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Há limitações internas no país que podem atrasar a expansão de serviços financeiros digitais

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Moçambique tem potencial para manter o uso dos serviços financeiros digitais, cuja consolidação tem sido notória no mercado nacional. Entretanto, o acesso aos serviços de telefonia, à internet e à expansão da rede eléctrica são os principais desafios. A ideia foi partilhada no painel de abertura, no segundo e último dia da feira MozTech, que discutiu sobre os serviços financeiros digitais.

Actualmente, o mundo tem assistido a uma crescente expansão dos serviços financeiros digitais e Moçambique tem potencial para manter o uso desses serviços, segundo defenderam os painelistas da feira MozTecn, na última sexta-feira.

Por um lado, Belmiro Quive, presidente do Conselho de Administração do QI PAGA, uma instituição de serviço digital, considera que “os utilizadores desta tecnologia vão perceber a importância de se encurtar a distância entre os fornecedores de serviços e os consumidores e está praticabilidade de termos os serviços de uma maneira mais simples e perto de nós, usando os nossos computadores; isto se torna uma mais-valia para nós”.

Por outro lado, o consultor bancário, Nuno Fernandes, considera que a classe jovem, por exemplo, é a geração que melhor pode adaptar-se aos benefícios desta nova dinâmica.

“Se olharmos para o potencial neste momento em Moçambique, com a população de idade média abaixo de 18 anos, alguns nem sequer entendem as necessidades de ter uma conta bancária e olham para as fintechs como uma resposta às suas necessidades”, destacou.

Hoje, os serviços bancários, bem como os de telefonia móvel, dispõem de diversas plataformas, vistas como solução para satisfazer as necessidades dos clientes.

Os serviços digitais, como os de carteira móvel, geram várias vantagens, conforme explica Helder Cassimo, director de Marketing e Comunicações na Movitel.

“Com as carteiras móveis, conseguimos criar auto-emprego para algumas entidades e algumas pessoas de baixa renda, que usam as carteiras móveis para fazer o seu negócio do dia-a-dia”.

Entretanto, mesmo com vantagens e oportunidades à vista, as questões culturais e a literacia financeira são apontadas como os principais desafios.

Para Belmiro Quive, é preciso mudar a mentalidade para migrar para esta dinâmica. “Olhando para aquilo que é a nossa realidade, muita gente prefere ter o dinheiro no bolso ou no banco, ainda não tem essa coisa de que o dinheiro pode estar virtualmente no telefone ou em qualquer outro sítio. É uma tendência actual e veio para ficar e esse é que é o caminho.”

Por sua vez, Hélder Cassimo diz que, mais do que migrar, é preciso ensinar como lidar com esta nova realidade. “À medida que se vão massificando as carteiras móveis, que haja também em simultâneo o processo de ensinar, de instruir o público-alvo como utilizar as carteiras móveis, como manusear, sobretudo como efectuar transações entre carteiras móveis e de carteiras móveis para bancas formais”.

Além disso, com essa expansão, uma transformação radical, sobretudo no sector da banca, é inevitável, aponta o professor de Finanças, Afonso Barbosa.

“O que me parece é que, nos últimos anos, vamos assistir a um reposicionamento muito forte dessas instituições mais tradicionais, em que muito provavelmente ou se calhar daqui há 10 ou 15 anos a concepção do seu negócio será digital”, atentou.

Os intervenientes lamentam que, em Moçambique, o acesso aos serviços de telefonia, à internet e à expansão da rede eléctrica, sobretudo nas zonas rurais, seja fraco, o que atrasa a expansão dos serviços financeiros digitais.

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