As mulheres, na cidade de Maputo, não celebraram o dia 07 de Abril com muita pompa e circunstância como forma de solidarizarem-se com as vítimas dos ataques terroristas em Cabo Delgado e da pandemia do novo Coronavírus.
Um ambiente tímido, meio que reservado, cantos carregados de tom de tristeza e pouca dança…está tudo calmo. É 07 de Abril, dia da mulher moçambicana. É festa, mas há menos motivos para celebrar e mais para parar, reflectir e solidarizar-se com as vidas que se foram devido à COVID-19 e os que sofrem com os ataques terroristas em Cabo Delgado. Mas, a festa é quase que tradição; realizou-se em muita azáfama.
Maria Fistal é vendedeira há mais de 10 anos, nas proximidades do mercado Fajardo, na cidade de Maputo e manifesta o seu repúdio e solidariedade pelas mulheres vítimas de terrorismo no norte do país.
“A coisa de Cabo Delgado é triste. Nós estamos aqui a comemorar, mas lá as pessoas estão a passar mal. Não há nada que possamos fazer, estamos de mãos atadas”, lamentou Maria Fistal, visivelmente consternada.
Quem, igualmente, condena a situação de terrorismo, é Fina Zandamela, também vendedeira no mercado Fajardo. Diferentemente da Fistal, Zandamela busca Deus para confortar as vítimas da atrocidade e crueldade que se abatem em Cabo Delgado.
“Aos nossos irmãos que estão em Palma, que Deus esteja com eles e os proteja. Que seja vencida a violência em Cabo Delgado”, rogou Fina Zandamela.
Nem a pandemia, nem violência armada em Cabo Delgado impediram os ambientes festivos em alguns bairros de cidade de Maputo. A zona do Pulmão é disso um exemplo. Logo à chegada, a nossa equipa foi recebida com música a alto som e um palco de dança. As mulheres no local disseram ao “O País” que, este ano, o cenário é, extremamente, atípico, mas não podiam deixar de festejar.
“Já não é como antes. Nos tempos, chegarias aqui e encontraríamos com uma garrafa de “Amarula” ou cerveja, mas agora não. É proibido beber em locais públicos, são proibidos aglomerados, tudo é proibido, mas não podíamos deixar o dia passar em branco”, referiu uma das mulheres, num tom exaltado e no calor das celebrações do dia. Umas com máscaras e outras sem usá-las, músicas e cânticos acompanhados de danças, as mulheres faziam a festa apesar das restrições que vigoram no país.