A pandemia da COVID-19, que dura há um ano no país, já causou graves problemas na vida de muitas mulheres, em particular, as que dependem do “negócio informal” para a sobrevivência. As vendedeiras de frango e magumba, na Costa do Sol, retiradas, no ano passado, por conta da pandemia, contam que desde então, os seus dias tem sido de muita incerteza
Sandra e Adélia eram vendedeiras de frango e magumba (um tipo de peixe apreciado localmente) na praia da costa do sol, fazem parte das 209 mulheres que dali tiravam o seu sustento, mas por conta da nova realidade, há um ano que suas vidas mudaram completamente.
Falam de sofrimento, tristeza e muitas dificuldades. Segundo elas, quando foram retiradas do local (praia da Costa do Sol), a promessa era que voltariam a praticar as suas actividades, logo o mais logo possível. Um ano depois, o esperado retorno, continua longe do horizonte.
“Quando nos tiraram daqui, não negamos. Pensávamos que a situação fosse durar apenas um mês, mas não. O tempo passou e estamos aqui de mãos atadas. Somos mulheres que sempre trabalhamos e sustentamos nossas famílias, e hoje estamos a passar dificuldades para viver”, disse Sandra Matsinhe, mulher que trabalhou por mais de 30 anos na praia.
Segundo a vendedeira, a COVID-19, mais do que uma doença que afecta as vias respiratórias, adoeceu o seu coração e destruiu o estilo de vida construído durante anos.
“Hoje sou marginal. Não consigo sustentar a minha família e agora dependo da ajuda dos meus filhos. Mas não é isso que quero. Estou acostumada a cuidar de mim mesma”, desabafou Sandra, que preside a associação dos vendedores de frango e magumba.
Adélia Joaquim, outra mulher que desde a adolescência dedicou sua vida a trabalhar neaquele local, conta que antes da pandemia era uma empreendedora de sucesso e empregava, até a altura da retirada daquele local, cinco pessoas.
Mesmo após a saída da Costa do Sol, não desistiu e tentou fazer outros negócios, mas não deu certo.
“Ninguém comprava e caí. A minha vida mudou muito. Hoje acordamos e olhamos para os lados, sem saber o que vamos comer, e isso não acontecia antes. Agora, ter todas refeições é muito complicado”, contou.
A directora Nacional do Género, Lídia Chongo, reconhece que a pandemia veio complicar a situação daquele grupo, em específico, garantiu que há trabalhos em curso, para encontrar algumas soluções.
“Em coordenação com os nossos parceiros, estamos a promover projectos de geração de rendimentos, mesmo para aliviar a situação que essas mulheres passam por conta da COVID-19 e, neste momento, decorre um estudo para ver como podemos apoia-las “, garantiu.
Apesar de todas dificuldades causadas pela pandemia, Sandra e Adélia afirmaram, em viva voz, que são batalhadoras e que não vão desistir de trabalhar.