre Costa Rica e Gana, onde a artista reside actualmente.

Conhecida por destacar a força e determinação da mulher, em especial a mulher africana, Fauziya optou por expor estas obras poucos dias depois da celebração do Dia Internacional da Mulher.

“Aliás, o próprio título – “Mulher em Ascensão” – convida-nos à celebração das realizações femininas, e, também, uma forma de inspirar e gerar discussões sobre igualdade de género e empoderamento. Para além disso, esta exposição que pretende decorrer por uma semana sugere uma representação dinâmica das mulheres que não estão apenas avançando, mas prosperando, apesar dos desafios sociais diversos, tal como os desafios enfrentados pela autora destas obras enquanto artista africana na América Central, onde viveu por quatro anos”, pode-se ler na nota de imprensa.

Para além do crescimento e trajectória ascendente, enfatizando o empoderamento e

a resiliência, a mostra ‘Mulher em Ascensão’ honra o progresso, enquanto um esforço contínuo, mas também traz elementos que sublinham a força, influência e o impulso para a frente, instigando a reflexão sobre as conquistas passadas e futuras das mulheres.

A exposição serve como um grito de união, encapsulando o espírito e a intenção das obras em exibição, com a expectativa de atrair o público a engajar-se com as narrativas da força feminina e com a busca incessante pela igualdade.

Importa realçar que esta é a primeira exposição individual da artista moçambicana em Ghana, mas não a sua primeira acção criativa.

Recorde-se que, em Outubro do ano passado, a artista foi a única estrangeira a participar da  exposição ‘Women in Art’, cujo tema era ‘Encontre a sua voz’. A mostra de artes plásticas reunia 20 artistas femininas para a expressão e a celebração da diversidade de vozes femininas na arte.

“Agente da passiva” é o título da exposição da artista plástica Maria Chale, a inaugurar esta quarta-feira, 12 de Março, às 18 horas, na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), Cidade de Maputo. 

“Agente da passiva” reúne dois conjuntos de quadros, de linguagens diferentes. O primeiro, adianta a nota de imprensa, são obras de pintura abstrata utilizando a aguarela sobre papel e sobre madeira, numa tentativa de traduzir o que se passa no seu interior, como se fosse um corpo, com as artérias, os músculos e os órgãos vitais expostos. São obras “moldadas pelo imprevisível encontro entre água e pigmento, oferecem uma leitura mais introspectiva e intuitiva da transformação. Uma reflexão sobre sentimentos de impotência, à luz de fenómenos correntes, sociais e políticos, onde a artista explora a sua própria passividade face à entropia da cor, onde o traço lhe pertence, mas o resultado está fora das suas mãos”, segundo Lumina Baptista, citada na nota de imprensa da FFLC.

Por outro lado, a exposição reúne um conjunto de retratos, em aguarela e acrílico sobre papel. “Os retratos captam feições delicadas, em uma reflexão sobre o equilíbrio entre a permanência e a mudança. Com expressões expectantes, os agentes propõem uma meditação sobre a vulnerabilidade humana frente à fluidez das experiências, em uma ponte entre expectativa e realidade”, escreve Lumina Baptista, no texto que nos introduz à exposição, pode-se ler na mesma nota de imprensa.

“Agente da Passiva” é, assim, um diálogo entre o actor e expectador, entre artista e obra, e entre o que pode ser feito e o que pode ser controlado.

A mostra tem curadoria de Yolanda Couto,

 

SOBRE A ARTISTA 

Maria Chale é uma artista visual de Maputo. Desde tenra idade, demonstrou um talento para as artes visuais e o artesanato. A sua visão criativa, aliada a um pensamento metódico, levou-a a licenciar-se em Arquitectura e Planeamento Físico, pela Universidade Eduardo Mondlane. No entanto, foi fora da sala de aula que a sua criatividade floresceu, verdadeiramente, quando, em 2013, começou a receber encomendas de retratos.

O percurso da sua evolução artística tornou-se evidente com a sua estreia em exposições, em 2018, ao participar numa mostra colectiva na galeria 16Neto, Cidade de Maputo, seguindo-se a sua primeira exposição individual, “Motif”, no mesmo espaço, em 2019. A partir daí, consolidou a sua posição no mundo das artes visuais com múltiplas exposições subsequentes, destacando-se a sua participação na instalação temporária “Vocal Streets: Poéticas do Quotidiano”, em 2022. A experiência multimédia imersiva permitiu-lhe conjugar a sua perspectiva artística com o conhecimento arquitectónico, através da cenografia.

Especializada em grafite e aguarela, com cores vibrantes e delicados toques de folha de ouro, a sua obra reflecte a natureza multidisciplinar da artista. 

As suas peças retratam e reinterpretam realidades espaciais, históricas e sociais, apropriando-se de narrativas e conferindo-lhes uma nova perspectiva.

Além das suas criações cativantes, Maria Chale partilha a sua paixão através da dinamização de workshops de aguarela, onde o seu percurso, experiência e entusiasmo servem de inspiração para aqueles que desejam explorar novas formas de expressão.

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