Maputo acolhe, de 4 a 14 de Setembro próximo, o Torneio de Apuramento às eliminatórias da Liga Africana de Basquetebol, competição que irá contar com a participação do Ferroviário da Beira, Costa do Sol, Desportivo Maputo e Ferroviário de Maputo. Os “locomotivas” do Chiveve partem para esta competição com fortes ambições, mesmo sem o desejável ritmo competitivo.
Sem competições regulares devido aos condicionalismos impostos pela COVID-19, o Ferroviário da Beira espera superar a falta de ritmo competitivo para assegurar a única vaga que dá acesso às eliminatórias da BAL a realizarem-se em Outubro na vizinha África do Sul. Para já, segundo o vice-presidente do Ferroviário da Beira, Carlos Crispim, o clube vai apostar na “prata da casa” para atacar esta competição.
A COVID-19 condicionou a realização de provas de basquetebol em todo o país. No caso específico da cidade da Beira, a situação é ainda mais complicada dado o número reduzido de equipas e falta de pavilhões em condições para acolher competições. Como é que o Ferroviário da Beira irá se posicionar no Torneio de Apuramento às eliminatórias da BAL, tendo em conta este condicionalismo?
O Ferroviário da Beira já está a preparar-se para esta prova. Infelizmente, não temos competições. E o plano preparatório é, essencialmente, virado para as sessões de treino planeadas pela equipa técnica. Naturalmente, queremos que a equipa esteja ao mais alto nível mesmo sem competições. Queremos ter uma equipa muito competitiva no Torneio de Apuramento. Sabemos que as outras equipas têm os mesmos objectivos e intenções mas é preciso compreender que o Ferroviário da Beira procura atingir resultados favoráveis que nos fogem há algum tempo. Esta prova, de forma específica, para além de trazer um ganho financeiro projecta a imagem dos clubes. É por isso mesmo que vamos disputar esta prova.
Para atacar as várias frentes em que estará envolvido, o Ferroviário da Beira contratou o treinador espanhol Luiz Lopez por um período de dois anos, sendo esta figura que conduziu a equipa à conquista dos campeonatos nacionais em 2012 e 2014…
O Luiz Lopez foi contratado por várias razões. Primeiro, porque terminou um ciclo com o antigo treinador Nasir Salé que fez um bom trabalho em termos organizacionais e competitivos. O Ferroviário da Beira teve ganhos substanciais mas, infelizmente, desportivamente nesta fase só ganhámos um campeonato. O Luis Lopez vem com outras obrigações.
Aquilo que nós discutimos com o Luiz, essencialmente, é gerir o plano de formação. É importante que a gente faça isso. A título de exemplo, nós temos quatro jogadores da nossa formação no plantel sénior.
O Luiz tem que atingir os principais objectivos que passam pela conquista das principais provas. Há uma primeira prova que é o Torneio de Apuramento às eliminatórias da Liga Africana de Basquetebol. Queremos ser a equipa que representa Moçambique. Temos também as intenções de atacar o título na Liga Moçambicana de Basquetebol, prova que em princípio se vai realizar em Novembro e é para isso que nós estamos a trabalhar. O Luiz conhece, de facto, os cantos da casa. É um treinador que trabalhou no clube cerca de três anos com resultados notáveis com duas conquistas de campeonatos nacionais para além de ter desenvolvido um bom trabalho no quadro da formação.
O sucesso do Ferroviário da Beira no basquetebol está associado, de certa forma, à contratação de atletas estrangeiros como Kejuan Johnson e Jeffrey Fanhbulleh. Para o Torneio de Apuramento, o Ferroviário da Beira vai ao estrangeiro buscar reforços ou irá privilegiar a prata da casa?
Neste momento, estamos a trabalhar com dezasseis atletas nacionais. Como deve compreender, o Ferroviário da Beira fez algum investimento no plantel com a contratação de alguns jogadores de referência no basquetebol moçambicano.
Na última conversa que tive com o Luíz Lopez, ele mostrou-se bastante satisfeito com o trabalho que está a ser desenvolvido pela equipa. Para já, vamos atacar esta prova com jogadores nacionais pois ainda não me foi feita nenhuma proposta pelo treinador para a contratação de jogadores estrangeiros.
Se se justificar, naturalmente que iremos fazer mas para já achamos que podemos atacar esta prova com os dezasseis jogadores que temos neste momento a treinar. É assim que nós vamos fazer para que, mais para frente, vejamos se se justifica a contratação de jogadores estrangeiros ou não, mas este será um plano “B”.
Em 2017, o Ferroviário da Beira terminou a sua participação na Taça dos Clubes Campeões num honroso sexto lugar, numa prova que contou com a participação de 12 equipas. Esta prestação, ainda que num contexto diferente, acresce as responsabilidades da equipa e direcção no Torneio de Apuramento à BAL?
Sim. O Ferroviário da Beira tem feito um investimento grande ao nível do basquetebol. Nós temos um espaço enorme no basquetebol moçambicano. Naturalmente, temos a obrigação de fazer mais e melhor em qualquer competição em que participamos. Mas, acima de tudo, pretendemos ser uma equipa competitiva e sempre orientada para atingir os principais objectivos.
Neste caso específico, queremos ser a equipa que representa Moçambique nas competições africanas. É preciso, acima de tudo, que mostremos isso jogo a jogo e sejamos a equipa mais regular.
Esta competição irá contar, para além do Ferroviário da Beira, com a participação do Ferroviário de Maputo, campeão nacional, Costa do Sol, vice-campeão, e ainda o Desportivo Maputo. Em ternos competitivos, o que espera da prova?
Eu espero que, acima de tudo, haja alguma publicidade do nosso basquetebol que não está a ser praticado. Vi, ao nível de Maputo, uma prova que traz alguma divulgação e publicidade do nosso basquetebol. Refiro-me ao Torneio Nutrição que recentemente terminou. Mas como deve compreender não tem havido provas de forma regular por conta da COVID-19. Espero que as equipas sejam competitivas mesmo sem rodagem e jogos de preparação. Acredito que as quatro equipas que irão participar nesta prova irão trazer muito basquetebol e que ganhe a melhor.