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António Costa pede desculpa aos portugueses

Foto: O Jornal Económico

António Costa veio a público mostrar-se envergonhado pelo seu chefe de gabinete esconder dinheiro na residência oficial do Primeiro-Ministro e, por isso, pediu desculpa. Numa mensagem aos portugueses, o Primeiro-Ministro explicou a importância do investimento estrangeiro e do dever dos governantes em tudo fazer na viabilização destes, ressalvando que sempre em respeito pela lei. Costa, em resposta a uma questão, deixou o desabafo que provavelmente não vai desempenhar mais nenhum cargo executivo.

O Primeiro-Ministro afirmou, hoje, que o dinheiro encontrado em envelopes no escritório do seu ex-chefe de gabinete, Vítor Escária, lhe suscitou mágoa pela confiança traída, envergonhou-o e pediu desculpa aos portugueses, escreve a imprensa internacional.

Esta posição sobre o seu ex-chefe de gabinete, detido na terça-feira para interrogatório, foi transmitida por António Costa logo no início da sua comunicação ao país, em São Bento.

Numa declaração ao país, Costa pediu desculpas aos portugueses e garantiu que se sente envergonhado por terem sido descobertos envelopes com dinheiro no gabinete de Vítor Escária, chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro.

“A apreensão de envelopes com dinheiro no gabinete de uma pessoa que escolhi para comigo trabalhar, mais do que me magoar pela confiança traída, envergonha-me perante os portugueses e aos portugueses tenho o dever de pedir desculpas”, disse António Costa.

“UM PRIMEIRO-MINISTRO NÃO TEM AMIGOS”

António Costa falou também de Diogo Lacerda Machado e garantiu que o empresário “não tinha qualquer mandato” da sua parte para “fazer o que quer que seja neste caso”.

“Há muitos anos que ele não colabora neste gabinete. Nunca falou comigo a respeito deste assunto”, acrescentou o Primeiro-Ministro, descrevendo como “um momento de infelicidade” ter dito que ele era o seu melhor amigo. “Um Primeiro-Ministro não tem amigos e, quanto mais tempo exerce, menos amigos tem”, disse.

António Costa justificou a comunicação, sábado à noite, para contrariar “ideias muito perigosas” de que os governantes “não devem agir para atrair investimentos, resolver problemas” ou “simplificar procedimentos burocráticos”.

“Promover o desenvolvimento regional, retirar a burocracia, promover a transparência são opções deste Governo e exigem determinação. Sempre, sempre no estrito cumprimento da lei”, acrescentou.

O Primeiro-Ministro explicou que “os projetos em desenvolvimento em Sines, designadamente o centro de dados que é o maior investimento estrangeiro realizado em Portugal, desde a Autoeuropa, têm sido obrigados a respeitar a zona especial de protecção ambiental”.

“A qualquer Governo compete assegurar que o resultado é a melhor satisfação do interesse público no seu conjunto. Foi assim, por exemplo, que o licenciamento da exploração de minas de Lítio em Montalegre e Boticas foi sujeito a um estudo de impacto ambiental e os concessionários foram obrigados a cumprir as condições impostas por esses estudos”, acrescentou.

Nesta comunicação ao país, António Costa admitiu que existe uma “grande probabilidade” de não voltar a exercer um cargo público.

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