Foi na madrugada de 01 de Agosto de 2023 que se deu o incêndio de grandes proporções no Mercado Central de Quelimane, tendo atingido e consumido 500 barracas, para a desgraça de cerca de 2500 famílias. Três meses depois, comerciantes falam de lentidão na reconstrução da infra-estrutura.
A 16 do mesmo mês de Agosto, o edil Manuel de Araújo lançou a primeira pedra para o processo de reconstrução do referido mercado. Um evento que ocorreu duas semanas depois, com o objectivo de implantar uma infra-estrutura moderna e que observe padrões que evitem cenários iguais aos do incêndio. O lançamento ocorreu diante de várias entidades, desde Governo central, municípios de outras províncias e um parceiro virado para a construção de mercados modernos adaptados para a segurança das pessoas e conservação de alimentos.
Depois, seguiram os trabalhos, mas a meio gás para aquilo que eram as expectativas dos comerciantes do mercado central. Abrão Mobrica, chefe da Associação dos Comerciantes Informais de Quelimane, perdeu a sua banca e está a vender na estrada ao lado do mercado. Explica que a falta do mercado complica a vida de muitas famílias.
“Os trabalhos estão muito lentos para aquilo que visa acabar com o sofrimento das famílias, pois é preciso que o presidente do Município desça ao mercado, junte-se à empreitada que está a trabalhar de forma muito lenta, pavimente o piso afectado pelo incêndio, pelo menos do lado frontal e nos entregue para nós continuarmos a reconstruir para a retoma das nossas vidas e das nossas famílias”, disse Abrão Mobrica, para quem, ao fazer isso, o edil estaria a mostrar o seu compromisso com os munícipes, sobretudo com aqueles que perderam tudo no incêndio.
“A parte do mercado que não precisa de pavimentação, aí o município devia também entregar os donos para reconstruírem as suas vidas. Os comerciantes estrangeiros que vendiam no mercado, facilitando as nossas vidas com mercadorias, estão a abandonar a cidade por falta de ambiente de negócios, assim não vamos andar para nenhum lado”, lamentou Mobrica.
Santos Moreira, outro comerciante do Mercado Central de Quelimane, diz que o processo de reconstrução está a atrasar, pois, segundo suas palavras, “o Conselho Municipal se comprometeu em pavimentar e depois entregar aos legítimos proprietários. Estamos há seis meses, mas nada acontece, as bancas frontais em construção estão a ser feitas de forma individual e não com o Conselho Municipal”.
O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, diz que a reconstrução está a avançar e que a edilidade conseguiu cerca de 400 mil dólares para construir de raiz a zona afectada pelo incêndio.
“Nós já assinámos um memorando de entendimento com uma organização que vai transferir, de forma substancial, aqueles fundos para reabilitação. O mercado será o melhor e mais moderno de Moçambique, esse é o nosso desafio”, prometeu o edil de Quelimane.
Enquanto não acontece esta intervenção de culto do mercado propriamente dito, comerciantes tomam de assalto parte da Avenida 25 de Junho, ao lado do Mercado Central, para desenvolverem as suas actividades.